Há algum tempo, aqui no Brasil, principalmente com a radicalização das opiniões políticas nesta mais recente eleição, tem sido muito ouvida a acusação de alguém ser "fascista". A mim, o excesso do uso desta palavra tem tumultuado mais do que ajudado a classificar as ideias daquele para quem se aponta o dedo ao lançar tal acusação.
Em primeiro lugar, acho que se trata de uma nova versão da falácia "reductio ad hitlerum" ou "argumentum ad hitlerum" - conforme expressão cunhada por Leo Strauss. Visto que Hitler é uma figura abominável, do ponto de vista moral, merecendo rejeição completa de todos, a acusação imputada a alguém de defender ideias nazistas bloqueia completamente a continuidade de escuta dos argumentos do outro. Comparativamente, se alguém é acusado de ser um "fascista", cria-se um obstáculo ao seu discurso, impedindo que a pessoa continue a expor suas ideias.
Mas quem acusa o outro de "fascista" quer dizer exatamente o quê?
Vamos começar com uma análise bem básica, utilizando o Dicionário de Política, de Bobbio, Matteuci e Pasquino, no verbete "fascismo".
Lá está escrito que haveria três usos para o termo, que se referem a:
1) um núcleo histórico original, constituído pelo fascismo italiano;
2) uma dimensão internacional que o fascismo alcançou, quando o nacional-socialismo se consolidou na Alemanha; e
3) a movimentos que compartilham com o fascismo histórico um certo núcleo de características.
Decerto que, no Brasil, quando falamos, por exemplo, que alguém que votou em Jair Bolsonaro é um "fascista", está sendo feita referência ao terceiro uso do termo "fascismo".
Quem usa o termo, de modo acusador, tem certeza que está fazendo isso de modo correto. Mas... será mesmo?
Para ter plena certeza disso, o "acusador" teria que saber se há concordância entre as ideias do suposto "fascista" com "um certo núcleo de características" com o "fascismo histórico" (Bobbio) ou o "fascismo clássico".
Vamos explorar, em posts futuros, esse tema.
Mas quem acusa o outro de "fascista" quer dizer exatamente o quê?
Vamos começar com uma análise bem básica, utilizando o Dicionário de Política, de Bobbio, Matteuci e Pasquino, no verbete "fascismo".
Lá está escrito que haveria três usos para o termo, que se referem a:
1) um núcleo histórico original, constituído pelo fascismo italiano;
2) uma dimensão internacional que o fascismo alcançou, quando o nacional-socialismo se consolidou na Alemanha; e
3) a movimentos que compartilham com o fascismo histórico um certo núcleo de características.
Decerto que, no Brasil, quando falamos, por exemplo, que alguém que votou em Jair Bolsonaro é um "fascista", está sendo feita referência ao terceiro uso do termo "fascismo".
Quem usa o termo, de modo acusador, tem certeza que está fazendo isso de modo correto. Mas... será mesmo?
Para ter plena certeza disso, o "acusador" teria que saber se há concordância entre as ideias do suposto "fascista" com "um certo núcleo de características" com o "fascismo histórico" (Bobbio) ou o "fascismo clássico".
Vamos explorar, em posts futuros, esse tema.
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