quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Spinoza e o livre arbítrio

Spinoza, questiona o livre arbítrio, também por imaginar que a tal "biga platônica" não se vê livre da presença de seus "vetores" naturais. É lógico que o mestre holandês nem cita algo como uma biga, nem sequer Platão. A aproximação é minha.

Apesar de não crer no livre arbítrio, Spinoza acha possível a "liberdade", que corresponderia mais à harmonia do conjunto "razão-paixão". Desta forma, uma boa condução da biga, livre de acidentes, não se deveria exatamente a uma instância decisória transcendente, mas a uma melhor "compatibilidade" entre seus "agentes vetoriais".

Após a criação teórica do ente "eu", estabeleceram-se aspectos desse ente que seriam a "vontade", o "entendimento" e as "paixões" - uma nova tripartição. Mas a divisão, se considerarmos as partes como completamente autônomas, não me parece muito correta; afinal, a "vontade" não é uma instância completamente separada das paixões (ou apetites, desejos e, até mesmo, instintos). Freud teorizou - a meu ver, de modo correto - algo como esse "eu" sendo um "diálogo" permanente entre "consciente" - que poderia, talvez, ser bem representado pela "razão"/"entendimento" - e o "inconsciente" - que poderia, por sua vez, ser melhor representado pelas "paixões"/"apetites"/"desejos"/"instintos".

E é justamente por esse contexto "dialógico" dos três aspectos - vontade, entendimento e paixões - que, parece-me, Spinoza não vê a possibilidade do livre arbítrio. Senão vejamos, para escolher livremente, o homem teria que almejar um fim - a partir de sua vontade -, sem participação alguma da paixão. Essa "vontade livre" passaria pela instância da razão, a fim de arquitetar todo o planejamento para chegada ao fim escolhido. Onde está a "paixão", nesta situação? Ela não apareceu claramente! O fato é que ela já se encontra no cerne da escolha inicial. Portanto, caso se imagine que o "livre arbítrio" corresponde a uma escolha isenta de "coerção" de qualquer natureza, não se pode considerar livre uma escolha que já mescla "vontade" e "desejo". E é isso o que nos diz Spinoza... imagino.

Embora esse post possa parecer "psicologizante" demais, é importante perceber o alcance ético dessa discussão sobre o "eu", bem como sobre a viabilidade de uma educação para o bem viver, através da percepção do que se deve priorizar: um embate "razão-paixão", um fortalecimento da "vontade" ou o que mais seja possível.

Eu apostaria num melhor "diálogo" entre razão e paixão.

3 comentários:

Maria disse...

nada tem a ver com Spinoza, mas com outra coisa que gosta: Rui Veloso. Já há uns meses que está a passar uma música em que o Rui participa. É muito bonitinha.
http://www.youtube.com/watch?v=0lTwE6ewZlA
Outra coisa é que parece ser de fácil toque...como gosta de tocar violão, pode observar os acordes noutro vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=ZxruVlHvUHk&feature=related
Divirta-se...rs
Bom fim de semana
Maria

Ricardo disse...

Maria, fui ver o vídeo. Tenho que te confessar que gostei mais da voz do Rui Veloso cantando do que do vocalista do conjunto. Mas imagino que, por aí, as garotinhas mal ouvem o "velhinho" cantar. Rsss.
Enquanto passeava por outros vídeos do meu querido Rui, "pesquei" um de uma moça cantando "Nunca me esqueci de ti" e achei muito bom. Que tal tu conferires? O endereço é http://www.youtube.com/watch?v=ZxruVlHvUHk&feature=related
Abraço do Ricardo.
PS.: Continua mandando boas dicas como essa!

Ricardo disse...

Caramba, Maria... encontrei um vídeo da fantástica Leila Pinheiro cantando com Rui Veloso. E mais... o homem está cantando no "meu" Português, e não no "teu". Vai lá conferir essa em http://www.youtube.com/watch?v=uNx2kZEyauI&feature=related
Abração!