Houve tempo em que a simples distinção entre "esquerda" e "direita" era suficiente para estabelecer o ideário político de um partido. Hoje, parece-me que isso já não ocorre.
Como sabemos, a associação de uma referência espacial a um posicionamento ideológico, dentro da Política, se dá no cenário que precede a Revolução Francesa. Ao convocar os Estados Gerais, o rei Luís XVI tomou seu assento e ao seu lado direito ficaram os representantes do Primeiro e Segundo Estados - clero e nobreza, respectivamente -, enquanto à sua esquerda posicionaram-se os do Terceiro Estado - o povo.
Diante da grave crise instalada no reino, os da "direita" eram aqueles que tinham interesse na continuidade da monarquia, e de seus próprios privilégios, enquanto os da "esquerda" representavam o espírito revolucionário, com pretensões, inclusive, de dar fim à monarquia.
Apesar de bem identificada essa gênese, ao longo dos anos os termos "esquerda" e "direita", na França, permaneceram referências secundárias. Inclusive, após o 9 Termidor de 1794, o método das cadeiras foi abolido.
Contudo, com a Terceira República (1871), os termos "espaciais" passaram a ser utilizados como "ideológicos" pelos próprios políticos - surgindo partidos como "esquerda republicana", "centro esquerda" e "centro direita", por exemplo.
Hoje, mais do que um "eixo ideológico", onde há dois extremos, a "direita" e a "esquerda", é necessário um "espectro político" - contendo "regiões" ideológicas, para dar conta da diversidade de posições políticas possíveis.
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