sexta-feira, 31 de julho de 2009
Comemorando os posts
Urumqi (2)
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Agradecendo
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Herança e legado
terça-feira, 28 de julho de 2009
Um post para ontem
Uma foto fantástica
Sentindo falta...
segunda-feira, 27 de julho de 2009
A "alameda dos castanheiros"
domingo, 26 de julho de 2009
Filósofos "mortos"
sábado, 25 de julho de 2009
DVD com Paulo Ghiraldelli Jr.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Agradecendo ao Guilherme
"O passeio do cético"
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Paranormalidade
A paranormalidade é algo que me causa muita curiosidade. Ao mesmo tempo em que percebo que há muita "pilantragem" nessa área, reconheço que há estórias que são difíceis de explicar - seja de curas, seja de premonições, etc.
Para aguçar ainda mais minha curiosidade, há algum tempo, a TV Globo mostrou uma matéria em que um repórter movia uma bolinha com o "poder da mente". A coisa não era muito bem explicada, além de mostrar que existia um "capacete" cheio de fios, colocado pelo sujeito e que, concentrando-se numa bolinha, ela "flutuava", impulsionada pelo fluxo de ar de um ventilador. O repórter explicava que, se a "concentração" diminuísse, a bolinha caía.
Mas, voltando à revista...
A matéria mostra que várias entidades utilizam serviços de paranormais - entre elas, o exército americano, departamentos de polícia e empresas privadas. Aliás, um estória muito famosa é apresentada. A de um paranormal que, inquirido sobre o que os russos construíam em um galpão, em 1977, respondeu que era um submarino. Os militares riram do sujeito, visto que o tal galpão estava a quase um quilômetro do mar. Entretanto, quatro meses depois, saía de lá, realmente, um submarino.
Depois da constatação do uso da paranormalidade no mundo "real", vem a parte que chamaria mais minha atenção: evidências científicas.
O texto afirma que os experimentos científicos sobre a paranormalidade começaram na década de 30, com o psicólogo Joseph Rhine, na Universidade Duke, nos EUA. Explicam-se alguns dos experimentos realizados, no campo das adivinhações, da telepatia e da telecinese. Aliás, neste último campo, ao contrário do que intuitivamente pensaríamos sobre um teste desse gênero, que seria o pesquisador mandar um paranormal mover objetos, o teste consistia em mudar a reflexão da luz de uma determinada superfície. O resultado foi a mudança dos 8% naturais para 8,005% - Nossa... Tudo isso?! Rsss.
Uma passagem interessante do texto é a que tenta justificar cientificamente a validade da paranormalidade. Esté escrito "Dizer que a paranormalidade está 'além da imaginação' não adianta. Metade da Física está 'além da imaginação'. A mecânica quântica, por exemplo, ensina que existem partículas capazes de ficar em dois lugares ao mesmo tempo. E não são excentricidades loucas. Você mesmo é feito dessas partículas. Em outra frente, a da Física que explica a geometria do espaço e do tempo, está provado que o tempo, da forma como o percebemos, simplesmente não existe".
Uma especialista em "Psiência" (a "Ciência dos Fenômenos Psi"), a astrofísica Elizabeth Rauscher, que já deu aulas na Universidade de Stanford, apela para o próprio Einstein. O texto indica que "se toda a história do Universo estivesse em um rolo de filme, o primeiro frame seria o momento do Big Bang; no meio estaria o nosso presente e o futuro completaria o resto do rolo. Só tem um detalhe: os frames que formariam o futuro já estão lá. Você não sabe se vai sair no fim de semana ou não? Quem pudesse olhar o Universo pelo 'lado de fora' saberia... Se os eventos do futuro já estão impressos de alguma forma, a gente não poderia ter algum sentido capaz de captar o que está por vir? É exatamente isso que Rauscher e outros entendidos em Física e chegados em parapsicologia imaginam... alguém poderia nascer com o talento de ler o que está escrito no que viria a ser o futuro".
Segundo o texto, "Enquanto Einstein fica com a explicação para as premonições, telepatia e telecinese se apoiam na mecânica quântica. Mais precisamente no fenômeno mais inexplicável desse ramo da ciência: uma espécie de telepatia entre partículas. Os físicos chamam a coisa de 'entrelaçamento quântico'. Funciona assim: os físicos pegam duas partículas fundamentais (como elétrons) e, quando mexem em uma delas, a outra se move também. Instantaneamente, sem que haja nada as unindo... É um prato cheio para os parapsicólogos. Se elétrons podem se comunicar a distância, então as partículas do nosso cérebro também poderiam interconectar-se com as do mundo exterior".
Agora, como toda boa abordagem sobre um assunto, a revista apresenta o outro lado da estória: o dos céticos.
No ponto de vista dos céticos, os mesmos dados que afirmariam a validade da paranormalidade são analisados sob nova óptica, dando margem a outras interpretações, que minimizam o apoio aos fenômenos estudados.
O "apoio" mais forte parecia vir da Física Quântica, mas o texto apresenta a opinião do neurocientista Renato Sabbatini, da Unicamp. A "Super" indica que "a teoria quântica aceita que coisas como o entrelaçãemnto só podem acontecer mesmo nesse mundo infinitesimal... Imaginar, então, que algo enorme como um cérebro conseguiria 'conectar-se' com outro por entrelaçamento não faz sentido para a ciência convencional - pelo simples motivo de que as experiências de laboratório indicam o contrário".
Quanto ao apoio da Teoria da Relatividade à premonição, o texto indica que "A relatividade mostra, de fato, que o espaço e o tempo são como um grande rolo de filme, em que o futuro já está impresso. Mas não há nada na teoria, nem fora dela, mostrando que dá para o cérebro ter acesso a regiões do espaço-tempo que não sejam o que chamamos de presente".
Entretanto, a revista é coerente ao registrar que "Nada disso significa que os pesquisadores dos fenômenos psi sejam charlatães ou burros. O ponto é que, no estágio em que a ciência está hoje, ainda não existe nada que corrobore suas teorias. E seus experimentos, que não têm nada de desonestos, precisam de resultados mais consistentes do que os que apareceram até hoje, para que a ciência convencional os leve realmente a sério. Os próprios estudiosos da paranormalidade concordam".
Eu não sou apologista de que tudo tem que ser comprovado pela ciência. Acho que há coisas, inclusive, que fogem a essa possibilidade. Entretanto, não posso deixar de negar que uma comprovação científica, em geral, diminui as possibilidades de engano. E isso tanto é verdade que várias das pessoas que creem na paranormalidade trabalham para possibilitar esse tipo de comprovação.
A revista lembra, ainda, que até hoje está "em aberto" o desafio de um milhão de dólares, feito pelo mágico James Rand para o primeiro que demonstrar poderes paranormais em seu laboratório.
Mas faltou explicar a tal bolinha flutuando com o poder da mente, apresentada pela TV Globo.
Aí vai a explicação contida na revista...
"Quando você se concentra, seu cérebro emite ondas dentro de um certo padrão, diferente do normal. Quando um sistema [de eletrodos contidos no capacete, ligado a um aparelho semelhante ao de eletroencefalograma, que "lê" as ondas cerebrais] detecta isso [esse padrão diferenciado], faz um ventilador se mover. E ele levita a bolinha". Ou seja, não é o "desejo de manter a bolinha no alto" que faz com que ela "levite". É, sim, o padrão de ondas cerebrais desenvolvido em qualquer tipo de concentração - até mesmo em um beijo na telenovela -, padrão que é lido pelo aparelho, que aciona o ventilador... como poderia acionar qualquer outro aparelho elétrico, mesmo que não ligado ao evento da bolinha flutuante.
Agora eu vou dormir mais tranquilo com a explicação da bolinha... mas, ainda, cheio de dúvidas quanto à paranormalidade!
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Urumqi
terça-feira, 21 de julho de 2009
Grata surpresa
Uma classe religiosa
segunda-feira, 20 de julho de 2009
A entrevista de Heidegger(2)
A entrevista continua com os entrevistadores abordando o afastamento de Heidegger da reitoria. Heidegger explica que, com a intenção de promover as melhorias pretendidas na universidade, propôs a nomeação de colegas jovens, eminentes em suas respectivas áreas, como decanos nas diversas faculdades, sem levar em conta a relação deles com o partido. Já no Natal de 1933, segundo ele, ficou claro que não seria possível introduzir as mudanças pretendidas na universidade, por conta da resistência tanto dos colegas mais antigos quanto do próprio partido nazista.
Heidegger diz que não participou da transmissão do cargo e que o jornal do partido anunciou a nomeação do novo reitor com a manchete "O primeiro reitor nacional-socialista da universidade".
Os entrevistadores perguntam como ficou a situação de Heidegger depois da sua renúncia.
Ele explica que passou a ser vigiado pelo partido, tendo sido informado disso, inclusive, por um aluno-espião. Além disso, narra várias retaliações sofridas, como não ser incluído na lista dos que iriam participar de dois congressos internacionais e ter vários trabalhos submetidos a uma certa dificuldade de circulação.
Entretanto, uma parte que me causou grande surpresa foi o desrespeito com que o filósofo foi tratado mais perto do fim da guerra.
Heidegger narra que "No último ano da guerra, quinhentos dos mais importantes cientistas e artistas foram dispensados de qualquer serviço militar. Eu não estava entre os dispensados. Ao contrário, fui enviado, no verão de 1944, para trabalhar nas escavações de trincheira ao norte do Reno".
E completou que "No semestre de inverno de 1944/45, depois de terminar os trabalhos de trincheira no Reno, anunciei uma preleção com o título 'Dichten und Denken', em certo sentido, uma continuação das preleções sobre Nietzsche [Nota minha: essas preleções reinterpretaram Nietzsche, afastando-o da apropriação nazista], isto é, da tomada de posição frente ao nazismo. Após a segunda aula, fui incluído na convocação geral do povo, o mais idoso de todos os membros convocados do corpo docente".
Parece ficar claro, se acreditarmos completamente no que foi dito, que Heidegger aceitou o cargo com a esperança de melhorar o ensino universitário; que acreditava - talvez ingenuamente, é certo - na possibilidade do partido nazista apoiar essa melhoria; que se desencantou com o governo nazista, ao perceber que a intenção deste não se compatibilizava com seu discurso; que ele não participou de nenhuma ação, nem tinha um ânimo antissemita; que, em função das suas posições firmes, foi prejudicado pelo partido, no que se refere à carreira acadêmica, e que foi discriminado como intelectual, sendo utilizado como mão de obra comum no esforço de guerra e, ainda uma segunda vez discriminado, quando não se levou em consideração sua idade maior neste grupo.
domingo, 19 de julho de 2009
O "virulento" Diderot
Publicado postumamente, o livro do 'padre ateu' Meslier tornou-o um dos precursores do Iluminismo. Voltaire, então com 35 anos, foi seu primeiro editor, fazendo circular por toda a França suas ideias subversivas e anticatólicas numa versão reduzida, 'Extrait des sentiments de Jean Meslier'.
Diderot, que na época tinha apenas 14 anos, mais tarde escreveria (em 'Les Éleuthéromanes') um poema em alusão direta à frase mais violenta e mais conhecida do 'pai do ateísmo': 'E suas mãos arrancarão as entranhas do padre / na falta de uma corda para estrangular os reis'. ('Et ses mains ourdiraient les entrailles du prêtre / Au défaut d'un cordon pour étrangler les rois.') Violento sem dúvida, eventualmente visionário, mas sem a menção aos 'últimos' e menos ainda à necessidade de mortes para a redenção dos sobreviventes.
Foi Jean-François de la Harpe, que só iria nascer em 1739, 12 anos após a morte de Meslier, o responsável pela confusão em torno da autoria da frase. La Harpe, um pós-iluminista que, ao contrário de Voltaire e Diderot, viveu para presenciar a Revolução de 1789 e o terror jacobino, tornou-se no final da vida um reacionário defensor da monarquia.
Em seu 'Cours de Littérature Ancienne et Moderne' (1799), La Harpe alterou os versos de Diderot, citando-os assim: 'E com as tripas do último padre / estrangulemos o pescoço do último rei.' ('Et des boyaux du dernier prêtre / Serrons le cou du dernier roi.') Engano histórico? Talvez. Mas não me parece tendencioso ver aí uma deliberada intenção de acusar os iluministas (e por extensão os intelectuais, as idéias) pelos rumos violentos da História.
Seja como for, a frase seguiu seu rumo, às vezes usada para justificar assassinatos, outras para exprimir ódios mortais ou simples revoltas, às vezes apenas para atribuir culpas.
Uma das muitas e criativas pixações de maio de 1968 em Paris propunha uma variação interessente para o desejo de Meslier: 'E depois de estrangular o último burocrata nas tripas do último sociólogo, ainda teremos problemas?'('Lorsque nous aurons étranglé le dernier bureaucrate avec les tripes du dernier sociologue, aurons-nous encore des problèmes?').
Quanto aos iluministas, eu prefiro ficar com outra frase de Voltaire, sem tripas, sem enforcamentos, sem mísseis: 'Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo.' É só estar preparado para ouvir (e ler) muita bobagem".