quinta-feira, 26 de março de 2015

Guerra entre "mundos"


   Sexta-feira passada, dia 20 de março, enfrentei uma situação bastante curiosa: participei de uma guerra entre "mundos". Não, não... não vi marcianos invadindo nosso poluído planeta Terra. Os "mundos" em questão eram "universos filosóficos".
   Eis que apresentava meu trabalho, construído com várias citações de comentadores anglófonos. Não foi uma opção baseada numa escolha por um modus philosophandi, mas fundamentalmente porque me parece que o tão querido Spinoza anda mais vivo pelas bandas de quem fala inglês, do que de quem fala francês.
   Há que destacar que minha formação spinozana foi construída sobre bases francesas - além da incontornável Marilena Chauí, é óbvio. Com o tempo, fui descobrindo vários importantes, e altamente qualificados, comentadores escrevendo na língua inglesa. E aí, as publicações foram sendo adquiridas naturalmente. 
   Eis que as perguntas foram surgindo. Em vez de o conteúdo ser objeto direto das questões, grande parte do que foi citado dizia respeito à opção pelos "anglo-saxões", em vez de pelos "franceses". No início, até concordei com o comentário de que deveria ter destacado essa opção anglófona. Mas, depois, fui vendo que não era uma simples questão de indicar que a opinião dos anglófonos era "mais uma", e não "a" posição correta; e sim de registrar o "erro" do "mundo inglês" e o "acerto", única e exclusivamente, do "mundo francês".
   Em suma, a crítica de um certo "dogmatismo" de minha parte - por conta, diga-se, de uma opção refletida e justificada, formulada a partir da leitura comparada dos dois "mundos" - veio carregada de um outro "dogmatismo" - este sim, irrefletido, fruto de uma leitura parcial, a partir de uma vivência que parece fechar os olhos para a existência do "outro mundo", também. 
    Como disse um amigo meu, igualmente filósofo, "Filosofia não é time de futebol!", ou seja, apesar de as possibilidades serem múltiplas, a opção por uma, desde que seja fruto de um ato consciente, onde as demais sejam analisadas, não é o mesmo que aderir "cegamente" a qualquer posição, simplesmente desconsiderando as demais como absurdas.

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