segunda-feira, 15 de junho de 2015

Cérebro e Sistema Linfático


   A notícia já foi veiculada há mais de uma semana, portanto, não é exatamente uma novidade o que eu vou escrever aqui, mas há uma reflexão posterior que eu gostaria de fazer.
   Pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos EUA, encontraram estruturas similares aos vasos linfáticos interligadas aos vasos sanguíneos na superfície da meninge de camundongos - o que sugere que o mesmo ocorra nos seres humanos. Segundo os pesquisadores, isto muda completamente a maneira de ver o cérebro, quanto a seu isolamento em relação ao Sistema Imunológico.
   O achado foi tão surpreendente que os próprios pesquisadores duvidaram dele. Jonathan Kipnis, diretor do Centro para Imunologia do Cérebro e Glia da Universidade de Virgínia e autor sênior do estudo, por exemplo, disse: "Eu realmente não acreditava que haveria estruturas no corpo que ainda não conhecíamos. Achava que o corpo já tinha sido totalmente mapeado e que descobertas como estas terminaram de ser feitas em algum ponto por volta de meados do século passado, mas aparentemente isso não aconteceu".
   A descoberta levanta novas questões sobre o cérebro e seus males - inclusive o Alzheimer, que traz tanto sofrimento à minha família.
   Agora, a minha reflexão específica sobre o interessantíssimo fato. Curioso o cientista estar tão surpreso com a descoberta de uma novidade sobre a anatomia humana. A ciência, pelo menos neste aspecto, imaginava já ter descoberto todas as estruturas possíveis... e isto, desde o "século passado". É como se, apesar das críticas à existência de uma "verdade", desde Nietzsche - na verdade, os céticos, e mesmo os sofistas já o fizeram bem antes, mas deixemos os louros para nossa era -, ainda houvesse nichos que se apegam definitivamente a uma verdade imutável. Se bem que eu não precisaria apelar estritamente à Filosofia, visto que já houve suficiente contribuição da Epistemologia na ciência para que se pense na falibilidade de uma teoria científica como característica fundamental da mesma.
   Pelo menos, hoje vivemos em períodos onde cabe a derrubada de "verdades absolutas", ao contrário do que vivenciou Galileu, cujo telescópio foi acusado de ter sujeiras nas lentes, a partir da afirmação "absurda" do cientista de que havia manchas em corpos celestes no "todo perfeito" mundo extralunar. Erro, portanto, do telescópio, e não da teoria vigente. 

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