Em alguma ocasião, neste blog, eu já citei o título deste livro - o que dá nome ao post. Na ocasião, acho que fiz o comentário de que a edição brasileira do livro de Terry Eagleton é prefaciada por Luiz Felipe Pondé - que sabemos não ter nenhuma ligação de simpatia com o marxismo -, e que este filósofo brasileiro comenta a importância da obra, "que serve tanto a marxistas quanto a não marxistas. [...] [sendo] um texto formador, servido aos homens de boa vontade". Segundo Pondé, "se você quiser aprofundar de modo atento e claro o pensamento do grande crítico do capitalismo Karl Marx, leia Eagleton". Mas adverte: "A pergunta que fica é: a desconstrução da caricatura de Marx não serviria como antídoto, não apenas para não marxistas, mas também para os próprios marxistas mais devotos?".
Concluí a leitura do texto hoje. Achei o trabalho de defesa do pensamento de Marx, por parte de Eagleton, bastante interessante. Mas, sinceramente, pareceu-me menos eficiente do que se propunha. A forma, em si, é bastante interessante: cada capítulo contém uma crítica comum feita ao marxismo, e Eagleton refuta a tal oposição ao pensamento marxiano, em algo em torno de vinte páginas, na média.
Há alguns problemas, contudo. O principal é que, em alguns dos questionamentos, Eagleton acaba por apresentar textos de Marx que dão pleno apoio ao ataque que lhe é lançado. Cabe, então, ao seu defensor apenas apresentar outros textos em que o filósofo alemão se "desdiz", ou melhor, que apresenta visões distintas daquelas do outro texto.
Um dos aspectos mais interessantes do livro, penso, é que saímos daquela mesmice de "Em O Capital, Marx disse...", sendo apresentadas reflexões de Marx contidas em vários textos seus.
Acho que o livro merece uma análise mais cuidadosa, o que pretendo fazer em outros posts. Por ora, gostaria de registrar apenas duas curiosidades terminológicas.
A primeira é sobre o termo "proletariado". Em seu sentido primeiro, ele vem da palavra latina "prole", significando aqueles que eram tão despossuídos que não podiam oferecer ao Estado nada mais do que seus corpos para a produção de filhos, ou seja, de dar sua prole à sociedade como mão-de-obra. Desta forma, o "proletariado" era formado apenas por mulheres que cediam seu útero para o Estado.
A segunda diz respeito à expressão "ditadura do proletariado" - etapa intermediária do socialismo, necessária, antes da conclusão do processo com o comunismo -, que, apesar de tão ligada a Marx, foi cunhada, na verdade, por Auguste Blanqui, parceiro de luta política de Marx, que rotulava um governo em nome de gente comum.
Depois, escrevo mais sobre o livro.