Sei que a História tem uma "dialética" própria, que supera a ação individual. Mas, é fato, que ela se materializa justamente através das ações dos indivíduos. Sempre achei, então, que valeria à pena estudar essa dinâmica processual, mas incluindo as idiossincrasias daqueles que "realizam" - ou que "se fazem realizar através da" - História. No mínimo, o enredo da "novela" de cada personagem histórico estabeleceria um link bem conveniente para entender o processo.
Estou dando uma lida em algumas partes do livro Se liga nessa História do Brasil, de Walter Solla e Ary Neto, publicado pela Editora Planeta do Brasil, agora em 2019.
Vou contar uma parte que adorei, falando da Revolução de 1930.
Estuda-se na escola que a Revolução de 1930 tem lugar por conta da quebra da política do Café com Leite, pelo presidente Washington Luís (representante do "Café" paulista), que, para as eleições seguintes, apoiou outro do seu "time", Júlio Prestes. Este saiu vitorioso das urnas, na eleição de março de 1930. A chapa adversária era formada pelo gaúcho Getúlio Vargas e pelo paraibano João Pessoa, fazendo pesadas críticas ao governo de Washington. Em julho de 1930, João Pessoa é morto a tiros. Os "paulistas" levam a culpa. A pressão aumenta. Em outubro, Washington Luís é preso. E em novembro de 1930, Getúlio Vargas assume a presidência.
Tudo certinho. Mas... quem matou João Pessoa? E... por que motivo?
Agora entra a "novela", descrita no livro que citei.
"João Pessoa queria aumentar a fiscalização em algumas regiões da Paraíba para aumentar a arrecadação de impostos. O coronel Zé Pereira, da cidade de Princesa, não queria pagar mais imposto. João Pessoa então retrucou: 'Vai pagar [...]'. [José] Dantas [o atirador], e a turma do Zé Pereira, queriam pagar para ver. João Pessoa, furioso, contratou espiões e os colocou no encalço de Dantas. [...] E foi aí que ele teve acesso a cartas de amor eróticas que Dantas trocava com sua amante Anayde. O governador da Paraíba, num golpe baixo, publicou essas cartas num jornal. Para defender a honra de sua amada, Dantas [...] meteu tiro [em João Pessoa]".
Caraaaambaa... estória de folhetim... Mas a novela não acaba por aí...
"Algumas semanas depois, a namorada, consumida de vergonha, se matou".
Viiiiixiiii... novela mexicana total...
Nenhum comentário:
Postar um comentário