quinta-feira, 2 de abril de 2009

Já que o assunto é retórica...

A revista "Conhecimento Prático - Filosofia" deste mês traz o artigo "A arte de palavrear", justamente sobre o tema abordado no último post. O enfoque maior da revista é o uso da retórica enquanto ferramenta política. De qualquer forma estabelece-se uma visão geral do assunto.
O artigo informa que em "Retórica", Aristóteles já dividia o assunto em três: retórica política (ou deliberativa); retórica forense (ou legal) e retórica epidíctica (aquela que censura ou louva determinado elemento).
Citado como bom usuário da retórica, Barack Obama merece o seguinte comentário do cronista português José Manuel dos Santos: "Ouvir Obama é voltar a ler a 'Retórica' de Aristóteles. Ele convence porque argumenta, porque emociona e porque há um 'eu' que diz 'vós' e é reconhecido". José Manuel mostra que Obama persuade sua audiência pelo "logos" (apelo à razão); "pathos" (apelo às emoções) e pelo "ethos" (apelo calcado na reputação de quem pronuncia o discurso). Ou seja, envolvendo-nos por todos os lados, o bom orador nos convence da "sua" verdade.
A matéria tem um fechamento muito interessante, sobre o qual vale refletir um pouco, tanto para não cair nas armadilhas dos que fazem uso da retórica, quanto para não correr o risco de "demonizá-la" descuidadamente.
Está escrito: "Para o professor da UFRB Fábio Duarte Joly, mesmo que o senso comum ligue retórica à enganação, se as pessoas souberem avaliar os discursos políticos tendo em vista sua construção retórica, elas terão meios suficientes para analisar melhor um determinado político. Dessa forma, torna-se óbvio que a retórica, por si só, não é boa ou má. Bons ou maus são aqueles que se utilizam dessa arte com, ou sem, suas próprias noções de integridade".
A revista apresenta, também, algumas considerações sobre a Filosofia da Arte... mas isso, eu comento depois!

4 comentários:

Maria disse...

Mais uma vez não é para comentar o seu post, antes para lhe deixar uma entrevista que tenho a certeza que lhe agradará, pq sei o quanto gosta e respeita o neuro-cirurgião António Damásio, não é verdade? Esta passou ontem, ainda não a vi porque na mesma hora estava a decorrer um teatro que eu fui ver e que gostei de tal maneira que repeti hoje- “Fernão Mentes?”. Uma interpretação da “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, um navegador português do tempo das descobertas. Que maravilha de teatro, comparado com o de Saramago…o dia ao pé da noite. Assim que puder verei a entrevista que o Damásio deu ,juntamente com minha filha que adora os meandros do cérebro. Então se conseguir compreender o nosso português vai o endereço:http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/grande_entrevista/?k=1-parte-do-programa-de-2009-04-02.rtp&post=1337
Quanto ao resto aqui gozam-se umas merecidas férias. Se tudo correr bem segunda ou terça rumaremos a terras onde as touradas de morte são uma realidade. Vestígios da barbárie, de tradições que se perdem no tempo. Aqui em Portugal existe, em 2 ou 3 localidades , esses touros de morte. O governo tentou impedir, mas eles evocaram tradições e coisa e tal e…São sobretudo zonas de fronteira. Quanto às outras touradas, cada vez têm menos público…felizmente.
Que tenha uma boa Páscoa.
Maria

Maria disse...

Ontem esqueci de falar sobre a música do teatro(que vi novamente ontem) que era óptima. Abria logo com uma música de Fausto, umas das nossas melhores músicas populares. Não, não fique a pensar que é daquelas músicas horríveis com que representam os portugueses. Esta é música de qualidade que retratam bem os descobrimentos e geralmente usada nesse sentido. Embora de 82 continua actual e uma das poucas que não me canso de ouvir. Procurei no you tube …pareceu-me esta a melhor embora a imagem seja horrível- http://www.youtube.com/watch?v=X3ZNFr5EZ8Y
Procurei também a letra…repare como é rica…
http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/fausto-barcoVaiDeSaida.html
Para além de Fausto tinha tb música do meu adorado Zeca Afonso, esse o senhor já conhece. Não conhecia as músicas, mas a sonoridade é inconfundível. Bem, como imagina, estive no paraíso durante quase 2 horas. Nunca tinha repetido um teatro, desta vez fi-lo e com muito prazer…A música aliada a uma expressão corporal excelente foi demais. O teatro é um vicio, um bom vicio…diria. Estou meses sem ver, mas quando retomo só me apetece ver mais e mais e mais…Um pouco parecido com o que sente ao ler, ou a beber uma cerveja(arght). Para o fim deste mês vou ter oportunidade de me enjoar, porque tudo indica que vamos passar 4 dias ao Porto a ver e a fazer teatro, com 2 garotos. Fomos seleccionados entre centenas de escolas do país para o fazer…há que aproveitar.
Bem…horas de ir.
Bom fim de semana.
Maria

Maria disse...

Há uns 2 meses atrás falei sobre a retórica e Obama. Quando vi/ouvi o discurso dele da tomada de posse fiquei "pegada" à cadeira. O homem é simplesmente fascinante. Continuo a parar sempre que ele aparece na TV. Ele realmente usa a retórica como poucos o fazem... Ele convence e cativa.Para o bem ou para o mal a História o dirá.
Maria

Ricardo disse...

Cara Maria, é curioso que comentes que há duas ou três localidades em Portugal que também fazem a "tourada da morte". Por aqui, sempre ouvimos que elas não existiam senão na Espanha.
Quanto ao fato de teres "repetido" uma peça de teatro, surpreende-me que não tenhas feito isso antes. Afinal, tu és uma "teatrófila". Rsss.
Falando no teatro... prometo ver as músicas que indicaste.
Sobre o "teu" António Damásio, estou ávido pela entrevista. Vou lá, agora mesmo. Mas... uma correção... o homem não é neurocirurgião - pelo menos, que eu saiba -, e sim, neurocientista.
Boa Páscoa para ti e para os teus, também.