quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mais duas alegrias... Aliás, mais quatro!

   Como eu já havia escrito, esta vem sendo uma semana cansativa, mas muito prazerosa. E eis que, hoje, continuo a alegrar-me... por vários motivos.
   Vou listá-los.
   Inicialmente, ao abrir o blog, vejo que temos mais um amigo, o 59º. Por si só, isso já representaria algo de bom para mim. Entretanto, mais do que "apenas" mais um amigo, temos o prazer de receber alguém que já foi algumas vezes citado elogiosamente neste nosso espaço, nada mais nada menos que Silvério Ortiz, o criativo professor que nos faz filosofar ouvindo ótimas músicas, escolhidas "a dedo" para se encaixar em suas palestras no "Notas Filosóficas".
   Seja bem vindo, professor Silvério. Esperamos suas preciosas "tiradas" por aqui também.
   Ainda em relação ao blog, gostaria de registrar um comentário que me orgulhou muito. Trata-se de um registro de Vera, filha do professor Raymundo Evangelista do Carmo, autor de um livro do qual eu gostei muito, Antropologia Filosófica Geral, publicado em 1975. Na época da leitura, eu fiz breves comentários, dizendo que prosseguiria minha avaliação em outra ocasião, o que, em verdade, não fiz. De qualquer modo, registrei minha impressão geral da leitura, dizendo que gostara muito do livro que o professor Raymundo produziu.
   Fica, então, a confirmação da minha impressão geral, rogando a gentileza da Vera que repasse mais essa opinião positiva - afinal, certamente essa avaliação já lhe foi infinitamente repetida -, sobre o livro, ao seu pai.
   A última alegria ficou por conta do fechamento do seminário sobre Nietzsche.
   Na segunda comunicação do dia, tivemos o professor Fernando Ribeiro de Moraes Barros, da UFC-CE, concluindo sua apresentação com uma música de Nietzsche... muito "simpática". O professor, que além de filósofo é músico, instado a opinar sobre a qualidade musical do alemão, indicou que ouvia suas músicas regularmente. Portanto, não poderia considerá-la ruim. Entretanto, fez uma observação curiosa: "Não é justo exigir a alguém que seja Pelé e Leonardo Da Vinci ao mesmo tempo".  A partir desse argumento, realmente temos que concordar que Friedrich já era Nietzsche, não precisava ser nada mais do que isso. Rsss. Contentemo-nos, portanto, em lê-lo... sem precisar ouvi-lo.
   A última comunicação foi a do professor Olímpio José Pimenta Neto, da Ufop-MG, cujo título era "Nietzsche e a amizade". Em um só adjetivo: "Fantástica!". Tentarei, posteriormente, obter o texto para reproduzi-lo. Se não for possível, ao menos, empreenderei um esforço para citar alguns dos aforismos usados no texto.
   Em relação ao seminário, tenho que parabenizar a professora Tereza Cristina Calomeni, da UFF, pela excelente organização do evento, além de felicitá-la pelas escolhas muito oportunas, tanto dos palestrantes quanto dos temas.

Francis Bacon

   Francis Bacon (1561-1626), como sabemos, foi um grande teórico das ciências... tão teórico que nem ciência fez. Foi, entretanto, um filósofo que pensou a necessidade de um "método científico" para bem conduzir as investigações nessa área. Seu "Novum Organum", com a noção da necessidade de depuração dos "preconceitos" motivados pelos "ídolos" - da tribo, da caverna, do fórum e do teatro -, é ótimo. Se é possível efetivamente livrar-se de tudo o que nos determina já é outra estória.
   Outra coisa que não parece ter ficado muito "redondinha" no "Novum Organum" foi a concepção das tais "Tábuas", que complicaram mais do que facilitaram.
   O fato é que, o método que "vingou" mesmo foi aquele mais "direto" do Descartes, com as quatro regrinhas básicas do "Discurso do Método"... e pronto!
   A ideia, entretanto, de escrever sobre Bacon veio de uma ótima "tirada" dele em relação ao modo mais apropriado de se fazer ciência, que não deveria ser nem o dos escolásticos/racionalistas, nem o dos empiristas, e sim a sua "indução" - não "pueril", ao contrário daquela que ele identificava em Aristóteles.
   Escreve o inglês:
   "A propósito da natureza da pesquisa científica, o comportamento que se deve serguir não é o da aranha que tece a teia tirando o material de seu próprio corpo (assim fazem os escolásticos, que empregam o método dedutivo também para as ciências experimentais); não é também o da formiga, que armazena o material como o encontra e depois o consome, sem selecioná-lo nem limpá-lo (assim fazem os empiristas: eles acumulam observações, sem nunca chegarem à descoberta da causa). O modo certo de agir é o da abelha, que primeiro colhe o material de fora e depois o transforma em mel por meio de seu organismo”.
   Antes que alguém queira falar mal do "racionalista-aranha" Spinoza, há que se lembrar do post em que eu destaco o espírito "empírico", mas não empirista, do luso-holandês.  

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Uma semana movimentada... mas ótima!

  Esta semana está sendo muito agitada. Se bem que "agitação" é o que não tem faltado nessas últimas semanas de compromissos acadêmicos.
  Mas, ao contrário das semanas anteriores, onde a gravidade das tarefas atua pesadamente sobre os ombros - e o esgotado cérebro, também -, esta está sendo por demais aprazível. Entretanto, embora os sete dias não se tenham passado, ouso arriscar que o dia de ontem restará como melhor que os outros seis.
  Tudo tem motivos. Seguem os meus.
  Desde segunda-feira, dia 27, estou participando do I Simpósio Nacional Nietzsche Filosofia e Arte, na Universidade Federal Fluminense. Ontem, entretanto, o dia foi entusiasmante demais. Abriu o dia a professora Maria Cristina Franco Ferraz, referência no estudo de Nietzsche, tratando do tema "Interpretação". Ela apresentou um texto seu, ainda inédito, que fará parte de um livro a ser publicado em breve. Seguiu-se, ainda pela manhã, uma palestra de Gilvan Luiz Fogel, da UFRJ. À tarde, tivemos uma "dobradinha" bem "afinada", apresentando o tema "Perpectivismo". A professora Vânia Dutra de Azeredo, da PUC-Campinas, foi seguida pela professora Sílvia Pimenta Velloso Rocha, da Uerj, que produziram duas apresentações com uma continuidade perfeita. Gol de placa!!! Se é que me entendem. Rsss.
   Não bastasse isso - que já foi muito bom! -, eu, Henrique e Levi tivemos o prazer de acompanhar mais um "Notas Filosóficas". Desta vez, o professor Silvério e a coordenadora do evento, Faiga, nos brindaram com uma apresentação da ética deontológica de Kant. Tema complexo, que, no entanto, foi apresentado com a costumeira competência pelo Silvério. Acompanhamos, ainda, cenas do filme "Invictus" e músicas de Caetano Veloso, entrecortados pelos afiados e precisos comentários de Silvério. Gol de placa... novamente!
   A plateia, talvez intimidada pelo peso do nome "Immanuel Kant" silenciou... no que poderia ser mais um bom debate.
   Parabéns, Silvério e Faiga, por mais outra boa apresentação!
  Aliás, agradecimentos é que não podem faltar a esta dupla tão generosa; afinal, ontem fui premiado com elogios dos dois, referindo-se ao conteúdo do blog e às referências constantes ao "Notas Filosóficas". Agradeço, portanto, em dobro.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O desafio do Ceticismo

   Embora o conceito de "verdade", atualmente, em Filosofia, não seja tão "rígido" como o foi em outras épocas, ficamos sempre tentados a encontrar "a" verdade, quando nos debruçamos sobre algum problema filosófico.
   Até hoje, por exemplo, debatemos a "coisa em si" kantiana, procurando saber como é que podemos garantir-lhe, inclusive, a existência, se não podemos conhecê-la efetivamente... mesmo que isso contrarie totalmente a doutrina do próprio Kant sobre a "ding an sich".
   Segue um trecho bastante interessante sobre a questão cética, contido no famosérrimo livro "História do Ceticismo de Erasmo a Spinoza", de Richard Popkin.
   '"Depois de Descartes, a filosofia moderna teve de enfrentar a crise pyrrhoniene. [...] Viver com a crise significava aceitar que... nossas crenças básicas não têm fundamento e devem ser aceitas com base na fé. [...] Pascal enfatizou esta situação em que nos encontramos, entre um pirronismo total que não podemos evitar e a natureza que nos faz crer mesmo assim. Mesmo o mais cético dentre os pirrônicos, Pierre Bayle [aquele do dicionário que chama Spinoza de 'ateu virtuoso', para quem não lembra], admitiu: 'Sei demasiado para ser um pirrônico, e sei muito pouco para ser um dogmático'. Uma das principais maneiras pelas quais se resolveu esta situação nos séculos XVII e XVIII foi através do ... 'ceticismo mitigado'. Esta solução, encontrada ... em detalhe em Mersenne e Gassendi, seria desenvolvida ainda mais pelos céticos Foucher, Glanvill e finalmente por David Hume. Eles viriam mostrar uma maneira pela qual o pirronismo teórico poderia ser conciliado com meios práticos para se determinar verdades adequadas aos propósitos humanos [GRIFO MEU]".
   Bastante importante destacar que Bertrand Russel, em "Os problemas da filosofia", já no século XX, abre o livro com a seguinte pergunta: "Haverá algum conhecimento no mundo que seja tão certo que nenhum homem razoável possa dele duvidar?"
   No trecho apresentado acima, Pascal e Bayle mostram a tensão - que parece não se resolver nunca - entre o que eu sei que não posso saber, e o que eu sei que efetivamente sei... Desculpando-me por forçar deliberada e reiteradamente o aparecimento do verbo "saber", um pouco mais até do que o "Só sei que nada sei", socrático.
   O fechamento do trecho, entretanto, parece-me a melhor parte - não é a toa que a grifei. Importante perceber que, apesar desse nosso desespero pela "verdade absoluta", basta-nos encontrar uma "verdade adequada aos propósitos humanos"... que obviamente varia cultural, social e historicamente. A própria ciência - afastando-se de um Positivismo extremado - reconhece que suas "verdades" são históricas, limitadas ao que pode ser conhecido em determinado momento ou determinado "paradigma".

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Esse Voltaire...

   Adoro os livros de Voltaire. Sua ironia e seu estilo proporcionam uma leitura muito agradável dos seus textos.
   Por esse motivo, quando vi uma ilustração representando o filósofo francês na capa da revista "Filosofia - conhecimento prático" deste mês, fiquei empolgado. Quanto mais se falar de Voltaire, mais seu espírito crítico e provocativo viverá.
    Comprei a revista e, logo na capa, vem escrito: "A temível pena de Voltaire". O Editorial informa que, durante os tempos de protesto, na França, contra a dominação da Argélia por aquele país, um ministro teria sugerido ao general Charles de Gaulle que prendesse Sartre, àquela altura, um "incômodo" ativista anticolonialista. O general teria respondido: "Não se prende Voltaire". Sinal de que o filósofo iluminista ainda gozava de prestígio na sua terra natal.
     Mas não foi exatamente para discorrer sobre a filosofia de Voltaire que coloquei esse post. É que, lendo a matéria, e passando por um determinado dado biográfico, não pude deixar de lembrar de uma frase bastante representativa do jeito voltaireano de pensar. A revista narra uma das "fugas" de François-Marie Arouet (nome "oficial" do nosso querido Voltaire) da França. Ele se abriga nas propriedades de uma amiga, a marquesa Emilie du Châtelet. Apesar de já ser casada, ela e Voltaire mantiveram, sob as barbas do marquês, um relacionamento amoroso. E é de madame du Châtelet que eu quero falar.
    A senhora era uma brilhante cientista, incorporando e defendendo, inclusive, uma teoria leibniziana na Física, que contrariva as intuições do grande Newton. 
   Fato é que a senhora recebeu o seguinte "elogio" de Voltaire: "Du Châtelet era um grande homem, cujo único defeito era ser mulher".
   Esse Voltaire não era mole!  

Viva Niterói!

   Sou carioca de nascimento; mas, com 14 anos, vim morar em Niterói. Como já estou aqui há um bom tempo, acho que teria direito a um título de cidadão honorário do município. Rsss. Mesmo sem ele, gosto muito da cidade.
   O fato é que, dia desses, Ancelmo Gois publicou duas notinhas envolvendo a cidade - já não tão tranquila, por conta do excesso de novos empreendimentos imobiliários que "espocam" a cada dia.
   Na primeira, Niterói aparece surpreendentemente como a cidade brasileira com maior rendimento médio domiciliar per capita: R$ 2.031. Caracas?!?!? E Brasília?!?
   Depois, uma informação mais "local": dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, Niterói é a segunda em termos de menor índice de analfabetismo em adultos, com 2,3%, contra 2,1% , de Nilópolis. E, acreditem, a cidade do Rio de Janeiro tem índice de 2,9%!
   Valeu, Nikty!

Cerveja não-filosófica

   É muito comum eu, Henrique e Levi nos reunirmos para uma cervejada filosófica. Os temas não são previamente definidos, vão surgindo em função do que temos lido e de assuntos que não parecem tão claros para qualquer um de nós. Um dos temas mais candentes ultimamente tem sido o idealismo de Berkeley. O bispo encontrou um defensor aguerrido no Henrique, com Levi "mordendo e assoprando" e eu só atacando o homem que só vê espíritos e ideias no mundo... aliás, nem mundo há!?!?
   Mas como bem indica o título do post, desta vez a coisa foi diferente... Não, não! Não se trata do "café filosófico" lá da Occhio Caffé. Foi cerveja, ainda, só não houve Filosofia.
   O evento em questão foi uma degustação de cervejas, ocorrida em outro espaço muito agradável, a cervejaria Cervisia 1516.
   Tivemos o prazer de conhecer o dono da casa, o Rogério, que nos recebeu muito bem e se desdobrou para nos transformar em bons bebedores de cerveja... ou melhor, em bebedores de boas cervejas.
   Inicialmente, tivemos uma pequena apresentação, feita pelo Rogério, sobre o que é isso que chamamos de "cerveja" - que vem do termo latino "cervisia", que dá nome à casa. Fomos apresentados, inclusive, ao lúpulo e ao malte. Curioso foi saber que "malte" é um nome genérico para qualquer cereal que passa pelo processo de malteação. Como o malte produzido a partir da cevada não é dos mais baratos, várias das cervejas mais popularmente consumidas são produzidas com malte de arroz e milho. E eu, que me vangloriava de beber muito "suco" de cevada, descobri que bebo mesmo é "suco" de arroz!
   A degustação nos permitiu conhecer sete novas cervejas, descobrindo, inclusive, que o tipo Pilsen - mais comum entre os "pobres mortais" e simplórios bebedores, como eu - pode ter variações interessantes; obviamente, dentro de uma certa faixa de características. Essas, inclusive, estão listadas em uma publicação - que pode ser obtida pela net - do "Beer Judge Certification Program" - vale a pena conferir, e baixar!
   Para quem quiser ter mais informações sobre a Cervisia 1516 - e a cerveja, de maneira geral -, sugiro dar uma olhada no site da casa: http://www.cervisia1516.com.br/

Re-voltando...

   Dia desses, o compadre Mundy disse que eu poderia trocar o nome do blog para "Quando der, eu venho" - ou algo que o valha. Apesar de optar pela manutenção da denominação atual, não posso deixar de reconhecer que a ausência incomoda... se bem que, parece-me, esse desconforto é bem maior em mim do que nos amigos dos amigos.
   De qualquer modo, re-voltei... quero dizer, voltei novamente. Rsss.
    Registro essa re-volta apenas dizendo que monsieur Foucault ocupou enormemente minha mente, meu tempo e meu espaço - afinal, a minha "biblioteca" foucaultiana insistia em fazer-se presente em vários cômodos da minha casa. Era Foucault na sala; Foucault na copa; Foucault dentro dos armários do quarto; Foucault sobre a mesa do computador... Outro dia, minha mulher foi se deitar ao meu lado e eu tive que dizer: "Cuidado para não deitar sobre o Foucault!"... Ninguém merece! Rsss.
     Momentaneamente livre das Arqueologias e Genealogias, lá vão mais alguns posts.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Hypatia

   No domingo passado assisti ao filme "Alexandria"... na verdade, ao filme "Ágora", que, no Brasil, recebeu o título citado anteriormente. Caso tivesse sido escolhido, entretanto, o nome "Hypatia", nada de errado poderia ser arguido.
   O filme tem como cenário a cidade de Alexandria, na época em que lá vivia a primeira grande filósofa da história, Hypatia (355-415). Aliás, não só filósofa, mas também matemática e astrônoma.
   Naquele contexto histórico, apresenta-se o conflito entre o Cristianismo "nascente", de um lado, e o Judaísmo e o Paganismo, de outro. A luta, entrentanto, não é só pelo poder religioso, mas também pelo político.
   Para quem não conhece, ou não lembra da história, em determinado momento, os cristãos, liderados pelo patriarca Cirilo, tentaram "controlar" o prefeito de Alexandria, Orestes - que tinha sido aluno de Hypatia, e, por ela, tinha grande apreço... ou era até apaixonado. Como o prefeito não se submeteu às intenções de Cirilo, este tentou atingir o governante através de alguém que lhe era muito cara, sua antiga professora Hypatia. O final do filme, como o da própria história, é trágico.
   Ainda assim, vale a pena conhecer a história da filósofa, com todas as licenças poéticas que se permitem fazer, como indicar que ela poderia ter levado adiante a ideia de Aristarco de Samos, astrônomo grego (310-230 aC), que propusera o heliocentrismo, descobrindo, inclusive, que as órbitas dos planetas em torno do Sol seriam elípticas.
    No papel principal, a bela Rachel Weisz.
   Vale a pena conferir!
Alexandria Poster

  

Aniversário do compadre

   Apesar do dia já ter passado da metade, gostaria de registrar o aniversário do compadre Mundy.
   Espero que as "desventuras" automobilísticas pelas quais ele passou tenham sido fruto apenas daquela tal "falta de sorte" que antecede os aniversários, que alguns chamam de "inferno astral" - para quem acredita nisso, logicamente!
   De qualquer forma, registro aqui os meus parabéns, desejando que as coisas possam tomar o rumo que você entende como sendo o melhor.
   Grande abraço, compadre!