terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Espaço para Filosofia"

   Não costumo discordar de meu assertivo compadre, mas desta vez fá-lo-ei.
   Disse meu dileto "irmão" que "Aqui nao é espaço para isso, pois trata-se de Filosofia"... e eu pergunto: O que não é Filosofia, caro compadre? Essa estória sobre a qual você refletiu, por exemplo, trata de Ética - assunto claramente filosófico. Portanto, o que você fez foi, em alguma medida, filosofar. A grande diferença é que não usou ferramentas filosóficas para tal.
   Mas pensemos juntos.
   Diz você que a Justiça absolveu a viúva do milionário da Mega-sena e que achou essa decisão problemática. Logo a seguir, você indica que a "jovem senhora" alegou carência sexual para efetuar suas "saliências", e que soube que poderia vir a ser excluída do testamento, coisa e tal, e que seu milionário marido foi morto, supostamente, pelo policial seu amante.
   Sem querer, em hipótese alguma, defender a Sra. Adriana, visto que nem conheço os detalhes do processo - e nem advogado sou -, acho que as coisas estão um pouco "confusas" na sua apresentação.
   Senão vejamos.
   O que está em julgamento é a participação da senhora na morte do marido... e foi disso que ela foi inocentada.
    O caráter da "moça" não está em jogo, muito menos suas atividades sexuais extramatrimoniais. Se ela traía o marido; se seu amante era policial; se ela sabia que iria ser excluída do testamento, e até mesmo se seu amante matou seu marido, essas são coisas que não dizem respeito efetivamente à questão de ela - afinal, é ela que está em julgamento - matar ou não o marido.
   Os juízos de valor são secundários em relação à questão principal.
   Agora, pensemos por uma outra perspectiva: o Sr. Mega-sena conquistou o amor de sua jovem manicura - posteriormente Sra. Mega-sena - ou apenas "comprou-lhe" a companhia? E se apenas comprou-lhe a companhia, saberia que ela poderia vender-se a outro, talvez não por dinheiro, mas por prazer.
   Você afirma que uma mulher "correta" se separaria. Volto a contestar seu pensamento. Afinal, uma pessoa "correta" nem teria se "vendido" pela oferta inicial que o Sr. Mega-sena fez. Tendo ela aceito a oferta, o marido não poderia esperar grandes atos de "correção" dela. Nada a estranhar, pelo menos quanto à traição... mas, obviamente, não quanto à morte dele.
   Volto a dizer que não tenho o desejo de defendê-la, mas acho que uma avaliação dessas, que, como eu disse, envolve totalmente o campo ético da Filosofia, precisa ser feita com um pouco mais de atenção. Precisamos separar, com vagar, o que se poderia esperar dela e o que tivemos. Esse seria o julgamento ético, que talvez não "inocente" nem o Sr. Mega-sena. Mas... o Tribunal não está lá para fazer esse tipo de juízo, mas o Penal. Aí, talvez tivéssemos que nos debruçar mais sobre o caso antes de discuti-lo.

5 comentários:

mundy disse...

Caro Ricardo, eu devo ter apresentado mal meus argumentos, pois eu nao estou dizendo que a Senhora Viuva da Megasena tivesse que ser condenada pela sua condição moral ou o que valha, eu quis usar a condiçao moral dela como base para argumentaçao do quanto ela valia como pessoa , as provas indicavam que ela fosse a mandante do crime, alem do fato de o suposto amante ter sido condenado e que em breve estara entrando no regime de progressao de pena, tudo indica ou indicava para que a condenação ocorresse mas os jurados assim nao entenderam, amigo a fortuna envolvida e o fato de ter sido o acontecido em uma Cidade do Interior e infelizmente a visao negativa que temos da Justiça me faz pensar um monte de coisas, eu nao condenaria a mulher pelo fato da sua conduta moral e ética nao ser das melhores, mas sim pelo que me foi apresentado do caso desde o inicio, ,talvez o MP nao tenha sido eficaz na apresentaçao dos fatos perante aos jurados, ou ate alguma outra coisa possa estar envolvida, infelizmente o tipo de País que temos e pessoas que vemos fazer de tudo , por aí estarem soltas, faz me crer qu até a Justiça possa ser cega , mas de acordo com algumas conviniencias, vou um pouco mais alem , chego a desconfiar que possa ter havido algum tipo de irregularidade, pois tambem causou me estranheza, logo após a leitura da sentença , ter vindo por parte de uma autoridade que participou do julgamento e que estava envolvida no parte criminal da coisa , dar opiniao que a Viuva e a Filha da vitima chegassem num acordo para dividir os 100 milhoes , fato este que existe um processo sobre a divisao do dinheiro e o caso nao esta nem na mao desta autoridade e sim de outro , ou seja , eu se fosse autoridade que estivesse envolvido no processo criminal, perguntado que fosse sobre o processo de divisao dos bens da Vitima, falaria que nao poderia opinar pois o assunto ser de esfera de outro colega e que no poderia formar juizo de valor sobre o caso e nada falaria sobre a divisao, mas a pressa desta autoridade em dar opiniao favoravel que a Filha da Vitima retirasse o processo e dividisse igualmente a grana com a VIUVA , causa me muita estranheza, posso estar pre julgando e estou, mas a verdade é que no Brasil estou acostumado a ver tantas sacanagens que nao me surpreenderia que por tras desta decisao juridica houvesse algum outro tipo de interesse.

Ricardo disse...

Querido compadre:
Novamente, quero me opor às suas considerações.
Reforço que o fato de ela ser uma pessoa de comportamento duvidoso, não implica necessariamente que ela tenha cometido o crime. Portanto, mesmo que cheguemos à conclusão de que ela é uma "pilantrona" profissional, ainda é pouco para que isso transborde para a consideração de ela ser uma criminosa.
Em Filosofia, diríamos que você está usando um argumento "ad hominem", quer dizer, está se desviando da argumentação dos fatos para atacar o homem que defende uma tese.
Deixando essa parte mais "filosófica" de lado, enveredando pelo caminho mais jurídico da coisa, eu tenho a lhe informar que nenhum advogado gosta de juri popular. O apelo emocional sempre cala mais forte no leigo no que no "técnico" - que seria o juiz. Portanto, acho muito esquisito você afirmar que "as provas indicavam que ela fosse a mandante" e que "tudo indica ou indicava para a condenação", além de indicar que o fato aconteceu "em uma cidade do interior", e as pessoas terem livrado a possível "meliante".
Penso, aqui da minha confortável distância, que as coisas não devem ser tão "evidentes" assim, e que a esperada reação emocional dos jurados não deve ter sido tão forte justamente pelo caso não ser tão óbvio assim como a nós parece.
Sobre a partilha dos bens, acho que o tal "palpiteiro" de plantão, só deve ter usado a lógica da Justiça morosa para sugerir isso à filha do Sr. Mega-Sena. Sem grandes sustos, para mim, que conheço esses meandros lentos.
É isso.
Abração!

mundy disse...

Caro Amigo , eu continmuio na minha opiniao de que ela mandou matar o Sr Megasena, e que pode ter havido uma farta distribuiça de grana , da parte que caberá a ela, amigo, estamos no Brasil e tudo é possivel, compra de jurados , Juizes e outras coisas do genero nao é das coisas mais dificeis de se acontecer no Brasil, o comportamento duvidoso em relaçao a moral e ética para mim nao é o mais importante da moça para condena-la, pois ela pode ser um Moça de conduta fora dos padroes estabelecidos e nao ser uma mente assassina, eu continuo na minha opiniao de que ela tem ou teve participaçao no crime, e que algo que ainda nao chegou ao nosso conhecimento possa ter ocorrido, eu digo que o mau comportamento dela como esposa nao é o que me faz acreditar que ela seja assassina, pois eu poderia ser o maior pulador de cerca e nao ter a mente asssassina, eu continuo na crenaç de que ela é culpada e se deu bem no caso pr fatores alheios ao processo, e no caso do Palpiteiro de plantao nao queria ir fundo para nao me comprometer, mas a JUIZA que deu a sentença de absolviçao é que emitiu opinioa sobre o processo que nao é da area dela e sim de outro Juiz que esta de licença medica, e entao eu acredito que a Magistrada poderia se abster de dar sua opiniao sobre a divergencia entra a Viuva, a Filha da vitima e os Irmaos da Vitima, mas o que fica de fato neste caso todo, é que o SR Megasena, nao curtiu seu premio, e quem vai agora gastar a grana sao os herdeiros, de toda maneira, caso eu jogue e ganhe na Megasena da Virada de ano, trato logo de dar a Parte da esposa, do Filho e sumo no Mundo para nao correr riscos, hahahahahahahahahahahahahahahahaha, estava ontem comentando com um amigo Advogado, que se eu ganhasse uma fortuna dessas que o cara ganhou , e estivesse na condiçao dele de solteiro, eu nao arrumava mulher alguma fixa, ficava api pulando de galho em galho e de preferencia em local que ninguem soubesse da minha origem , ou seja se um dia o Amigo me Ligar e for informado que estou morando em Outro lugar , tipo Sul DE Minas ou de Santa catarina, pode ter a certeza que ganhei na MEGA, hahahahahahahahahahahaha.Que meus Bombons estao senbdo feitos de puro chocolate suiço e belga é que seu Cumpadre enricou na MEGA,hahahahahahahaha, mas eu nao jogo né, entao vai ser mais dificil, hahahahahahahahaha.

mundy disse...

E tenho participado de algumas audiencias judiciais como preposto para ajudar o meu vizinho advogado, e percebi e comentei isso com ele , que hoje nos Juizados especiais o que ocorre é audiencias presididas por Juizes leigos e que só ocorre troca de papeis por parte dos autores do processo e da parte ré, hoje voce chega numa audiencia de Juizado especial e ninguem fala nada e os JUIZES sentenciam de forma padrao, ou seja pegam algum caso parecido e sentenciam de acordo com aquele modelo, ou seja o papel dos advogados sao meramente figuras dcorativas, este meu amigo confidenciou me que esta postura atual dos JUIZADOS especiais tira o Prazer dele em advogar , pois na se há argumentaçoes das partes, eu participe na epoca da empresa de varias audiencias de Juizado especial, e diversas vezes eu falei, o autor falava, os advogados falavam e os Juizes tambem, eu ja fui a algumas audiencias com este meu amigo , e só vejo todo mundo trocar papel para um lado e para o outro e este meu amigo, disse que a tendencia é este tipo de Audiencia passar a ser feita tudo pela Internet, e que o Futuro da Profissao de advogado possa estar somente em trabalhar em grandes escritorios e famosos, que o advogado que tenha uma salinha num predio comercial qualquer será extinto, foi so por curiosidade este meu comentario .Eu fui a estas audiencias pensando em presenciar debates com jargao juridico e acaloradas discussoes entre autor e reu e nada, nadica de nada, todo mundo trocou papeis, assinou outro tantos e eu frustrado na minha funçao de preposto de audiencia, e decobri que tem gente que ganha 10 reais por audiencia para servir de preposto para empresas e advogados, eu fui de Graça, mas estopu pensando em Ficar o dia interiro no TJ de Niteroi , se conseguir participar de umas cinco audiencias, volto com 50 pratas para casa,heheheheheheehehehe.

Anibal Werneck de Freitas disse...

Ricardo,
Sem querer entrar na discussão referente à viúva do megamilionário assassinado barbaramente, concordo plenamente que a Filosofia é primordial, aliás, tudo na vida envolve filosofia e se o Homem desse mais ouvido a ela, o vida certamente seria bem melhor, Hipatia [filósofa e mestra neoplatônica de Alexandria, Egito, 355 a 370, propôs ao governador romano da cidade, seu amigo íntimo, a Filosofia no lugar da religião que estava dividindo o povo em duas facções enfurecidas, judeus e cristãos] todos acharam graça, menos o governador, e, deste modo, deu no que deu, o mundo perdeu a maior biblioteca da antiguidade, além do incalculável número de mortos, portanto, está aí o que penso a respeito da Filosofia.
Um abraço,

Anibal.