Ainda na mesma linha do post anterior, há outro artigo do Dr. Drauzio Varella, do mesmo livro. Vejamos alguns trechos de "O sexo redefinido":
A ideia de que existam apenas dois sexos separados pela presença ou ausência de um cromossoma Y é simplista. Os cromossomas podem dizer uma coisa, enquanto ovários, testículos, hormônios e a anatomia sexual indicam outra direção.
Quando a genética é levada em consideração, a linha divisória entre os sexos fica nebulosa. A divisão genética existente nos tecidos de uma pessoa nem sempre se enquadra na ortodoxia binária: masculino/feminino.
Do ponto de vista genético, existe entre as mulheres e os homens típicos um espectro de pessoas com variações cromossômicas sutis, moderadas ou acentuadas.
O dogma de que cada célula contém exatamente o mesmo set de genes está ultrapassada. Em alguns casos, os cromossomas se misturam no óvulo fertilizado, de modo que um embrião que iniciou como XY pode perder o cromossoma Y em um grupo de células (mosaicismo).
Nesses casos, se a maioria de suas células for XY, a aparência física será de homem. Se a maioria for XX, a mulher terá ovários atrofiados e baixa estatura (Síndrome de Turner).
À medida que a Biologia deixa claro que o conceito de sexo envolve um espectro, a sociedade e as leis terão que decidir como traçar a linha divisória entre os gêneros. Devem ser considerados os cromossomas, as células, os hormônios ou a anatomia externa? E o que fazer quando esses parâmetros se contradizem?
Diante de tal complexidade, não seria mais sensato considerarmos irrelevante o sexo ou o gênero de qualquer pessoa?
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