quarta-feira, 8 de julho de 2009

QI vs. ateísmo

Aqui no Estado do Rio de Janeiro, há uma tradicional feira de livros internacional que ocorre em Paraty - a FLIP. Como ocorre nesse tipo de evento, autores do mundo inteiro se reúnem em debates e lançam seus últimos livros.
Na FLIP desse ano, estamos recebendo Richard Dawkins - autor de "Deus, um delírio" -, que lança um livro mais "científico" do que "antirreligioso".
Fato é que, deu no jornal que "a tarde de quinta-feira começou com o tradicional almoço no casarão do príncipe Dom João de Orleans e Bragança. Católico fervoroso, ele conversou longamente com o escritor Richard Dawkins, que é ateu". Perguntado sobre a curiosa conversa, o príncipe - meio anacrônico isso, não é, pessoal? - disse: "Adoro conversar com ateus, são inteligentes".
Ainda bem que o príncipe "católico fervoroso" reconhece os dotes intelectuais de nosso grupo ateu. Mas, ficou uma vontade de perguntar: "Por quê? Os crentes não são?". Rsss.
Agora, só para provocar meus amigos...
Em setembro de 2008, foi publicado um artigo na revista acadêmica britânica "Intelligence" defendendo a tese de que pessoas com QI mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas, de autoria do professor de Psicologia Richard Lynn, da Universidade do Ulster, Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg e John Harvey.
A pesquisa é uma compilação de dados de duas pesquisas feitas anteriormente.
Obviamente, não acredito que essa relação seja tão direta assim. O professor de Psicologia Andy Wells, por exemplo, lança dúvidas sobre o estudo, dizendo que vários estudos já demonstraram que pessoas com níveis de QI altos tendem a ter níveis de educação mais altos e é mais provável, por isso, que tenham acesso a teorias alternativas de criação do mundo, por exemplo. Isso sim, levá-las-ia a questionar as crenças estabelecidas e juntar-se à legião de ateus. Ou seja, seria um maior nível de informação, mais do que de QI, que motivaria o ateísmo.
Brincadeiras à parte... só estou registrando as palavras do príncipe e do pesquisador. Rssss.

6 comentários:

Prof. Guilherme Fauque disse...

Belo registro! Gostei muito, principalmente pelo "anacrônico príncipe" - rsrsrsrsr.

Mas, para registrar, não sou ateu... sou um apaixonado por Deus!!! Só que pelo Deus sive natura ;). O outro, lá de cima, aquele do trono, anjos etc... Espinosa já tinha avisado e Nietzsche confirmado que "bateu as botas" (como dizemos aqui no Sul).

Ricardo disse...

Guilherme:
Sinceramente, acho que os ateus mais radicais também se considerariam "teístas" se falássemos do "Deus imanente" de Spinoza a eles.
O fato é que esse "Deus imanente" não interessa aos crentes no "Deus de Moisés, David e Jacó" e, portanto, "tecnicamente" você seria considerado tão ateu quanto o nosso, "inebriado de Deus", Spinoza.

Ricardo disse...

Aliás... "Deus de Abraão, Isaac e Jacó"... não foi assim que Pascal escreveu?

Prof. Guilherme Fauque disse...

rsrsrsrsrsr

Isto mesmo, é o Deus judaico-cristão. Aliás, de origem eu sou judeu, mas não praticante.

Mas falando em Deus ainda, muito antes de conhecer Spinoza eu já pensava em "Deus" desta forma. Nunca aceitei este Deus judaico-cristão. Certa vez (não vou ser específico) tive uns colegas que eram seminaristas e que me escreveram anonimamente me destratando e dizendo que estas minhas ideias eram perigosas... putz. Tu não imagina quando descobri Spinoza! Fiquei feliz da vida em ter respaldo filosófico - rsrsrsrsrsrsrs

Talvez eu seja um ateu "inrustido"... mas ainda não consigo conceber um efeito sem causa, embora não aceite de forma alguma uma causa transcendental.

Mas se pensarmos na relação cristã e judaica... sou ateu realmente.

Júlio disse...

Guilherme, vou me meter nesse papo. Eu não sou nem ateu nem crente. Estou mais pra agnóstico.
Mas eu vou mais longe que o Ricardo. Se vc não acredita exatamente no Deus judaico-cristão, vc é um ateu. Se um padre encontra um crente super-fiel ao seu deus Zeus (ou qualquer deus desses que os homens inventaram), apesar de 'crente em deus' esse homem será chamado de 'ateu'. Ou seja, ser ateu é um título que cabe a qq um que não participa dessa idéia do 'Deus bíblico'.
Vc vê que até o Aristóteles, que foi usado e abusado pelo São Tomás e pela Escolástica, é 'tecnicamente' ateu (gostei dessa expressão do RicardO). É só lembrar que o motor imóvel dele não tem vontade nenhuma. Logo, poderia ser Deus, mas 'tecnicamente' (será que ando exagerando?) não é, pra igreja.
Mas esse assunto é pra quem gosta de metafísica. Vou ficando só com meu existencialismo mesmo.
SDS

Júlio disse...

Ricardo, se ficar provado que os ateus são mais inteligentes mesmo, vou virar ateu pra conseguir emprego mais fácil. Vai ser só dizer 'Me contrata aí, sou mais inteligente que o católico ali, que aquele muçulmano lá e que aqule outro judeu do lado dele'. Será que vai dar certo?
SDS