sexta-feira, 16 de agosto de 2019

A 'apatia' estoica


   Os estoicos se referem ao "sábio" como alguém que atingiu a "tranquilidade" e a "liberdade" da escravidão das paixões.
   Contudo, esse empreendimento de superar as "paixões" causa muita confusão e leva a uma concepção enganosa de que os estoicos seriam sem emoção, procurando reprimir seus sentimentos.
   Mas, conforme explica Diógenes Laércio, o próprio Zenão indica que:
  "O homem sábio é 'desapaixonado' [apathê], porque ele não é vulnerável a elas".
   Donald Robertson, em Stoicism and the art of happiness, explica:
   "Zeno meant that the wise man was not enslaved by his feelings of fear or desire, but we're explicitly told here [na continuação da passagem aí de cima] that's not the same as being 'hard-hearted' and 'insensitive', which is the false impression many people have today of Stoicism".
   E em outra passagem, Robertson reforça essa "falsa impressão", ao dizer:
   "However, these endeavours to overcome the 'passions' have caused much confusion and led to the widespread misconception that the Stoics are somehow 'unemotional' or seek to repress their feelings".
   Vou explorar um pouco mais este assunto nos próximos posts. Isso, principalmente, porque me lembro de, no mestrado, ter feito um trabalho que se referia à possibilidade de Spinoza ser um "neo-estoico". Demarquei bem a diferença entre o pensamento do nosso filósofo daquele dos estoicos. Mas tenho achado que a barreira é uma zona mais cinzenta do que percebi à época.

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