Do que falamos, quando nos referimos a essa tal "guerra cultural", empreendida com base no "marxismo cultural"?
Vamos por partes... e sem complicações desnecessárias.
Uma "guerra" diz respeito a um conjunto de ações, propositalmente escolhidas, a fim de conquistar bens, materiais e imateriais, que pertencem a outros. Esses "bens", como foi destacado, podem ser materiais - ou seja, pode dizer respeito a riquezas naturais, produtos manufaturados, etc. - ou podem ser imateriais - como a liberdade, técnicas específicas de produção, conjuntos diversos de ideias, etc.
Embora, dentro da perspectiva mais tradicional da Antropologia, o termo "cultura" se refira ao "conjunto de bens, materiais e imateriais, produzidos por uma sociedade e que pode ser objeto de transferência entre gerações", poderíamos ser um pouco mais "preciosistas" e destacar especificamente os "bens imateriais" para representar a cultura. Se assim o fizermos, podemos acrescentar o adjetivo "cultural" ao substantivo "guerra" e resumir a definição desse conjunto da seguinte forma: a luta de um grupo pela conquista dos bens imateriais de outro. Vale ressaltar que pode ser até uma "conquista" para eliminá-los e impor os seus próprios.
Pensemos no seguinte exemplo do que foi dito. Conquistadores portugueses chegam a um determinado local, que receberá no futuro o nome de Brasil, e lá encontram uma sociedade com seus modos de sentir, pensar e agir; seus valores e crenças; sua língua, em resumo, com sua cultura. Os conquistadores/colonizadores empreendem uma "guerra cultural" que começa a privar o povo originário da sua cultura, que vai sendo substituída pela língua portuguesa, pela religião católica, pelo uso de vestuário diverso do anterior, por regras de convivência e de relacionamento sociais incorporadas, etc.
O exemplo mostra que a ideia de "guerra cultural" não é tão nova assim.
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