terça-feira, 31 de maio de 2011

Spinoza e Nietzsche... outra vez? (2)

   Consegui adquirir o "Spinoza & Nietzsche - filósofos contra a tradição", do qual falei ontem.
   Obviamente, ainda não deu tempo de ler quase nada. Entretanto, já deu para dar uma olhada na estrutura geral do livro. Ele é dividido em três partes - (I) Contra a transcendência; (II) Contra a unicidade e (III) Contra a servidão.
   Um dos ensaios, da terceira parte, chamou minha atenção: "O maquiavelismo de Spinoza", de Bernardo Bianchi Barata Ribeiro.
   O texto é aberto com uma passagem do Anti-maquiavel, de Frederico II, da Prússia. Nele, enquanto ataca o florentino, lança uma farpa no nosso querido luso-holandês. Diz ele: "O Príncipe de Maquiavel é, em questão de moral, aquilo que a obra de Spinoza é em matéria de fé"... e, para quem não entendeu o "recado", basta ler um outro trecho daquele livro do "déspota esclarecido" contra Machiavelli: "Ouso tomar a defesa da humanidade contra um monstro que pretende destruí-la; e aventurei as minhas reflexões sobre esta obra, a seguir cada capítulo, a fim de que o antídoto logo se encontrasse junto ao veneno".
    O texto de Bernardo Ribeiro indica, entretanto, que, "tratou-se, de ambos os lados, de perspectivas iconoclastas", o que, cá entre nós, é muito bom de acontecer. Segundo o autor, "tratou-se de rebaixar a política ao nível da física e dos fenômenos naturais [...] Assim é que, se a política deve ser compreendida como domínio da física, os afetos devem constituir a sua matéria fundamental". Logo depois, registra: "Entre Maquiavel e Spinoza, percebe-se um lanço fundamental: uma valorização incontornável do tema da experiência". E esta é a parte que me fascina, tanto em um quanto no outro, o realismo ético-político que desenvolvem. Nada de idealizar a ética e a política, como se pudéssemos fazer, tanto uma quanto outra, com excelência absoluta, mesmo não sendo entes absolutamente excelentes.
   Aqui, aliás, aproveito para abrir espaço para uma polêmica com um de nossos amigos, o Aníbal. O sentido de "somos maquiavélicos", que apresentei em um post anterior não é o de que somos maus, mas de que somos "humanos demasiado humanos", o que implica que nossa ética e política só serão "humanas demasiado humanas"... na nossa mesma medida. 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Spinoza e Nietzsche... Outra vez?

  Embora eu ainda não o tenha adquirido, aqui vai uma dica para quem gosta do luso-holandês e do bigodudo alemão: "Spinoza & Nietzsche - filósofos contra a tradição", organizado por Ana Cláudia G. Barreto, D. Bilate e T. M. S. Barros, editado pela Mauad.
   Segundo a microscópica resenha que li, trata-se de um conjunto de quinze artigos, os quais discutem e comparam as duas filosofias.

O mais "empírico" dos empiristas modernos

   Sobre quem vocês apostam que eu vou escrever?
   Vamos lá...
   Locke? Não, não! Esse foi acusado pelos próprios empiristas de não ser tão empirista assim. Afinal, o bom inglês admitiu um "não sei o quê" que acabava por se aproximar da substância dos racionalistas. Além disso, ainda confirmou que "as Matemáticas" tratavam de entes que não precisavam da empeiría.
  Então, Berkeley? Não, não! Esse empirista é tão esquisito - na minha humilde opinião -, que nem acredita no mundo físico, o qual é usualmente associado às sensações que produzirão a experiência da formação dos conteúdos mentais - as "ideias", generalizando esse termo.
   Ah... Hume?! O "mais radical dos empiristas", conforme se diz... Será mesmo? Na-na-ni, na-não! Apesar de gostar do Hume, pela radicalização do problema da natureza do conhecimento que ele põe, não ficaria com ele... que, em certa medida, teorizou a "experimentação" como uma mera análise das relações habituais... já que era isso o que a causalidade significaria.
   Então, os amigos pensariam: "Esse sujeito vai sacar do fundo de um livro de História da Filosofia um pensador desconhecido e obscuro... só para aparentar um conhecimento que não tem!". E eu digo: "Erraram!"
   Suspense feito... lá vai: Spinoza é o mais "empírico" dos empiristas modernos.
   Spinoza? Um racionalista entre os empiristas? Confusos? Eu explico...
   Obviamente, há que se "ajustar" o conceito que uso - aqui, livremente - de "empírico". Sendo a ideia básica brincar com as palavras, o "empírico" seria aqui o "experimentador", aquele que faz "experimentos" - no caso específico, experimentos ditos científicos.
   Entre os três grandes empiristas citados, curiosamente, nenhum era devotado "cientista". É verdade que poderíamos recuar um pouco e pensar em Francis Bacon, mas mesmo este era mais um teórico da "Ciência Nova" do que um cientista, conforme a atual concepção da palavra. E aí é que entra o nosso Spinoza, que trocou cartas com mr. Oldenburg, secretário da Royal Society, de Londres, tratando não só de Filosofia - que era uma outra área de interesse deste alemão - mas também de ciência. Mais interessante ainda é que, na Carta VI, Spinoza comenta, a pedido de Oldenburg, um livro do famoso químico Robert Boyle, indicando alguns enganos - sobre os quais, a bem da verdade, parece que havia "tropeços" de cá e de lá -, e relatando os experimentos feitos pelo próprio luso-holandês. Diz-se ainda, que haveria indícios de correspondências perdidas entre Spinoza e Huygens, o grande cientista da Óptica - o que não é difícil de imaginar, visto a reconhecida competência do primeiro em lidar com lentes de precisão.
   Portanto, Spinoza era o mais "empírico" dos empiristas modernos.
   QED!!! Rsss.  

Ceticismo cartesiano?

   Por conta da "dúvida metódica" das "Meditações Metafísicas", alguns comentadores propõem que Descartes seria um "cético disfarçado". Alguns destes até insistem que o resultado das "Meditações", com a comprovação da realidade do mundo a partir da confirmação da existência de Deus, é propositalmente frágil para que o francês pudesse, no final das contas, deixar claro que a posição mais bem fundamentada é mesmo a do Ceticismo.
   É verdade que Descartes "meteu-se em uma enrascada" da qual, posteriormente não deu conta de se livrar. Afinal, a passagem do "cogito", que seria o "fulcro arquimediano" para provar todo o resto, até a chegada na realidade do "mundo", se deu de maneira apressada demais... e com um conceito de Deus que é tudo, menos livre dos preconceitos - conforme seu próprio método postula. Portanto, a fuga do solipsismo surgido após o aparecimento do "cogito" foi muito pouco "neutra" e desinteressada.
   Mas se Descartes radicalizou tão bem a sua "dúvida" - que, por isso mesmo, foi chamada "dúvida hiperbólica" (hyperbolé = exagerado, em grego) -, a ponto de não conseguir escapar dela, não me parece que o fato seja por desejo de viabilizar e reforçar a posição cética.
    Os defensores dessa linha de pensamento argumentam que o próprio Descartes fala em "suspensão de juízo" (a famosa epoché do Ceticismo Antigo). A expressão está realmente nas "Meditações Metafísicas", mas há que se ter cuidado em assimilá-la conforme as pretensões de Descartes, que não são, de modo algum, semelhantes àquelas dos céticos.
   Quando Descartes fala em "suspensão de juízo", ele indica que esse procedimento levará imediatamente a uma rejeição de todas as opiniões tidas como válidas... o que não corresponde à epoché cética, que, identificando a "equivalência" de todas as teses apresentadas, e reconhecendo a falta de critério para decidir entre elas, simplesmente paralisa o julgamento sobre a mais "correta", em hipótese alguma negando qualquer delas.
   Se não bastasse essa enorme diferença, faz-se mister lembrar que tanto o Ceticismo Acadêmico - que negava qualquer possibilidade de conhecimento -, quanto o Pirronismo - que insistia num contínuo duvidar - apresentam antagonismo total à concepção epistemológica cartesiana, que crê na possibilidade de um conhecimento verdadeiro, o qual será alcançado através de uma dúvida temporária.
   Parece-me, portanto, que Descartes não teve "fôlego" para se livrar da força da radicalização dos argumentos céticos de que ele lançou mão... e acabou tendo que se valer da "velha e boa" tradição escolástica para obter uma ponte entre o seu "eu" pensante solipsista e o mundo extenso, que foi o Deus onipotente e puramente bondoso... portanto, não enganador.
   Ainda bem que nosso Spinoza conduziu as coisas de outro modo... se bem que há quem o veja como "o último escolástico"... mas isso é assunto para outro post!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Aproveitando que cá estou... (2)

   Mais um "Notas Filosóficas" se aproxima. Novamente, enrolado em meus trabalhos, não garanto presença. Mas o importante é que o Occhio Caffe estará no mesmo lugar, com mais um evento que promete...
   Desta vez:

   Skank e Epicuro!?!?! Essa vai ser boa, hein! Onde será que os "skanks" falam dos "Tetrapharmakon"? Rsss.


Aproveitando que cá estou...

   Minha filha está ensaiando para uma apresentação de - acreditem!!! - Dia das Mães, que ocorrerá na próxima sexta-feira. Entre as músicas a serem apresentadas consta "Shimbalaiê", da Maria Gadú. Para absorver melhor o ritmo e a melodia, comprei o CD da cantora, para a pequena ouvir.
    Até então, eu nunca havia prestado muita atenção à letra, resumindo-me a ouvir aquele refrão "Shimbalaiê, quando vejo o Sol beijando o mar...". Desta vez, porém, voltando atenção à minha filha, pude perceber o conteúdo da letra... que já não é novidade para mais ninguém.
   Apreciei bastante duas passagens:
  "Ser capitã desse mundo, poder rodar sem fronteiras; viver um ano em segundos; não achar sonhos besteira"; e, principalmente, 
  "Quando mentir for preciso, poder falar a verdade".
   Apesar de não acreditar, integralmente, na possibilidade de sermos "capitães" de nossas vidas - Spinoza, aliás, diria que isso só pode se dar na imaginação! - e de preferir viver um "bom segundo" em um ano, apreciei muito o "não achar sonhos besteira"; afinal, um sonho tomado como projeto, tratado como tal, com preparação e trabalho, pode significar muita coisa em nossas vidas... pelo menos, sob a perspectiva da duração, lembrar-nos-ia Spinoza.
   Quanto à segunda observação... é um paradoxo incrível: quando algo for preciso - aqui, quase como "necessário", isto é, não contingente - poder fazer o contrário - deliberadamente descumprindo a necessidade. Além da perspectiva lógica envolvida - aliás, em primeiro plano a esta -, há o enfoque ético: mesmo quando for necessário mentir, dar-se o direito de falar a verdade. Gostei muito! 

Talvez, uma hora, eu apareça...

   Esse meu compadre é muito perspicaz, mesmo. Como sempre, suas críticas são bem fundamentadas. Aliás, observar erros é uma das maiores qualidades do compadre. O homem deveria ter sido auditor - nada escapar-lhe-ia!
   Acostumado às ferramentas "néticas", como ele é, questionou o meu "desaparecimento" do blog - logo eu, o "fundador"?! É verdade, mais uma vez, ele tem razão: o blog é uma espécie de diário - que, como o próprio nome indica, deveria receber registros quotidianamente.
   Passando da teoria à prática, agora.
   Visto que a minha carga de trabalho aumentou bastante e os trabalhos acadêmicos empilham-se sobre minha mesa - o que decuplica, no mínimo, as leituras obrigatórias, não tenho tido tempo de escrever o meu "diário". Para complicar a guerra, ainda me meti em um projeto, envolvendo Spinoza, que possui pouquíssimas referências - e, olha que eu tenho fartíssimo material sobre o luso-holandês, em vários idiomas!
   Por tudo isso... sem contar o período de provas na escola da pequena... perdi, realmente, fôlego na escrita do meu "diário" - que, aliás, já não é "diário" há um bom tempo.
   Além das "desculpas", que são padrão nesta hora, só posso garantir aos amigos que a cabeça está cheia de "provocações". Em breve, por exemplo, postarei algo sobre essa perspectiva adicional da filosofia spinozana.
   Ainda que refletindo criticamente sobre o comentário do compadre, não mudarei o nome do blog, acrescentando-lhe o sugerido "talvez, uma hora, eu apareça". Rsss.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Saudações aos recém-chegados

   Continuam chegando novos amigos dos amigos... e eu, com um certo atraso, faço-lhes uma saudação. Aliás, com um grande atraso.
   Pedindo-lhes desculpas, saúdo a chegada da Faiga - Primeiro as damas! -, do Adriano Couto e do Paulo, que trabalha com a Faiga.
   Embora a Faiga já tenha aparecido em alguns posts, faço questão de lembrar que ela é organizadora do ótimo "Notas filosóficas", na Occhio Café.
   Em relação ao Adriano, já fui dar uma espiada no seu blog - Opinião e cia - Palavras ácidas contra a Alienação! - e pude perceber uma forte convicção marxiana. Quem sabe, nos próximos posts, não possamos ventilar o blog com os diagnósticos - bastante pertinentes, penso - do filósofo alemão Karl Marx?
   Sejam "oficialmente" benvindos! Participem à vontade! Se quiserem sugerir novos assuntos, não se acanhem.
   Abraços, então, nos novos amigos dos amigos!
   E já somos 58, hein!

Alegrias para os spinozanos!

  Alegrai-vos, spinozanos! Temos novidades no mercado. Ainda há quem diga que Spinoza não responde mais aos questionamentos contemporâneos. Ledo engano. Se até Elvis não morreu, por que isso aconteceria justamente com Spinoza? Rsss.
  Falando sério, agora.
  Além do curso sobre Spinoza - que eu já noticiei aqui, graças à informação da amiga Faiga, e que tem o cartaz de divulgação exibido neste post -, foram publicados mais dois livros tratando do nosso querido filósofo luso-holandês. O primeiro se chama "Espinosa e Vermeer - imanência na filosofia e na pintura", de Sara Hornäk, publicado pela Editora Paulus, e o segundo, "Desejo, paixão e ação na Ética de Espinosa", da nossa Marilena Chauí, publicado pela Companhia das Letras.
   Dei apenas uma folheada nos livros, alternando entre o índice e partes do texto. Portanto, não há como fazer, ainda, uma avaliação precisa dos mesmos. Mesmo assim, arrisco alguns comentários.
   Inicialmente, uma pequena crítica ao primeiro dos livros. As belíssimas pinturas de Vermeer - pintor que muito aprecio -, que constam no final do livro, mereceriam vir em papel couché e em cores. Afinal, não só o pintor é tema central do livro, como este tem um valor de venda - aproximadamente R$ 60 - que mereceria um tratamento melhor das imagens... até mesmo que fosse necessário cobrar um pouco mais por isso.
   Para quem considerar essa uma crítica meramente marginal, comento o texto.
   O livro está dividido em três partes: (1) A filosofia da imanência em Espinosa; (2) A imanência - um projeto dos tempos modernos? e (3) Espinosa, a imanência e a pintura de Vermeer.
   A primeira desenvolve uma apresentação da filosofia spinozana, desde a Substância una até a beatitude. Aparentemente, é uma explicação competente do pensamento de Spinoza.
    A segunda parte tem um projeto bastante interessante, apresentando uma espécie de história da imanência. Começa com a fundamentação do pensar dualista, em Platão; passa pela diferenciação entre "imanação" e "emanação", citando a filosofia neoplatônica - e há que se lembrar imediatamente de Plotino, aqui -; prossegue por "antecedentes" de uma ideia provocante de infinitude, como Nicolau de Cusa e Giordano Bruno - aos quais se remete muitas vezes quando se pensa em Spinoza -; apresenta Spinoza, nessa linha histórica, e termina com o "plano da imanência" em Deleuze.
   Um rápido passar de olhos pelos textos também parece confirmar a qualidade dos mesmos.
   A última parte, que apresenta a tese, efetivamente, da autora, que indica: "pretendo demonstrar que nesse período [século XVII] a imanência não apenas foi pensada [isto é, não foi apenas trabalhada racionalmente, como na Filosofia], mas também foi mostrada imediatamente [no sentido de "sem mediações"] no seio da arte".
   Projeto interessante!
   O segundo livro é uma compilação de ensaios escritos entre os anos de 1987 e 2005, com algumas modificações e acréscimos, pela nossa conhecidíssima Marilena Chauí - de quem eu já assisti, para minha sorte, palestras.
   Embora alguns considerem problemático o ponto de vista da professora Marilena sobre o pensamento político de Spinoza, considerando-o, talvez, "contaminado" pela ideologia da própria filósofa brasileira, há que se respeitar muitíssimo o entendimento dela sobre o "restante" da filosofia spinozana. Feita essa consideração, vejamos os títulos dos ensaios: "Laços do desejo"; "Afastar a tristeza"; "A ciência dos afetos"; "Sobre o medo"; "Medo e esperança, guerra e paz"; "Servidão e liberdade"; "Liberdade e necessidade" e "Liberdade: nosso poder sobre os afetos".
   Uma passada d'olhos nos textos já faz um spinozano babar. No primeiro texto, por exemplo, a doutora Chauí exibe todo o seu cabedal de conhecimentos, costurando nosso Spinoza, com Freud, com Mitologia... e por aí vai.
   Resumo da ópera: Imperdível!!!
   Aqui vai o pôster de divulgação do curso sobre Spinoza.
  

terça-feira, 3 de maio de 2011

"Somos maquiavélicos"

   Estava eu passando em frente à vitrine de uma livraria que gosto muito, quando vi "Somos maquiavélicos". Imediatamente, parei. Como aprecio muito o modo realista com que o florentino trata a Política, fui logo pedindo um exemplar. Comprado o livro, saí rumo ao dentista - destino final do dia.
  Sentei-me confortavelmente na sala de espera - se é que alguém tem essa sensação naquela situação -, pondo-me a ler a aquisição mais recente. E...
   Não é que esqueci o aniversário do ilustre italiano? Pois é... É hoje! Niccolò Machiavelli nasceu em 03 de maio de 1469, na pequena cidade de Montespertoli, em Florença. Parabéns, Machiavelli!!!
   Aproveitando a "deixa" , faço um pequeno comentário sobre o livro. Inicialmente, dizendo que "Somos maquiavélicos" foi escrito por Júlio Pompeu, mestre em Direito e doutorando em Psicologia, que ministra cursos, inclusive, na Casa do Saber. A publicação é da Editora Objetiva, neste ano de 2011.
   Talvez, mais impactante do que o próprio título seja o subtítulo: "O que Maquiavel nos ensinou sobre a natureza humana".
   O texto em si nos informa a hipótese de Machiavelli - "a política é o que é porque o homem é o que é" - e indica que "o que dificulta o entendimento das ideias de Maquiavel é a 'feiura' da verdade sobre a natureza humana". E essa natureza humana, o livro explica, reduz o "homem a um ser desejante". O texto indica que, ao contrário de Platão, que faz do homem um "ser duplo", cindido entre uma alma que é morada da razão e um corpo, que o é das paixões, Machiavelli considera que "o homem é razão e paixão, simultaneamente".
   Interessante, não?
  Se fizermos uma leve substituição na afirmação anterior, mesmo correndo o risco de distorcer um pouco a tese maquiavélica, e pensarmos no homem como "razão e afeto, simultaneamente", chegaremos em... Spinoza!
   Aos poucos avançarei na leitura... se bem que nem comentei o diálogo entre Marcelo Gleizer e frei Betto, ainda.
   Santa Falta de Tempo...