terça-feira, 26 de julho de 2011

Spinoza "neoestoico"

   Ouve-se, vez por outra, o adjetivo "neoestoico" ligado ao nome de Spinoza. Aliás, realmente, é mais fácil ouvir do que ver/ler essa vinculação.
   Se há algumas razões para estabelecer essa ligação, parece-me que há muitas outras mais para que ela não seja realizada.
   A partir de algumas considerações sobre o Estoicismo, pretendo comprovar essa minha opinião.
   Antes de entrar especificamente nesse possível "neoestoicismo spinozano", há que registrar que já existe na Filosofia a expressão "Neoestoicismo", com um significado preciso, o qual não remete certamente a Spinoza.
   A expressão parece ter sido cunhada por Calvino, no seu Institutio Religionis Christianae, de 1536, onde ele faz referência aos "novos estoicos", que estariam tentando reviver o ideal da "apatia", em vez da virtude cristã de receber heroicamente o sofrimento enviado por Deus, que seria uma espécie de teste.
    O termo, entretanto, ficou associado a um movimento que tentou reunir, nos séculos XVI e XVII, o Estoicismo e o Cristianismo, propondo um modo de vida baseado nessa união. Obviamente, algumas "partes" do Estoicismo tiveram que ser rejeitadas, especialmente aquelas que diziam respeito ao materialismo e ao determinismo, na Física.
   Figura central desse movimento foi o humanista Justus Lipsius, que, em 1584, apresentou a doutrina do Neoestoicismo no texto De Constantia. Outra personagem de destaque no movimento neoestoico foi Guilhaume Du Vair. 
   Sabendo do que não trata o "neoestoico" referente a Spinoza, no próximo post, discutiremos exatamente onde se encontraria esse possível Neoestoicismo spinozano.  
  

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