O livro Grandes lendas do pensamento, de Henri Pena-Ruiz, traz uma série de questões consideradas fundamentais para o pensamento humano - como o livre-arbítrio; o sentido da vida; as paixões, etc. -, valendo-se de estórias e mitos.
Uma dessas estórias se refere ao filósofo francês René Descartes (1596-1650), respondendo, ao diplomata Hector-Pierre Chanut (1601-1662), a questão "Por que amamos mais certas pessoas do que outras?".
Descartes apresenta uma resposta muito interessante, que lembra muito a visão freudiana sobre a associação de duas impressões, expondo uma análise que fora fazendo de si mesmo, a partir de uma experiência da sua infância.
Em carta de 06 de junho de 1647, ele escreve:
"Quando criança, eu amava uma garota [...] que era um pouco vesga; com isso, a impressão em meu cérebro, quando olhava seus olhos desviantes, se aproximava tanto da que nele acontecia para estimular-me as paixões amorosas, que, muito tempo depois, vendo vesgos, eu tendia a gostar mais deles do que de outros, simplesmente por possuírem defeito; ignorava, contudo, que fosse por isso".
Para arrepio do mestre vienense, criador da Psicanálise, contudo, Descartes conta que fez uma autoanálise, a partir da qual se conscientizou da origem de sua emoção - o mecanismo associativo entre uma emoção passada e outra presente -, e deixou de se comover. Permanecerá um "vestígio", uma "marca" no cérebro - como veremos a seguir -, mas sem futuro afetivo.
A explicação do fenômeno do "vestígio" é o seguinte:
"Os objetos que afetam nossos sentidos movem, por meio dos nervos, algumas partes de nosso cérebro, neles formando certas dobras que se desfazem quando o objeto cessa de agir; mas a zona na qual elas foram feitas permanece, posteriormente , predisposta a ser dobrada novamente, do mesmo jeito, por outro objeto semelhante, ainda que não totalmente, ao precedente".
A ideia do "vestígio", essa "marca" que resta no cérebro, após uma impressão, em alguma medida, repete uma noção estoica... que depois parece ser retomada por Spinoza. Mas isso é outra estória...
Descartes apresenta uma resposta muito interessante, que lembra muito a visão freudiana sobre a associação de duas impressões, expondo uma análise que fora fazendo de si mesmo, a partir de uma experiência da sua infância.
Em carta de 06 de junho de 1647, ele escreve:
"Quando criança, eu amava uma garota [...] que era um pouco vesga; com isso, a impressão em meu cérebro, quando olhava seus olhos desviantes, se aproximava tanto da que nele acontecia para estimular-me as paixões amorosas, que, muito tempo depois, vendo vesgos, eu tendia a gostar mais deles do que de outros, simplesmente por possuírem defeito; ignorava, contudo, que fosse por isso".
Para arrepio do mestre vienense, criador da Psicanálise, contudo, Descartes conta que fez uma autoanálise, a partir da qual se conscientizou da origem de sua emoção - o mecanismo associativo entre uma emoção passada e outra presente -, e deixou de se comover. Permanecerá um "vestígio", uma "marca" no cérebro - como veremos a seguir -, mas sem futuro afetivo.
A explicação do fenômeno do "vestígio" é o seguinte:
"Os objetos que afetam nossos sentidos movem, por meio dos nervos, algumas partes de nosso cérebro, neles formando certas dobras que se desfazem quando o objeto cessa de agir; mas a zona na qual elas foram feitas permanece, posteriormente , predisposta a ser dobrada novamente, do mesmo jeito, por outro objeto semelhante, ainda que não totalmente, ao precedente".
A ideia do "vestígio", essa "marca" que resta no cérebro, após uma impressão, em alguma medida, repete uma noção estoica... que depois parece ser retomada por Spinoza. Mas isso é outra estória...
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