quarta-feira, 15 de junho de 2011

O desafio do Ceticismo

   Embora o conceito de "verdade", atualmente, em Filosofia, não seja tão "rígido" como o foi em outras épocas, ficamos sempre tentados a encontrar "a" verdade, quando nos debruçamos sobre algum problema filosófico.
   Até hoje, por exemplo, debatemos a "coisa em si" kantiana, procurando saber como é que podemos garantir-lhe, inclusive, a existência, se não podemos conhecê-la efetivamente... mesmo que isso contrarie totalmente a doutrina do próprio Kant sobre a "ding an sich".
   Segue um trecho bastante interessante sobre a questão cética, contido no famosérrimo livro "História do Ceticismo de Erasmo a Spinoza", de Richard Popkin.
   '"Depois de Descartes, a filosofia moderna teve de enfrentar a crise pyrrhoniene. [...] Viver com a crise significava aceitar que... nossas crenças básicas não têm fundamento e devem ser aceitas com base na fé. [...] Pascal enfatizou esta situação em que nos encontramos, entre um pirronismo total que não podemos evitar e a natureza que nos faz crer mesmo assim. Mesmo o mais cético dentre os pirrônicos, Pierre Bayle [aquele do dicionário que chama Spinoza de 'ateu virtuoso', para quem não lembra], admitiu: 'Sei demasiado para ser um pirrônico, e sei muito pouco para ser um dogmático'. Uma das principais maneiras pelas quais se resolveu esta situação nos séculos XVII e XVIII foi através do ... 'ceticismo mitigado'. Esta solução, encontrada ... em detalhe em Mersenne e Gassendi, seria desenvolvida ainda mais pelos céticos Foucher, Glanvill e finalmente por David Hume. Eles viriam mostrar uma maneira pela qual o pirronismo teórico poderia ser conciliado com meios práticos para se determinar verdades adequadas aos propósitos humanos [GRIFO MEU]".
   Bastante importante destacar que Bertrand Russel, em "Os problemas da filosofia", já no século XX, abre o livro com a seguinte pergunta: "Haverá algum conhecimento no mundo que seja tão certo que nenhum homem razoável possa dele duvidar?"
   No trecho apresentado acima, Pascal e Bayle mostram a tensão - que parece não se resolver nunca - entre o que eu sei que não posso saber, e o que eu sei que efetivamente sei... Desculpando-me por forçar deliberada e reiteradamente o aparecimento do verbo "saber", um pouco mais até do que o "Só sei que nada sei", socrático.
   O fechamento do trecho, entretanto, parece-me a melhor parte - não é a toa que a grifei. Importante perceber que, apesar desse nosso desespero pela "verdade absoluta", basta-nos encontrar uma "verdade adequada aos propósitos humanos"... que obviamente varia cultural, social e historicamente. A própria ciência - afastando-se de um Positivismo extremado - reconhece que suas "verdades" são históricas, limitadas ao que pode ser conhecido em determinado momento ou determinado "paradigma".

Um comentário:

Fê Mundy disse...

Entrei aqui nao para escrever sobre o ceticismo de Voltaire, nem do MUndy, hehehehehehehehe, mas para convidar o Compadre caso tenha tempo para visitar um espaço criado a quatro maos, eu nao tenho o habito de administrar blogs , tenho algun e nao divulgo por falta de tempo de administra los, mas este como é feito a 8 maos,é legal é um espaço bem diferente deste FILOSOFICO, lá se curte o Futebol, musica de boa qualidade ou nao depende do gosto de cada um e fotos de personalidades ligadas a um universo mais masculino, eu diria de belas mulheres, hehehehehehehehehe, o local é www.flaflueterno1.blogspot, tocado por Olavo Dillon ( Tricolor), Fernando Mundy(tricolor), Fernando Xaruto(Urubu) e Pedro Costa(Urubu), ali é local de pilha e provocaçoes, entre quatro amigos e suas histórias em torno do famoso classico ou nao, se puder , pode ser que valha a pena a visita.Um abraço.