sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Eu não disse?


   Num dos últimos posts, tratei de um receio que eu tinha das pessoas começarem a rejeitar mais explicitamente o "diferente", em se tratando dos países que vivem mais próximos do risco dos radicais islâmicos. 
   Pois é, li a notícia que a dona de um salão de beleza, no Reino Unido, escreveu no Facebook do seu estabelecimento: "O Blinks of Bicester não está mais aceitando reservas de pessoas de fé islâmica, seja com o passaporte concedido pelo Reino Unido ou não. [...] Desculpe, mas é hora de colocar meu país em primeiro lugar".
   A moça foi presa, talvez sob a acusação de incitar o ódio interreligioso - isto não é informado na matéria.
   Minha preocupação é que não se trata de um neonazista, ou de um membro da ultradireita, mas sim de uma pessoa comum, que, como qualquer outra, se sente ameaçada por um grupo que tem uma "cara", a de um "muçulmano". Não são todos os muçulmanos que aderem ao perfil de homens bomba, mas todos os com perfil de homem bomba são muçulmanos - pelo menos nesse momento da história. Portanto, não se pode negar a lógica do pensamento da moça.
   É óbvio que uma análise mais profunda vai demonstrar que muitos dos que aderem a essa causa já estavam em crise social antes. E, muito provavelmente, foi justamente por isso que toparam as missões suicidas e os homicídios contra aqueles que são "maus", por não lhes darem o direito de viver como iguais na sociedade em que estão. Mas esses desdobramentos alcançados pelos estudos sociológicos não habitam a cabeça das pessoas com medo ou das que são a massa de uma sociedade.

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