Como sabemos, David Hume escreveu esta obra enorme com apenas 27 anos. Apesar de ser um clássico, nunca o li de modo organizado. Até então, somente visitei o livro, aqui e acolá, para reforçar uma interpretação. Agora, pelo contrário, estou fazendo uma leitura com método, fruto de um curso que estou frequentando do prof. Vladimir Vieira, na UFF.
A primeira coisa que me chamou atenção, na tradução de Denise Danowski, publicada pela Unesp, foi o comentário da tradutora de que Hume raramente é muito rigoroso quanto aos termos que emprega. Ela dá exemplos do que diz. Mas, na verdade, eu tive oportunidade de perceber algumas outras "imprecisões", digamos assim.
O exemplo do tom de azul que nunca foi percebido, ou seja, do qual nunca tivemos uma impressão produzida na mente advinda dos sentidos é um desses casos. É certo que Hume já tinha dito que a diferença entre impressões e ideias consiste nos "graus de força e vividez". Segundo o filósofo, o tom de azul "faltante" numa paleta de cores é "apreendido", formando-se a ideia da mesma, mesmo sem que tenha havido a impressão correspondente. Contudo, se não há possibilidade de confrontar as duas intensidades de vivacidade deste tom de azul, não há como dizer que aquilo que se formou foi uma ideia, e não uma impressão. Além disso, embora Hume tenha falado sobre a diferença entre os dois entes mentais - impressão e ideia - ser exclusivamente este grau de força e vividez, logo no começo do texto, o escocês registra que "sob este termo [impressão] incluo todas as nossas sensações, paixões e emoções, em sua primeira aparição à alma" (Grifo nosso). Ou seja, o tal tom de azul que aparece pela primeira vez na alma, poderia ser dita, sim, uma "impressão", e não uma "ideia".
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