sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A intencionalidade

  Errou quem pensou que esse post se refere a um dos pilares da Fenomenologia husserliana, que indica que a consciência é sempre consciência DE algo, e que o elemento estruturante básico dessa relação é a "intencionalidade".
  Há pouco tempo, tive que me dedicar um pouco mais à discussão teórica sobre a "textualidade" - que diz respeito às características que fazem com que uma ocorrência linguística seja um texto, e não simplesmente um amontoado de frases. Há uma série de fatores que determinam essa classificação como "texto". Resumindo um pouco, temos dois grandes grupos: os fatores linguísticos (coerência e coesâo) e os fatores pragmáticos (intencionalidade, aceitabilidade, situcionalidade, informatividade e intertextualidade).
  No caso deste post, a "intencionalidade" se refere ao primeiro dos fatores pragmáticos citados acima.
 Na minha pesquisa por referências, descobri um blog bastante interessante, que, aliás, sugiro a todos os amigos que trabalham com textos na nossa língua mãe, como é o "nosso" caso. O blog é da professora Marta Melo de Oliveira e seu endereço é http://noisfalatrem.blogspot.com/ . Um dos últimos posts, por exemplo, diz respeito a como fazer citações e referências de acordo com a ABNT.
  Especificamente sobre a "intencionalidade" - essa da textualidade -, a professora Marta explicou, em abril de 2006, que "todo texto nasce... de uma intenção comunicativa". Até aí, nenhuma novidade. Interessante, entretanto, é que ela indica, ao final de sua explicação que "nenhum texto é inocente, todos têm uma intenção".
  Essa última frase nos diz algo sobre um assunto que temos discutido algumas vezes por aqui, que é possibilidade de uma "neutralidade perfeita" da Imprensa. A mim parece, como eu já escrevi algumas vezes, que essa neutralidade absoluta não é possível, haverá sempre um algo de ideológico nos textos - sem entrar no mérito se a ideologia em questão é "boa" ou "ruim". Guardado o afastamento necessário com o texto da mestra Marta, que diz respeito a intenção de comunicar mais um conteúdo do que uma ideologia, eu faria minhas as palavras dela de que "nenhum texto é inocente, todos têm uma intenção".

2 comentários:

Marise von disse...

Olá Ricardo,
Já fiz uma visita ao blog da Prof. Marta, muito bom mesmo. Escrever não é fácil, e as citações foram um problema no meu artigo de conclusão da pós.
Concordo com você e a prof. Marta" que nenhum texto é inocente, todos têm uma intenção".
Ninguém escreve por escrever, sempre existe uma intenção...muitas vezes não revelada.
Ricardo,
Agradeço aos seus comentários no meu blog, pois os mesmos nos levam a uma reflexão profunda.
Quanto as provas que postei no meu blog: Aqui em São Paulo, o concurso está previsto para março, como uma extensa bibliografia...e a prova será elaborada pela Fundação Carlos Chagas.
Pretendo me desligar do mundo virtual, por algum tempo para estudar.É uma questão de"honra", passar neste concurso.
Abraços excelente fim de semana.
Marise.

Ricardo disse...

Cara Marise:
Espero que muitos dos amigos daqui possam absorver as lições da Profa. Marta, indo ao blog dela. Provavelmente por absoluta falta de tempo, parece que a atualização não tem sido feita amiúde. Espero que isso mude.
Quanto ao seu afastamento, ele será sentido por todos que acompanham seus blogs. Acho que você terá que promover sua filha à "interina" na atualização dos seus blogs.
Estaremos todos torcendo por você.
Excelente fim de semana, também, e abraços.