Durante aquelas inquirições a testemunhas, ao longo do processo de impeachment da ex-presidente Dilma, eu achava muito curiosa a atuação da senadora Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte. Ela fazia uma pergunta à testemunha de acusação, invariavelmente lendo uma folha de papel. O sujeito respondia de forma absolutamente clara. Na sequência, em seu direito de réplica, ela pegava a mesma folha, que já tinha uma contrarresposta pronta. E sempre começava algo como "Vossa Senhoria não respondeu à minha pergunta...".
Eu me interrogava: Não respondeu? Putz, o cara deixou claro o que ela perguntou! Obviamente, não era o que ela queria ouvir, mas a questão, então, seria contra-atacar com novos argumentos que desconstruíssem o discurso da testemunha.
Aí, a gente lembra Jean-Jacques Rousseau, em Do Contrato Social: "não conheço a arte de ser claro para quem não quer ser atento".
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