segunda-feira, 30 de maio de 2011

O mais "empírico" dos empiristas modernos

   Sobre quem vocês apostam que eu vou escrever?
   Vamos lá...
   Locke? Não, não! Esse foi acusado pelos próprios empiristas de não ser tão empirista assim. Afinal, o bom inglês admitiu um "não sei o quê" que acabava por se aproximar da substância dos racionalistas. Além disso, ainda confirmou que "as Matemáticas" tratavam de entes que não precisavam da empeiría.
  Então, Berkeley? Não, não! Esse empirista é tão esquisito - na minha humilde opinião -, que nem acredita no mundo físico, o qual é usualmente associado às sensações que produzirão a experiência da formação dos conteúdos mentais - as "ideias", generalizando esse termo.
   Ah... Hume?! O "mais radical dos empiristas", conforme se diz... Será mesmo? Na-na-ni, na-não! Apesar de gostar do Hume, pela radicalização do problema da natureza do conhecimento que ele põe, não ficaria com ele... que, em certa medida, teorizou a "experimentação" como uma mera análise das relações habituais... já que era isso o que a causalidade significaria.
   Então, os amigos pensariam: "Esse sujeito vai sacar do fundo de um livro de História da Filosofia um pensador desconhecido e obscuro... só para aparentar um conhecimento que não tem!". E eu digo: "Erraram!"
   Suspense feito... lá vai: Spinoza é o mais "empírico" dos empiristas modernos.
   Spinoza? Um racionalista entre os empiristas? Confusos? Eu explico...
   Obviamente, há que se "ajustar" o conceito que uso - aqui, livremente - de "empírico". Sendo a ideia básica brincar com as palavras, o "empírico" seria aqui o "experimentador", aquele que faz "experimentos" - no caso específico, experimentos ditos científicos.
   Entre os três grandes empiristas citados, curiosamente, nenhum era devotado "cientista". É verdade que poderíamos recuar um pouco e pensar em Francis Bacon, mas mesmo este era mais um teórico da "Ciência Nova" do que um cientista, conforme a atual concepção da palavra. E aí é que entra o nosso Spinoza, que trocou cartas com mr. Oldenburg, secretário da Royal Society, de Londres, tratando não só de Filosofia - que era uma outra área de interesse deste alemão - mas também de ciência. Mais interessante ainda é que, na Carta VI, Spinoza comenta, a pedido de Oldenburg, um livro do famoso químico Robert Boyle, indicando alguns enganos - sobre os quais, a bem da verdade, parece que havia "tropeços" de cá e de lá -, e relatando os experimentos feitos pelo próprio luso-holandês. Diz-se ainda, que haveria indícios de correspondências perdidas entre Spinoza e Huygens, o grande cientista da Óptica - o que não é difícil de imaginar, visto a reconhecida competência do primeiro em lidar com lentes de precisão.
   Portanto, Spinoza era o mais "empírico" dos empiristas modernos.
   QED!!! Rsss.  

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