quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A identidade pessoal

Outra do livro de Fearn.
A 'nau de Teseu' deixa o porto a fim de realizar uma longa viagem. À medida que a viagem transcorre, algumas tábuas do navio vão apodrecendo, sendo substituídas uma a uma. Ao final da viagem, o encarregado da manutenção faz um relatório da substituição das tábuas, chegando à conclusão de que todas foram trocadas.
Pode-se dizer que esta nau foi a mesma que iniciou a viagem? Fearn diz "Como o processo de mudança foi gradual, tendemos normalmente a dizer que a relação histórica entre as duas embarcações é suficiente para que julguemos que são exatamente a mesma".
A coisa parece resolvida. Entretanto... uma das ferramentas da Filosofia é a chamada "experiência mental" - um experimento que não poderíamos realizar na prática, mas que, apesar das dificuldades imagináveis, seria "pensável".
Fearn sugere, então: "Que diríamos se, por toda a viagem, a nau de Teseu tivesse sido seguida por uma outra, tripulada por carpinteiros, e estes tivessem recolhido uma a uma as pranchas descartadas da primeira nau e as usado para construir uma réplica exata dela? Nesse caso, haveria uma rival aspirante ao título 'nau de Teseu', com mais direitos, já que é composto dos mesmíssimos pedaços que o barco que deixou o porto".
É... a coisa mudou agora!
Se lembrarmos que muito do corpo com que nascemos sofre transformaçõe e que, passados muitos anos, a maior parte da "estrutura" não é mais original, podemos dizer que ainda somos "o mesmo"?

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