terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A eleição...


   Assunto do mês de outubro... mas... bastante quente ainda: a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil. Sobre isso, vale a pena escrever muito.
   Vamos começar com um aperitivo, perguntando: Democracia não é assim mesmo? 

4 comentários:

Luis disse...

Pode ser, sim... mas falamos da democracia representativa, claro, e na minha modesta opinião o voto não é a essência da democracia -bem pelo contrário.
Eu sou actualmente um adepto do não-voto e confesso que mesmo na difícil situação brasileira, perante a eleição provável de um Bolsonaro, eu me teria abstido. Para já, deixo apenas esta declaração de princípios, em jeito de provocação, mas estarei sempre pronto a debater a "democracia" e o "voto" e a justificar as posições que assumo
Abraço

Ricardo disse...

Caro Luís, vejo a democracia como um complexo de atividades que resulta na possibilidade de participação da sociedade civil no poder do Estado. O voto, como possibilidade de escolha dos nossos representantes, é parte disso. Concordo que não é exatamente a essência, mas acho parte bem significativa do processo. Afinal, não estamos escolhendo apenas o nome de um representante, mas um conjunto de ideias - e, também, valores - que esperamos que orientem as políticas públicas do Estado. Essas ideias se encontram materializadas na pessoa de nosso representante, pelo menos em parte, e em tese.
Ao contrário de você, como princípio, defendo o voto... quero dizer a escolha. A questão que me parece fundamental diz respeito à qualidade da escolha, não apenas pela competência do eleitor, mas também - talvez até mais importante nos dias atuais - pelo valor do eleito.
Acho que, em alguma medida, o voto está para a democracia como as provas estão para as escolas. Trata-se de uma forma necessária, mas insuficiente, de avaliação dos candidatos - políticos ou alunos.
Mas... conversemos...

Luis disse...

Caro Ricardo,

Acabei por aproveitar o seu post ""Por que se vota em alguém? (2)" para comentar. Eu votei quase sempre ao longo da minha vida, em grandes partidos e até em partidos muito minoritários.... E nada tenho contra quem vota, defendi muitos anos em Portugal o direito de votar, quando este era completamente escamoteado e as eleições uma farsa. Apenas sublinho que meu abstencionismo é um engajamento político e não uma desistência. E abster-me é um direito democrático, o que defendo é que o voto seja um dever mas não uma obrigação. Na Bélgica é uma infração que pode levar a uma sanção penal; dispositivos mais ou menos coercivos na Austrália, Luxemburgo, Turquia, Grécia, Áustria, em pelo menos um cantão suiço, em alguns países de continente americano como Costa Rica e Brasil. Ora como ninguém tem a obrigação de se candidatar, e uma vez eleito, não tem sequer de aplicar seu programa na medida em que o mandato NÃO É IMPERATIVO, ninguém tem a obrigação de votar. Mas lhe prometo uma coisa, Ricardo, no dia em que o mandato for imperativo então eu aceito falar de obrigação em votar. Não antes.
Abraço,
luís

Ricardo disse...

Caro Luís, novamente grande prazer ler um comentário seu. Vamos ao que penso sobre ele.
Não há, absolutamente, como deixar de concordar que se abster é um direito. E, como você bem disse, é uma postura que pode traduzir um posicionamento ativo, e não passivo. Ou seja, pode significar uma forma de oposição ao método de escolha, e não apenas uma frustração geral quanto ao mesmo.
Também concordo com sua opinião em relação à necessidade de mudanças no sistema de representação. Por aqui, discute-se muito a questão de uma reforma eleitoral.
Gostaria muito, também, que houvesse uma necessária vinculação entre o prometido antes e a ação durante o mandato. O que mais acontece é o tal "estelionato eleitoral".
Portanto, até agora, estamos alinhados. Mas... eu pergunto a você: qual o resultado prático deste comportamento? Pelo menos aqui no Brasil, nenhum. Aqui, se houver um voto para um candidato - por exemplo, o dele próprio - e zero para todos os demais, aquele do voto único será eleito.
Em sendo assim, continuo pensando que vale a pena sempre escolher o melhor - se ele existir - ou o menos pior, caso só haja candidatos ruins, segundo algum critério.
Grande abraço.