terça-feira, 23 de junho de 2009

Quando Pessoa assina Pessoa

O título do post se refere a uma matéria do Jornal do Brasil de 13 de junho de 2009, quando Fernando Pessoa completaria 121 anos. Registro aqui essa matéria, principalmente em homenagem a nossa amiga Maria, admiradora apaixonada de Fernando Pessoa.
O artigo não traz tantas novidades para quem acompanha o mercado literário de Portugal. Mas para nós, brasileiros, a coisa pode mudar um pouco de figura.
A primeira informação interessante é que a arca de originais de Pessoa foi vasculhada pela pesquisadora Teresa Rita Lopes, revelando MAIS DE SETENTA heterônimos... Caracas!!!! Setenta!!! A pesquisadora é autora de "Pessoa por conhecer", lançado em 1990, nas terras lusas e, infelizmente, não publicado por aqui.
Mais sorte temos nós quanto ao trabalho de Manuela Parreira da Silva e equipe, que descobriram e publicaram 123 poemas inéditos de Pessoa, assinados como próprio Pessoa, referentes ao período entre 1931 e 1935... afinal, "Poesia (1931-1935)", já foi publicado aqui, pela Editora Martins Fontes.
Fecho minha homenagem a nossa amiga portuguesa com o final do artigo do jornal:
"Uma das características mais curiosas da tradição literária é, sem dúvida, sua vívida contemporaneidade. É possível mesmo afirmar que certas obras tornam-se lapidares para uma cultura, não apenas porque apreendem o espírito de seu tempo, mas porque subvertem justamente o caráter histórico que lhes contextualiza, fixando, desse modo, traços extemporâneos do humano, recorrentes em épocas entre si muito diversas. A obra de Fernando Pessoa é um magno exemplo disto. Inscrita na convulsão da modernidade literária portuguesa, sua expressividade lírica e envergadura dramática fundaram bases incontornáveis para o longo devir estético do século XX e, diga-se, para além da lusofonia. Não é de surpreender tanto, pois, que os poemas pessoanos sustentem hoje seu fôlego com a mesma vitalidade que soprava os desassossegos e as pungências dos corações humanos, décadas atrás, em tempos, como o nosso, de semelhante fragmentação subjetiva e declínio humanístico-civilizacional" - Autor: Sebastião Edson Macedo - poeta, mestre em Literatura Portuguesa e professor.
Esse "tempos, como o nosso... de declínio humanístico-civilizacional" é completamente desconfortável e verdadeiro.

Nenhum comentário: