quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ainda na linha pessoana

O texto que eu citei no último post, analisava o lançamento de um livro "Fernando Pessoa - o poeta fingidor". E mais, o tal livro vinha acompanhado de um DVD comemorando os 120 anos do nascimento de Pessoa, produzido em 2008.
Não foi fácil achar o livro, mas na terça consegui adquiri-lo. Apesar de pequeno, é muito bem produzido. Há reprodução de fotos e de escritos originais de Pessoa, além de algumas poesias dos diversos heterônimos, em papel de ótima qualidade.
O DVD, que eu ainda não vi, é um documentário apresentado pela Globo News em 2008. O poeta e jornalista Claufe Rodrigues, que ajudou a produzir o documentário, escreve no prefácio do livro que havia feito uma pesquisa independente em 2000, e, por isso, achou que não haveria muito a ser acrescentado nesse trabalho. Entretanto, indo a Portugal, descobriu que muita informação nova havia sido produzida sobre Pessoa, tendo esse material sido incluído no vídeo produzido.
Entre os poemas apresentados não poderia deixar de estar "O guardador de rebanhos", do Alberto Caeiro; e eu - que sou um amante da Metafísica - leio: "Há metafísica bastante em não pensar em nada/O que penso eu do mundo?/Sei lá o que penso eu do mundo!/Se eu adoecesse pensaria nisso."... ou seja, o Pessoa me chamou de "doente". Mas como é o Pessoa, eu deixo. Rssss.
Para fechar... "Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?" (de "Tabacaria").

2 comentários:

Maria disse...

Senhor Ricardo!!!
O senhor tem caprichado nos últimos posts, hein?!
Logicamente que brinco, mas realmente eles me têm agradado muito. Não, não falo apenas de Pessoa, mas sim do Spinoza ,de Nietzsche ( começo a gostar desse barbudo aí) e de Heidegger (desse não tanto, que me desculpe o Júlio).
Quanto a Pessoa não sabia que eram tantos heterónimos assim. Apenas conheço os mais importantes… e alguns que todo o mundo conhece.
Sabia que o espólio de Pessoa é enorme e que ainda está em estudo, o que me agrada imenso.
Este ano no exame do 12º ano (penso que corresponde ao vosso vestibular…o ano antes de entrarem para a faculdade) saíu Pessoa ortónimo- “Liberdade”
A Sara , neste próximo ano lectivo, vai ter que estudar Pessoa e eu já esfrego as mãos de contente por antecipação. Vou ter que comprar livros de análise de Pessoa… Vou ter uma desculpa óptima para adquirir tudo o que encontrar…rs
O senhor citou a “Tabacaria”…é meu poema preferido, aliás Álvaro de Campos é meu heterónimo predilecto. Quando me sinto em baixo, agarro nele e leio-o. Há já algum tempo que não o leio…é bom sinal…rs
Há uma parte dessa poesia que citou que se aproxima do pensamento de Spinoza, ou não?
“Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.”
Que lindo é esse poema, não?


O que não me agradou nada foi saber que a Sara tb tem que ler Saramago . Há um livro obrigatório “ Memorial de Convento”. Sinto-me na obrigação de o ler com ela, porque se ela já não gosta de Saramago a mim mo deve, porque sp me ouviu a resmungar qd falam dele na TV e infelizmente assistiu comigo àquele teatro que lhe falei sobre ele e ia igualmente morrendo de Temos uma vantagem poderemos voltar ao convento…de Mafra que é lindíssimo.
Gosto sempre de acompanhar os seus estudos, por isso não deixe, nunca, de escrever. Embora esteja aqui com MUITO trabalho, não deixo de espreitar o blog e de o ler.
Ah, não se esqueça que o Guilherme faz anos um destes dias( não sei qual) uma vez que é câncer .
Abraços
Maria

Ricardo disse...

Maria:
Fiquei supersatisfeito em ler esse teu comentário. Bem sabes o quanto tua opinião tem valor para mim. Não é só por isso que fico satisfeito, mas também pelo fato de que te aproximas de Nietzsche e Spinoza - ainda mais.
Fico satisfeito por essa tua "obrigatoriedade voluntária" em retomar Pessoa, por conta dos estudos de Sarinha.
Sobre a parte de Tabacaria que descreveste, vejo, também, semelhanças com Spinoza - e, particularmente comigo. Entretanto, não podemos deixar de perceber a sutileza spinozana de que o Deus dele não é só essa natureza "concreta" (a Natureza naturada), mas também aquela que estrutura esta, porém que é totalmente imaterial, a Natureza naturante.
De qualquer forma, além de muito bela, a exposição pessoana, numa primeira aproximação, chega perto do pensamento de Spinoza.
Sobre o Saramago. Não vejo como tu podes não gostar do homem. Mas... gosto não se discute.
Sobre o aniversário do Guilherme. Tu és sempre muito atenta. Nem lembrei disso... como é usual. Rsss. Tentarei descobrir.
Mais uma vez agradeço por acompanhares o blog constantemente... ainda mais sabendo que estás cheia de trabalho.
Obrigado, então.