segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"O homem é a medida de todas as coisas"

Por esses dias estive dedicado ao pensamento humanista e relativista do sofista Protágoras. De maneira geral, invocamos sua citação "O homem é a medida de todas as coisas" para mostrar, segundo um relativismo moral, a necessidade da tolerância com as opiniões que desejamos validar. A verdade, entretanto, é que dificilmente usaríamos o mesmo expediente para "deixar para lá" o apedrejamento de uma mulher por traição dentro da relação do casamento. Aliás, houve uma comoção mundial quando um caso como esse estava prestes a acontecer na África - se não me engano -, e para sorte do "nosso" ponto de vista - que é nada mais que "uma vista de um ponto" -, a moça foi dispensada da pena capital.
O fato, entretanto, que eu queria registrar diz respeito ao filósofo cético Montaigne, presente em Rouen, em 1562, quando o jovem rei Carlos IX recebeu índios americanos em seu palácio. Após a entrevista com o rei, os índios estranharam o fato da guarda do rei obedecer a um frágil rapaz, ao contrário de escolher um líder que fosse um guerreiro forte e destemido, entre os seus. Além disso, ter-se-iam espantado com a existência de mendigos nas ruas da França, convivendo com o luxo da corte, sem que se rebelassem.
Montaigne, então, nos seus famosos "Ensaios", mostra que os europeus pareciam, aos indígenas, tão bárbaros e de hábitos tão primitivos quanto eles aos próprios europeus. Montaigne reforça a ideia de que não há como julgar uma cultura - eu ampliaria a questão, para "não há como julgar seguramente uma situação particular qualquer" -, senão da perspectiva de outra. Então, a única postura razoável é a tolerância... talvez, ainda que diante de posições meio "esquisitas".
Para fechar, cito Montaigne: "Chamamos bárbaro aquilo que não faz parte de nossos costumes".

7 comentários:

Anônimo disse...

O Homem é a medida de todas as coisas.
Bem será que o homem também é a falta de medida sobre algumas coisas, não quero ser filosofico e muito menos existencial, pois não possuo nem cabedal para tal, isso deixo para o meu cumpadre, pois confesso que ao ler o Titulo do seu Post, deveria ter lido o texto todo, mas logo veio a minha cabeça esta frase e seguindo o meu roteiro que é escrever tão logo vem a mim alguma coisa, começo a escrever, sou sincero, não li sua mensagem todas, mas a mim deu vontade de escrever sobre esta minha frase, olha não entendo minha cabeça, confusa como ando, talvez a razão tenha ficado em algum lugar num passado longiquo, verdade há muito sinto que não razao no que escrevo, pode ser que haja alguma emoção, mas não tenho nem esta noção ,confesso, mas é estranho ler um Titulo e discorrer sobre algo contra argumentativo e que em verdade nem argumenta nada, apenas palavras soltas, de maneira a procurar um sentido para elas, e sei que há momentos que vc não deve nem entender o que quero expressar, mas não se preocupe, pois nem eu entendo , apenas deu vontade de expressar me por aqui e o fiz, rapaz o dia que eu entender por que escrevo desta forma, sinto que serei um ser , talvez um pouco mais entendor do que passa em minha mente e na minha vida, no momento somente o que há é a vontade livre de expressar ideias , com ou sem proposito especifico, cabe a quem ler o que escrevo, aproveitá las ou não, entender que seja legal iniciar uma treplica ou simplesmente ignorar o que não sei argumentar ou explicar, perdoe me pela encheçao de espaço tao sem sentido, mas vc como inteligente que é terá alguma interpretação a dar e pode ser que me ajude , a entender o que pode ser o que eu tenha tentado transmitir.
Valeu e agora vou terminar de ler o seu texto.

Sds

Mundy

Anônimo disse...

O caso do apedrejamento a que se refere , foi na Argélia ou Nigéria, parece que Nigéria que é predominante muçulmana, aí cabe a vc me esclarecer, pois as confundo , não sei qual delas é de maioria muçulmana fundamentalista, mas tentei o ajudar, poderia fazer o que a Novelista global deveria fazer ao escrever a novela caminho das Indias, porque cito a novela,bem eu não vejo novela, mas Andreia agora voltou a este hábito, ela também não via mais, mas agora voltou a faze-lo, então ontem vi uma cena da novela que caberia em outra epoca e não agora, ou se coubesse agora não seria no extrato social da pessoas envolvidas, vamos lá então em determinada cena um Indiano daqueles que namorava uma Brasileira, vai para a India comunicar que quer se casar com sua Namorada Brasileira, quem sabe um pouco da cultura indian a e eu naõ sei nada , além do pouco que vou falar aqui, sabe que a India vive os contrastes de uma sociedade em que a alata tecnolgia convive com a miseria absoluta, e que eles respeitam tradiçoes milenares, como o fato da Vaca ser sagrada , macaco tambem e por aí, e que outro contraste dentro da sociedade é om respeito as Tradiços das castas que só se misturam entre semelhantes e etc, não cabe a mim entra no teor de tudo pois não sei e seria leviano tecer argumentos, ms como dizia o Cara foi comunicar a familia que queria casar coma Brasuca e foi negada a vontade dele, pois foi exigido da familia o cumprimento das regras culturais, pois então o sujeito volta ao Brasil para comunicar a moça que não poderia casar , pois seus pais não permitiram, ao que a Moça aos prantos, pois se desfez de todo seu patrimonio e carrira na esperança de ir para India com seu amado, e a moça expulsa o Rapaz ao berros , lógico depois de todo aquele drama novelesco, vira se a Moça para a amiga Vera Fischewr e conclui que ele usou desta desculpa para romper com ela pois tem outra mulher na parada,no qual a plastificada VEra Fischer concorda, ora meu amigo, até entenderia estes argumentos em outra epoca , sem internet, agora num mundo globalizado, e a carreira da mulher senão me engano é Médica psiquiatra, vai vender tudo e abrir mão da carreira e não vai nem se interessar em saber um pouco da cultura do pais para onde vai, olha é um pouco forte,sei que é novela , e novela tem muito de irreal ,mas algumas coisas nao da para aceitar, no minimo sendo duas pessoas de culturas diferentes, uma ocidental e outra oriental, e no minimo dever dela ao ter recebido a proposta de se mudar para um Outro pais com seu amado, que pesquisasse algo sobre a cultura de onde vai, e não tem desculpa, pois hoje tem lan house em qualquer esquina, até meu filho LUIGUI com 3 anos sabe que não pode se casar com uma Indiana de forma tão fácil asim, hehehehehehehe.

Maria disse...

Senhor Ricardo!!!
Ando aqui numa lua sem tréguas com os sofistas, como Protágoras foi sofista que tal me responder a umas perguntas?
sofista deverá vir da palavra sofia-sabedora e será que sofisma virá da palavra sofista? É que cabe que nem uma luva na perspectiva de Platão...sofisma como logro/engano.
Outra coisa, será que os sofistas só têm rosto pq Platão çhes deu, tal como fez a Sócrates?
Li a frase de Górgias e gostei "
``Com este poder farás teus escravos o médico, o professor de ginástica, e até o grande financeiro chegará à conclusão de que arranjou dinheiro não para ele, mas para ti, que sabes falar e que persuades a multidão.''
Até gosto dos meus antecessores sofistas...rs
Tenha umas boas férias, ou lá o que está a ter.
Um abraço a Mundy também.
Maria

Ricardo disse...

Meu amigo, por vezes, imagino que essa sua apologia da "emoção" - em detrimento da "razão" - soa um pouco vazia e artificial.
Como se comportar no mundo sem avaliar o peso das emoções numa ação?
Os autores românticos, que se destacaram por valorizar a emoção e menosprezar a razão, deixaram mais uma imagem de tristeza, de angústia e de depressão do que de felicidade.
Você diz que há momentos em que nem você mesmo entende o que quer escrever. Isso é mal! Como passar uma mensagem que não é entendida pelo próprio emissor? Será que você não quer dizer que não SE entende? Afinal, conhecer-se e entender-se é um trabalho árduo, que dá frutos viçosos para bem poucos.
Voltando... se o que você diz não é entendido nem por você, eu posso "ser a medida" do seu discurso e, ao final, você não poderá se rebelar contra a minha interpretação; afinal, nem você sabe o que é correto!
Kant dizia que o homem que ousa saber sai da menoridade imposta por si mesmo. Que tal tentar saber, pelo menos, o que você quer dizer? Eu acho que entenderei melhor! Rsss

Ricardo disse...

Agora, sobre novelas.
É impressionante como os meios de comunicação carregam essa tensão dialética de serem "deuses" e "demônios". Se, por um lado, essa novela tem a possibilidade de nos fazer conhecer costumes de uma cultura diferente - o que é sempre saudável... afinal, é para isso que se viaja -, por outro, temos que conviver com bobagens de toda ordem. Como você disse, a tal "ex-futura-esposa" é uma mulher "letrada" que se comporta como uma daquelas meninas totalmente ingênuas do interior. E mais... troca todo o seu presente de bem-estar por uma condição totalmente incerta, sem nem questionar o que é viver numa cultura tão diferente da nossa. Veja que ela não está se mudando para a Europa, que tem hábitos mais ou menos similares aos nossos, está indo para o Oriente, mas, como você colocou, não entra numa lan-house para pesquisar no Google algo sobre a cultura local.
É verdade que o drama pode usar de uma licença poética e construir uma "ultrarrealidade" (a Nova Ortografia fez isso ficar feio à beça!), carregando as tintas do que é real, a fim de que possamos identificar facilmente aquela situação. Mas, concordo com você, que deve haver um pouco mais de coerência.
É por essas e outras que eu tenho um pé atrás com a teledramaturgia e fico com a opinião (adaptada por mim) de Groucho Marx: "Eu acho que a novela traz muita cultura; pois sempre que ela começa, eu desligo a televisão e pego um bom livro!". Rsssss

Anônimo disse...

Bem quanto ao comentário seu sobre novelas, é por aí mesmo, quanto ao meu discurso ser vazio e artificial, pode até ser mesmo, pois eu disse não pretender nada mais do que ter visto e escrito, sem ter lido seu texto totalmente , peguei sua frase e comecei, não fiquei zangado, pois disse e repito, vc é muito mais argumentativo do que eu, não considero no todo um discurso vazio o meu, mas não pretendi e isto deixei claro ao escrever, passar nada mais do qeu escrevi, hehehehehehehehe, deixe me na minha artificialidade e vazio, pois se de fato eu parasse para pensar , eu poderia ser mais bem sucedido nas minhas ações, hehehehehehe, e hoje por mais que seu texto provoque em mim vontade de responder com muitos argumentos, não querendo o convencer de nada, estou aqui degustando, um achado na net, descobri um local www.futebolaovivo.com.br, que vai passar o jogo diretamente sem precisar usar o PPV, Tchau

Sds Tricolores.

Mundy

Ricardo disse...

Compadre Mundy, eu faço questão de esclarecer que o discurso que eu chamei de vazio e artificial, em você, foi o que se refere à apologia de uma "emocionalidade desarrazoada". Essa noção de que a mensagem mais sincera é aquela que brota sem nenhuma crítica prévia pode até ser correta, mas essa "acriticidade" não pode acompanhar todos os seus momentos... acho.
Imagine que nos encontremos e você me diga que só será feliz o dia que acabar com uma toca de ratos no fundo do seu quintal. Nós conversamos e chegamos à conclusão de que você deve colocar veneno para matar os bichos. Dias depois, encontramo-nos novamente. Pergunto pelos ratos. Você diz: "Ah, eu gosto tanto de ver aqueles roedorezinhos, morando no fundo da minha casa. Eles são tão bonitinhos!". Eu pergunto, então, se você trocou de objetivos, achando-se mais feliz vendo os ratinhos no quintal, e você nega veementemente, dizendo que só será feliz quando acabar com os bichanos.
Isso é "samba de crioulo doido"! A emoção tem que se aliar à razão (não disse que tenha que se submeter!), a fim de podermos navegar o oceano da vida com uma certa segurança. A "emotividade errática" é como uma bússola quebrada no nosso "navida" (um navio-vida). Desse jeito, navegaremos para onde o vento nos empurra.
Eu acharia interessante você instalar uma bússola e um timão no seu navio. E como começar essa instalação? Colocando em ordem os seus pensamentos. Registrando, com clareza, o que você quer dizer... para que outros não coloquem o valor que quiserem nos seus textos, nas suas ideias, na sua cabeça e na sua vida.
Abração, de um amigo de longa data.