quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Para que se vota em alguém?


   Atendendo à sugestão do nosso amigo Luís, mudei a questão. 
  Vou resistir à vontade de sair respondendo diretamente às seis perguntas postas por ele. Embora, esse seja o objetivo deste post.
   Mas... vamos pensar na questão: Para que se vota em alguém?
   A resposta a esta pergunta específica não é tão complicada. Eu diria, com certa tranquilidade, que, à medida que a sociedade se torna maior e mais complexa, os assuntos que envolvem sua administração vão ganhando um grau de tecnicidade que demanda participação mais intensa e mais qualificada de quem toma as decisões.
   Exemplificando. Se moro em uma vila de dez casas e as famílias têm que decidir sobre a limpeza; a iluminação; o estacionamento de carros e a segurança, por exemplo, dos espaços comuns, é bem razoável que façamos uma reunião periódica para realizar as escolhas referentes a essas questões. Cada casa enviaria pai e mãe - eventualmente, um filho ou filha mais velho(a) - para "votar" na melhor opção. O dia da reunião seria pactuado, a fim de que todos pudessem lá estar apresentando suas opiniões, antes do voto. Este é um bom exemplo de democracia direta.
   Mudemos um pouco. Agora, moro em um condomínio com cinco prédios, cada um com dez andares, que têm oito apartamentos por andar... são, portanto, quatrocentas unidades. Penso que o agendamento das reuniões já ficaria mais complicada, pelo menos se quiséssemos que todos participassem. Mas não é só isso. Será mais complicado alguém ficar responsável pela identificação correta de todas as necessidades; pela coleta dos recursos; pela contratação dos serviços; pelo controle dos resultados; etc. e tal.
   O que faríamos neste último caso? Provavelmente, escolheríamos alguém - com tempo disponível - para ser administrador do dia-a-dia, e este comporia grupos de trabalho para lidar com assuntos específicos do condomínio. A questão da reforma do elevador, por exemplo, contaria com ajuda daquele condômino que é engenheiro. O questionamento na Justiça sobre aquele condomínio vizinho que está querendo invadir a área no fundo dos nossos prédios terá a participação do condômino que é advogado. E assim por diante.
   Resumindo: a maior exigência de tempo e competência para resolver as questões - que também aumentam muito em quantidade - relativas à comunidade em que vivemos acaba por exigir agentes mais "dedicados" à administração desse grupo.
   Vou um pouco além. Digamos que me fosse dado o direito de opinar, junto com o restante dos duzentos milhões de brasileiros, sobre um acordo de comércio internacional. Em princípio, eu teria que me debruçar sobre um documento de duas mil páginas, envolvendo correspondência trocada em vários idiomas, com termos técnicos de economia, tributação, comércio, etc., para poder decidir. É claro que poderia só ver as propagandas, bem simplificadas, a favor e contra os diversos itens abordados pelo documento, e decidir depois. Mas... em alguma medida, esses "decifradores" são meus REPRESENTANTES, no mínimo para leitura.
    Sigamos...

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