segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"A ilusão da alma"

   O título do post é o mesmo do mais recente livro de Eduardo Giannetti. Trata-se de um romance bem temperado com Filosofia da Mente.
   A trama começa com a descoberta de um tumor cerebral pela personagem principal do livro. Tratado deste, o jovem professor universitário de literatura vê-se aposentado, por conta de uma sequela na audição. Passa, então, com tempo livre integral - afinal, nem casado ele é -, a dedicar-se ao estudo da relação corpo-mente, enveredando necessariamente pelo estudo da Filosofia.
   Por enquanto, estou na metade do livro e vejo surgirem vários fatos interessantes. Há não só a apresentação de doutrinas filosóficas, mas também, como se faz necessário em Filosofia da Mente, informações sobre as últimas descobertas dos neurocientistas, além de informações científicas interessantes, como: "a massa encefálica... onde são recebidas e processadas todas as sensações de qualquer natureza oriundas do resto do corpo - é ela própria insensível à dor, os experimentos intracranianos podem ser conduzidos com o paciente desperto, ou seja, apto a relatar o que lhe vai pela mente durante o procedimento, bastando a aplicação de um anestésico local no couro cabeludo e nas membranas que recobrem o cérebro".
   Na parte chamada "libido sciendi", o autor faz uma analogia interessante: "A curiosidade está para o conhecimento como a libido está para o sexo. Não há um sem o outro".
   Para quem gosta de romance e de Filosofia, acho que vale a pena.
   Já tenho mais a registrar, mas fica para outro post.
  Ah... em tempo, a publicação é da Companhia das Letras, e saiu em 2010.

2 comentários:

mundy disse...

Demócrito afirmou " ...descer até o ponto mais ,depois voltar a subir-se pudermos.Mas é preciso descer.Porque diz Demócrito, a verdade está no fundo do abismo", partindo desta afirmativa do Filosofo grego, tendo a pensar que incoscientemente , pois só pode ser desta forma,pois consciente nao procuro este caminho mesmo,mas como existem razoes no nosso ser que nao temos como explicar, tenho tentado entender meu ser e ate descobrir o que se passa no fundo de minha alma, mas interessante que o caminho que tenho tentado relutantemente evitar possa ser uma verdade, é lógico que isso em termos existenciais no meu parco entendimento nao pode ser normal, alias é anormal, pois em tempo algum desejo chegar ao fundo para descobrir a verdade, alias confesso que somente agora a começar a escrever estas palavras que me toquei que na verdade, será que algum dia pensei em ir em busca da verdade que há dentro de mim, a única coisa que sinto que estou consciente é no meu desajustamento perante ao mundo, estou aqui mas nao me sinto inserido num contexto de que a procura , a busca,tem sido dolorosa e sofrida e percebo que muito longe esta um principio de descorbeta em mim, vago solto, como uma nau a deriva, mas vamos em frente pois as atormentaçoes e angustias do meu ser.

Ricardo disse...

Caro compadre:
Interessante você estar lendo Filosofia... e, de algum modo, fazendo uso dela. Mesmo sabendo que há um cunho prático na filosofia atomista de Demócrito, seria difícil imaginá-lo defendendo o perscrutar do inconsciente, à forma freudiana, para que a verdade "existencial" aflore.
Aliás, psicanaliticamente falando, essa investigação não poderia ser conduzida pelo próprio indivíduo. Ou seja, seria necessário ir à busca de um profissional do assunto. Eu, particularmente, prefiro essa investigação do que nos é consciente, mesmo que aí acaba por transparecer o que é "inconsciente", fruto daquilo que nos torna "passivos", ou seja, nossas paixões.
Como eu já disse antes, isso não garante ter nossas contas pagas, mas, em alguma medida, pode nos estabilizar diante do mundo, para que possamos correr atrás de algo "concreto" para pagá-las.
Mas, voltando ao Demócrito, há um fragmento dele que acho legal. É o nº 231: Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui.
De qualquer forma, boa busca dessa "verdade". Mas cuidado para não ficar preso no "abismo"... como já aconteceu com outros grandes, como Nietzsche, por exemplo.