Comprei esses dias o livro História da liberdade religiosa - da Reforma ao Iluminismo, de Humberto Schubert Coelho, publicado pela Vozes Acadêmica e pelo Instituto Homero Pinto Vallada, agora em 2022.
O livro é dividido em seis capítulos: (1) Raízes medievais e renascentistas da luta pela liberdade religiosa; (2) Nasce a Reforma; (3) O mundo moderno: religião e ciência reconfiguram sua relação; (4) Despertar espiritualista na aurora do Iluminismo; (5) A geração de Voltaire; e (6) A Era das Luzes.
Nosso filósofo aparece no capítulo 3, no artigo de título "O papel decisivo de Espinosa no entendimento moderno da religião".
Há uma rápida biografia, seguindo-se logo a apresentação das ideias spinozanas, ao longo dos seus diversos escritos.
Diversas passagens são interessantes, mas eu destacaria essa, que achei, no mínimo, curiosa:
"[...] suas [de Spinoza] ideias estão muito longe de serem fáceis, transparentes ou desambíguas, dando margem tanto para a defesa do materialismo mais radical quanto para a mística mais exaltada ao longo do século XVIII. Em ambas as vertentes, a presença de Espinosa formatou significativamente aquilo que entendemos por materialismo e mística modernos, com influência sobre autores tão discrepantes quanto os philosophes franceses e os idealistas alemães".
Reconheço que há passagens do texto spinozano que podem sugerir certo materialismo - apesar de não concordar que ele seja um materialista -, bem como há, no mínimo, uma passagem que flerta com o misticismo - o que também não me parece ser a posição do holandês. Daí a dizer que ele "formatou significativamente aquilo que entendemos por materialismo e mística modernos", acho um pouco extremado.
De qualquer modo, o livro parece ter um conteúdo bem amplo, facilitando a pesquisa de vários nomes envolvidos com a liberdade religiosa ao longo da história. Acho que vale a pena adquirir.
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