A Segunda Consideração Intempestiva - Da utilidade e desvantagens da História para a vida, de Nietzsche, faz uma crítica da cultura de seu tempo, a partir do que o bigodudo chama de "historische krankheit" (doença histórica).
Segundo o filósofo alemão, o "excesso de história", ou seja, supervalorição do conhecimento histórico acaba por "sufocar" a criatividade do vivente, que fica como que impotente em presença da grande carga que o passado e a tradição lhe impõem.
Sem poder agir, o homem se imobiliza... e o critério nietzscheano para determinar se a História está sendo vantajosa, que é a vida, perde vigor, estabelecendo a "condenação" momentânea da "Historie".
O texto é muito rico. A História, nele, não é um monolito, criticado tresloucadamente. Haverá espécies de História, cada uma delas tendo suas utilidades e desvantagens.
De qualquer forma, esse não é um post sobre a Segunda Intempestiva como um todo, mas apenas sobre uma pequena passagem que diz respeito ao conceito nietzscheano de "Esquecimento". Só a partir dessa atividade é que o vivente se livraria do peso do passado, o qual impedia suas ações. Trata-se, portanto, de uma necessidade de um "espaço a-histórico", mesmo sendo reconhecido que o homem é um ser histórico.
O comentador Günter Figal, no livro Nietzsche - Uma introdução filosófica, publicado no Brasil pela Mauad-X, escreve: "'todo vivente', diz Nietzsche, 'só pode tornar-se saudável, forte e frutífero no interior de um horizonte'; O QUE NÃO CONSEGUE SUBJUGAR PRECISA SER ESQUECIDO, e, então, ele não 'está mais aí'".
Quem não lembra do conceito de "Recalque" freudiano, lendo isso?