sexta-feira, 6 de maio de 2011

Alegrias para os spinozanos!

  Alegrai-vos, spinozanos! Temos novidades no mercado. Ainda há quem diga que Spinoza não responde mais aos questionamentos contemporâneos. Ledo engano. Se até Elvis não morreu, por que isso aconteceria justamente com Spinoza? Rsss.
  Falando sério, agora.
  Além do curso sobre Spinoza - que eu já noticiei aqui, graças à informação da amiga Faiga, e que tem o cartaz de divulgação exibido neste post -, foram publicados mais dois livros tratando do nosso querido filósofo luso-holandês. O primeiro se chama "Espinosa e Vermeer - imanência na filosofia e na pintura", de Sara Hornäk, publicado pela Editora Paulus, e o segundo, "Desejo, paixão e ação na Ética de Espinosa", da nossa Marilena Chauí, publicado pela Companhia das Letras.
   Dei apenas uma folheada nos livros, alternando entre o índice e partes do texto. Portanto, não há como fazer, ainda, uma avaliação precisa dos mesmos. Mesmo assim, arrisco alguns comentários.
   Inicialmente, uma pequena crítica ao primeiro dos livros. As belíssimas pinturas de Vermeer - pintor que muito aprecio -, que constam no final do livro, mereceriam vir em papel couché e em cores. Afinal, não só o pintor é tema central do livro, como este tem um valor de venda - aproximadamente R$ 60 - que mereceria um tratamento melhor das imagens... até mesmo que fosse necessário cobrar um pouco mais por isso.
   Para quem considerar essa uma crítica meramente marginal, comento o texto.
   O livro está dividido em três partes: (1) A filosofia da imanência em Espinosa; (2) A imanência - um projeto dos tempos modernos? e (3) Espinosa, a imanência e a pintura de Vermeer.
   A primeira desenvolve uma apresentação da filosofia spinozana, desde a Substância una até a beatitude. Aparentemente, é uma explicação competente do pensamento de Spinoza.
    A segunda parte tem um projeto bastante interessante, apresentando uma espécie de história da imanência. Começa com a fundamentação do pensar dualista, em Platão; passa pela diferenciação entre "imanação" e "emanação", citando a filosofia neoplatônica - e há que se lembrar imediatamente de Plotino, aqui -; prossegue por "antecedentes" de uma ideia provocante de infinitude, como Nicolau de Cusa e Giordano Bruno - aos quais se remete muitas vezes quando se pensa em Spinoza -; apresenta Spinoza, nessa linha histórica, e termina com o "plano da imanência" em Deleuze.
   Um rápido passar de olhos pelos textos também parece confirmar a qualidade dos mesmos.
   A última parte, que apresenta a tese, efetivamente, da autora, que indica: "pretendo demonstrar que nesse período [século XVII] a imanência não apenas foi pensada [isto é, não foi apenas trabalhada racionalmente, como na Filosofia], mas também foi mostrada imediatamente [no sentido de "sem mediações"] no seio da arte".
   Projeto interessante!
   O segundo livro é uma compilação de ensaios escritos entre os anos de 1987 e 2005, com algumas modificações e acréscimos, pela nossa conhecidíssima Marilena Chauí - de quem eu já assisti, para minha sorte, palestras.
   Embora alguns considerem problemático o ponto de vista da professora Marilena sobre o pensamento político de Spinoza, considerando-o, talvez, "contaminado" pela ideologia da própria filósofa brasileira, há que se respeitar muitíssimo o entendimento dela sobre o "restante" da filosofia spinozana. Feita essa consideração, vejamos os títulos dos ensaios: "Laços do desejo"; "Afastar a tristeza"; "A ciência dos afetos"; "Sobre o medo"; "Medo e esperança, guerra e paz"; "Servidão e liberdade"; "Liberdade e necessidade" e "Liberdade: nosso poder sobre os afetos".
   Uma passada d'olhos nos textos já faz um spinozano babar. No primeiro texto, por exemplo, a doutora Chauí exibe todo o seu cabedal de conhecimentos, costurando nosso Spinoza, com Freud, com Mitologia... e por aí vai.
   Resumo da ópera: Imperdível!!!
   Aqui vai o pôster de divulgação do curso sobre Spinoza.
  

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