domingo, 22 de janeiro de 2012

Falando em livros...

   Tenho mais duas sugestões, embora não sejam exatamente de Filosofia.
   O primeiro é "Ascensão e queda do Comunismo", de Archie Brown, publicado pela Record, agora em 2011, e o outro é "Justiça - pensando alto sobre violência, crime e castigo", de Luiz Eduardo Soares, que saiu pela Editora Nova Fronteira, também em 2011.
   Embora não sejam "exatamente de Filosofia", como eu disse antes, não se pode ignorar que ambos têm uma dimensão filosófica muito grande.
   O primeiro começa narrando a ideia de "comunismo" em um sentido mais lato, e identifica, já nos primeiros cristãos, uma concepção de necessidade de comunhão da posse das coisas nas sociedades. Ou seja, deixando de lado os aspectos mais histórico-políticos do programa de ascensão comunista, há muitas reflexões sobre a ideia do "comunismo", sua materialização teórica com Marx e, depois, sua concretização prática com os seguidores deste.
   O outro, que poderia passar mais por um estudo sociológico, acaba nos fazendo lembrar algumas reflexões de Foucault. Há capítulos com títulos bastante interessantes como: "Definir 'crime' é bem mais complicado do que se pensa"; "Justiça não é sinônimo de punição" e "Por que e para que punir?".
   Depois, eu conto mais.

4 comentários:

mundy disse...

Bem espero que o Sociologo Luis eduardo Soares seja melhor na escrita e na transmissao de seu pensamento socilogico do que é na aplicaçao de suas ideias, porque digo isso, parece me que o Dr Luis Eduardo Soares, que é um grande pensador nas teorias sociais e já ocupou cargos politicos na area de segurança estadual e ate Federal , realmente aja como ´pensa, ou melhor pense como age, pois este discurso que há em seus livros é muito bom na escrita, mas na pratica ele age muito de encontro ao que teoriza, confesso que nao sou simpatico ao DR , poderia ser ate nas ideias postas nos seus livros, mas confesso que nao sou praticante da leitura de seus livros.

Ricardo disse...

Caro compadre:
Pensei até em provocá-lo um pouco, no próprio post, pois sei que você não gosta do L.E.Soares.
Em defesa do senhor, tenho a dizer que, normalmente, bons teóricos não são tão bons práticos assim. Às vezes, é um erro pensar que um ótimo pensador - o que, entretanto, não estou afirmando necessariamente que seja o caso do Dr. Soares - vá conseguir tornar realidade suas considerações teóricas.
Independente, entretanto, das considerações feitas acima, acho que é interessante lê-lo, pois as questões levantadas são pertinentes ao nosso dia a dia, e refletem um estado de necessidade da atual sociedade, que diz respeito a como fazer justiça corretamente.
Digo isso porque, ao mesmo tempo em que insisto na punição dos violadores das leis, sei que as cadeias de que dispomos são ridiculamente inadequadas, se o que se pretende é a reinserção do tal "marginal" na sociedade. Ou punem mais do que o necessário - inclusive, com humilhações sem propósitos - ou são locais de privilégios e acesso direto ao controle do mundo de que teriam que ser isolados, isto é, da cadeia de comando de seus "negócios".
Reitero, portanto, que deve se tratar de uma boa leitura... ainda que possamos discordar de tudo que lá está.
Eu, por exemplo, sou a favor da pena de morte, desde que ela seja instituída pelo Estado de Direito, e conduzida, até a sua aplicação, por este. Já o nosso autor usa um dos capítulos para explicar o porquê a pena capital não pode ser considerada válida. Mesmo sem o ler, sei que discordarei dos seus pressupostos, mas tenho os meus, que, penso, legitimam naturalmente minha proposta.
Só há crescimento no embate de ideias - é o que acho.

mundy disse...

Sobre o Dr Luis Eduardo Soares, de fato existe uma antipatia da minha parte , mas há também um senso critico a suas ideias , pois ele teve enorme influencia no ambito estadual , o que o levou depois para a esfera Federal e amigo nao sou adepto da Pena de morte como vc , mas tamém sou contra os metodos propostos por este SR no ambito da maneira que se deva punir, geralmente sou contra estes movimentos sociologicos que toda vez que um criminoso é torturado, nao defendo a tortura,mas se um bandido sofre maus tratos por parte da policia, dos orgaos que o mantem preso, estes Senhores larguem suas refrigeradas salas e procuram todos os meios de comunicaçao para demonstrar seu repudiuo ao tal ato,mas se um cidadao de bem sofre violencia por parte de bandidos , eles pouco se interessam, outra coisa este DR é o precursor destas ONGS de reinserça na sociedade destes ex bandidos e nao se ve empenho deta ONGs em reinserir no mercado pessoas que nao sejam bandidos, sabe, já falei para o amigo sobre uma ONG que nao vou citar o nome para nao dar IBOPE , que é famosa em promover cursos para bandidos e arrumar empregos bem remunerados para ex bandidos , nao que um Bnadido nao possa ser regenerado,mas o que acho incrivel é que esta ONG emprega ex bandidos sem a minima qualificaçao com salarios em que uma pessoa com qualificaçao de nivel superior, as vezes ate mestrado nao consiga, mas se voce tiver uma qualificaçao profissional e procurar esta ONG para pedir uma ajuda, ela te fala que nao pode te ajudar , que o caso deles é so com ex bandidos, entao parece me um paradoxo, se o sujeito de bem virar assassino eles se interessam, caso vc seja de bem e os procura para nao se tornar bandido, voce nao interessa para eles, e o que acho mais interessante que este Presidente da ONG fecha contratos com diversas empresas da iniciatiava privada e publica e tem um Patrimonio construido na base das doaçoes a ONG, mas esse é um outro detalhe, em realidade sao questoes complexas e que necessitaria de um papo mais longo do que o dito aqui nestas linhas.

Ricardo disse...

Bem... acho que o compadre está incorrendo em alguns enganos no seu discurso.
O primeiro deles diz respeito a dizer que é "contra os métodos propostos por este senhor no âmbito da maneira que se deva punir", isto porque se dá como pressuposto que você já conheça a doutrina exposta de maneira mais sistemática, como é o caso de um livro - mesmo rejeitando lê-lo -, em vez de se pegar em meros trechos de reportagens.
O segundo é usar a imagem de um estudioso sobre um determinado assunto - um sociólogo, por exemplo -, que trabalha, obviamente, em "refrigeradas salas", visto que não é um homem de campo, como alguém necessariamente afastado da realidade justamente pela sua condição de teórico do assunto.
O terceiro é dizer que alguém como ele larga sua sala para ir à mídia se pronunciar sobre um ato que acha ruim para a sociedade. Ora, compadre, quem me dera ter um microfone à mão para me pronunciar - sem ser preso, ou morto - sobre todas as "bandalheiras" do país. E acho que você pensa o mesmo. A diferença é que ele pode fazer isso, por ter "credenciais" para fazê-lo, enquanto eu e você somos "Zé Bundéis", que não dispomos de voz.
O quinto é acusar o Luís Eduardo Soares da práxis de ser o precursor dessas ONGs para reinserção dos "marginais". Em tese, não há do que discordar do sujeito. É lógico que é necessário haver algum programa que se incumba disso. Caso contrário, não há motivos para manter uma pessoa encarcerada, a fim de que "pague" seu erro para com a sociedade. Afinal, se ele pagou, imagina-se que não deva mais nada, e deva novamente fazer parte da sociedade que o marginalizou. Portanto, em tese, é uma iniciativa louvável.
O sexto é imaginar que uma ONG que se propõe a ajudar presos tenha que ajudar a qualquer um. Já falamos sobre isso pessoalmente. O que eu acho é que deveria haver algum outro tipo de serviço que ajudasse, por exemplo, pessoas com qualidade e que queiram participar do mercado de trabalho a efetivamente fazê-lo. Mas certamente não é o caso daquela ONG. É como se houvesse a ONG dos instrumentos musicais de lata e você pedisse para se juntar a eles porque sabe tocar violino. Em princípio, você teria que ir a outro lugar.
Apontei alguns enganos seus, mas concordo com algumas coisas também. Por exemplo, as ONGs, como estão "formatadas" hoje não estão corretas. Seu funcionamento deveria ser garantido sem participação do dinheiro público... afinal, são "não governamentais".
Outra coisa é sobre pessoas que se aproveitam das suas posições, seja em "refrigeradas salas" ou não, para fazerem autopropaganda na mídia. A respeito disso, concordo com você que dar espaço a essas pessoas é um erro.
É isso! Abração!