quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Uma defesa de Aristóteles

É bem verdade que alguém conhecido como "O Filósofo" - alcunha de Aristóteles - não parece precisar de defensores, ainda mais de pouca qualidade filosófica como eu. Entretanto, já que muitos lhe fizeram oposição, acho justo expor uma defesa em especial, a partir do livro de Nicholas Fearn, que já citei em outros posts.
O livro começa citando Bertrand Russel: "Desde o início do século XVII, quase todo avanço intelectual sério teve de começar como um ataque a alguma doutrina aristotélica". A Física aristotélica realmente foi muito atacada - de maneira muito acertada, diga-se de passagem. Entretanto, no que diz respeito à compreensão da Biologia, até Charles Darwin reconheceu que foi Aristóteles quem deu a maior contribuição de todas.
Essa já seria uma defesa de peso, hein! Mas eu acho que dá para ir além.
Fearn escreve que "lamentavelmente, os métodos que o filósofo expôs não foram empregados por seus herdeiros. Admitindo, em 'Da geração dos animais', que não sabia como as abelhas se desenvolviam até a maturidade, Aristóteles escreveu: 'Os fatos ainda não foram suficientemente estabelecidos. Se jamais vierem a ser, o crédito deverá ser dado não às teorias mas à observação, e às teorias somente na medida em que elas forem confirmadas pelos fatos observados'". E Fearn complementa: "Por quase dois mil anos após a morte de Aristóteles, os filósofos em geral deixaram de observar os fatos". Ou seja, "O Filósofo" não se limitava às especulações "vazias", ele inquiria a realidade. É bem verdade que podia entender mal algumas das respostas dadas pelo mundo, mas não se limitava a dogmatizar esse mal entendido... como pretendem alguns modernos.
Fearn diz que Francis Bacon contava a seguinte estória: "um grupo se encontrou na Idade Média para discutir quantos dentes tinha um cavalo. Não conseguindo encontrar uma resposta nas obras de Aristóteles, um dos mais jovens e ingênuos sugeriu que fossem ao estábulo e contassem. Por isso, foi expulso da reunião". Conclui Fearn: "O episódio diria menos sobre os erros de Aristóteles do que sobre aqueles que, enquanto conservavam suas conclusões, evitavam seus métodos".

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