sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O erro de Descartes

A matéria de capa da última edição da revista "Conhecimento Prático - Filosofia" trata justamente do erro cartesiano, fundamentando-se nas ideias do livro que tem o mesmo título do post, de autoria do neurocientista português António Damásio.
A matéria indica que Damásio, com seus longos anos de experiências científicas, afirma que o famoso "cogito" cartesiano poderia ser melhor expresso através da frase "Penso, sinto, logo existo".
No livro, Damásio conta a estória triste de Phineas Gage, que, em 1848, teve o crânio atravessado por uma barra de ferro. Apesar dos poucos recursos da época, Gage sobrevive e volta a tentar ter uma vida normal. Por conta da área lesionada no cérebro, o lobo pré-frontal, Gage perde a capacidade de emocionar-se. É verdade que seria de se esperar que sua vida social fosse prejudicada, o que realmente aconteceu; mas foi surpresa um outro "efeito colateral": a falta de capacidade de decidir sobre opções do quotidiano... inclusive, decisões técnicas, mesmo com a manutenção de sua "memória tecnológica".
A revista apresenta a conclusão dos estudiosos: "os sentimentos e as emoções roçam a nossa racionalidade, impelindo-nos a determinadas decisões, comportamentos e planejamentos. Nossa necessidade de sobrevivência, nosso corpo e mente estão em contínua relação".
E conclui, sobre o pai do Racionalismo, que "Descartes, sem reduzir sua importância como filósofo, errou duas vezes: uma, ao considerar a razão o princípio motor do humano, desvinculada das emoções e outra, quando exclui o corpo de suas vicissitudes mentais".
Nem vou dizer que, depois desse livro, António Damásio escreveu outro, que poderia ter se chamado "O acerto de Spinoza" (rsss), que dizia respeito à percepção do holandês de que havia uma profunda ligação entre o corpo e a mente, no que diz respeito às emoções, e como o desejo era importante na vida humana - aliás, Freud também "descobre" isso uns duzentos e poucos anos depois -, bem como sua visão de que a razão não pode se assenhorar das emoções - pelo menos, sem prejuízo da saúde psíquica.

3 comentários:

Maria disse...

Senhor Ricardo, deveria ter colocado luso -holandês quando se referiu a Espinosa, afinal ele era filho de judeus portugueses e segundo consta usou muito o português na sua vida. Assim a referência a Portugal apareceria duas vezes, no António Damásio e no Espinosa.
Por falar nisso…reparei agora que já passou um mês e o senhor, que se diz amante de futebol e os seus amigos, Paulo e Mundy não fizeram uma única referência ao facto do português – Cristiano Ronaldo ter sido considerado o melhor jogador do mundo. Afinal vocês gostam de futebol ou apenas do vosso Fluminense?

Ricardo disse...

Sra. Maria, para agradar-te e fazer justiça a Portugal, reconheço que nosso querido Spinoza era um luso-holandês.
Além disso, parabenizo Portugal, e a ti também, pelo título de melhor jogador do mundo para o ótimo Cristiano Ronaldo. Em um país que se destaca pela cultura, ter um jogador de futebol que é o melhor do mundo é coisa fantástica... ainda mais se pensarmos no tamanho comparado entre o "continente" Brasil e o "pequeno" Portugal.
Estão de parabéns duas vezes. Eu, entretanto, preferiria ter um Spinoza a centenas de Cristianos Ronaldos.

Maria disse...

Senhor Ricardo!!!
Mas isso nem se discute. Cristianos Ronaldos vão haver muitos ,Espinosa vai haver sempre e apenas um. Viva o Espinosa!!!
Só comentei porque vocês quase que roçam o fanatismo pelo futebol e no seu perfil o senhor escolhe o futebol como das suas coisas preferidas ao lado da filosofia...rs