sábado, 23 de fevereiro de 2019

Ciro Gomes e o PT

   
   Antes de tratar da esquerda como um todo, gostaria de explorar ainda um pouco mais da figura de Ciro Gomes, na sua relação com o PT. Para tanto, utilizarei a entrevista de Ciro à Folha de S. Paulo, dada em 31 de outubro de 2018, de que já falei em post anterior.
   Destaquei apenas algumas frases do candidato do PDT. Estas, de início, podem deixar transparecer uma crítica pontual, pertinente apenas às eleições de 2018. 
   1) "O PT elegeu Bolsonaro";
   2) "O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje. E o Bolsonaro estava no lugar certo, na hora certa. Só o petismo fanático vai chamar os 60% do povo brasileiro de fascista";
  3) "Só essa cúpula exacerbada do PT é que já começou a campanha de agressão";
   4) "É muito engraçado o petismo ululante. É igual o bolsominion, rigorosamente a mesma coisa".
   
   Mas há um fechamento que parece mostrar que a questão é um pouco maior do que essa espécie de mágoa eleitoral com o PT, porque já trata de um realinhamento das esquerdas para o futuro.
   O jornalista Gustavo Uribe pergunta:
   - A postura do senhor não inviabiliza uma reaglutinação das siglas de esquerda?
   E Ciro responde:
   - Não quero participar dessa aglutinação de esquerda. Isso sempre foi sinônimo oportunista de hegemonia petista. Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulo, oportunismo. Isso não é esquerda. É o velho caudilhismo populista sul-americano.

   Pode-se notar que há críticas que ultrapassam o momento presente, referindo-se ao passado do PT - corrupção, oportunismo e populismo -, e demonstrando que o "novo campo" seria formado sem as práticas que Ciro reputa como desabonadoras da hegemonia petista no controle da esquerda no modelo tradicional.

    

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