domingo, 29 de março de 2015

Reforma Política (3)


   O autor Murillo de Aragão é bem realista ao dizer que "não há real interesse na aprovação imediata de alterações profundas no sistema político. As reformas vão se dar ao sabor das pressões e dos interesses em uma combinação que visará agradar à maioria no mundo político e não, necessariamente, à sociedade". Isto porque os agentes políticos que estão no cenário atual, sabem que uma mexida "dura" e séria, certamente atrapalharia o fisiologismo a que assistimos hoje.
   É curioso saber, por exemplo, que "O 'micronanico' Partido da Causa Operária (PCO), que não está entre os trinta com representação no Congresso e jamais elegeu um deputado federal, recebeu mais de 300 mil reais do Fundo Partidário em 2012!"
   Quando comenta os obstáculos à reforma política, o autor cita aquele que lhe parece o mais sério: "a população em geral não está muito interessada nos detalhes da política". 
    Especialmente neste ponto do texto, algo me chamou muita atenção: uma pesquisa do IBGE, de 2013, mostrou que "a leitura ocupa escassos 6 minutos do tempo diário das pessoas, enquanto elas assistem à televisão, em média, durante duas horas e 35 minutos! Caso se considere a relação de atividades simultâneas, o tempo dedicado à televisão chega a assombrosas quatro horas e 52 minutos!"
   Percebemos, então, que o nível de informação dos cidadãos, de um modo geral, mas principalmente destes enquanto eleitores, é muito deficiente. Desta forma se torna difícil esperar uma clareza de entendimento das propostas dos políticos - seja na eleição, seja nos possíveis itens passíveis de uma Reforma Política -, sem a qual imaginamos ser pouco provável que se gerem boas escolhas. 
   Porém, mais do que a preocupação exclusivamente com o mundo político, vemos que o país fica culturalmente prejudicado - e muito! - com uma quantidade de leitura tal ínfima. O poder de crítica certamente vai se perdendo... ou até deixando de ser construído.

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