sexta-feira, 20 de novembro de 2015

"Poesia, por que não?", de Marcio Tavares D'Amaral


   O texto a que o título do post faz referência foi publicado no jornal O Globo do dia 14 de novembro de 2015. 
   
   Como se trata de matéria com direitos autorais, não gostaria de desrespeitar o aviso de que é proibida sua divulgação sem autorização. Contudo, para incentivar a leitura do texto, gostaria de registrar algumas de suas passagens.
   Por exemplo:
"Se há pergunta estúpida é para que serve a poesia. Na pergunta já está o decreto da inutilidade das coisas escritas quando não vão números no meio. Ou figuras. Poesia? Poesia numa hora dessas? Pois sim, claro. Essa é que é a hora. Quando está escuro. Porque se não temos luz para ver, e uma cegueira branca nos atordoa, é a voz do poeta que estraçalha a noite. Ela e a música.

[...] Então, é assim: quando faz escuro, é preciso cantar. E acordar a cidade. Quando Roma foi atacada no século IV a. C., os gansos do monte Capitolino grasnaram até que os romanos acordassem e pusessem os invasores para correr. Nós somos os gansos do Capitólio. E tem muita gente que precisa ser posta para correr. Os que não amam, e não lhes basta não amar, o que seria um sofrimento só seu: querem contaminar o mundo com sua incapacidade de ternura. São perigosos. Inimigos da vida. Grasnar contra eles é como rir na cara do desamor.

[...] Que a poesia não servisse para nada seria o sonho dos donos do mundo, dos cogumelos que contam seus metais e explodem sobre cidades. A malícia dos poetas é deixá-los pensar que é assim. Quando acordarem, um dia, a poesia estará nos top trends das redes, nos outdoors, interrompendo a programação das rádios e televisões. Revolução é isso. E que revolução! Essa em que a beleza, irmã gêmea da verdade, abolirá a noite, que doravante servirá apenas para dormir e sonhar. E decretará o sol."

   Muito bom. Vale a pena ler por inteiro!

2 comentários:

Clara Maria disse...

Não é propriamente para comentar o post mas, como não posso escrever posts uma vez que o blog é seu porém, gostaria de lembrar o homem que dá nome a este blog: Bento, Baruch ou Benedito, Spinoza ou Espinosa. Este grande homem apagaria as velas neste dia , muitooooooooooo frio aqui em Portugal e penso que quentinho por aí.
Mas será que o senhor Ricardo esqueceu? Não acredito, penso que ainda esta no rescaldo da comemoração do seu aniversário. Ops!! O senhor Ricardo também fez anos mas...dia 21. Então que tal dar os parabéns aos 2? Aqui fica um abraço para o Ricardo, em Niteroi e um outro para Haia, ou para o outro mundo onde Espinosa se encontra.

Ricardo disse...

Querida amiga:
Não poderia esquecer o aniversário do nosso tão querido Spinoza. No dia 24, pensei em registrar isso especificamente, mas... como já tinha escrito um post, logo no começo de novembro, tratando das várias datas comemorativas do mês - inclusive, coloquei meu aniversário também. Rsss -, achei que seria muito repetitivo.
De todo modo, muito obrigado pela lembrança dupla, e pelos "Parabéns" enviados.
Grande abraço,
Ricardo.