quinta-feira, 2 de julho de 2009

Königsberg

Sempre que lemos sobre Kant, aparece o dado biográfico de que ele nasceu "na pequena Königsberg" e que de lá não teria saído durante toda a sua vida.
Além de Kant, a cidade de Königsberg teve outro filho ilustre, a pensadora Hannah Arendt.
Mas, se Kant era prussiano e Hannah alemã, essa é uma cidade da Alemanha? Normalmente, a continuação dos dados biográficos de Kant responde a essa pergunta, informando-nos que atualmente a cidade se chama "Kaliningrado" e que pertence à Rússia. Por vezes, acrescenta-se que a atual Kaliningrado fica perto de Gdansk.
Peraí!? Alemanha, Polônia e Rússia... que confusão é essa?
A verdade é que Königsberg - "montanha do rei", em alemão - é um território que fica entre a Polônia e a Lituânia, tendo saída para o Mar Báltico. Esse território pertenceu à Polônia até 1656. Na época de Kant, era a capital da Prússia Oriental. Quando da unificação da Alemanha, no século XIX, integrou-se a esse país. Após a Segunda Guerra Mundial, foi anexada à URSS e rebatizada como Kaliningrado. Curiosamente, entretanto, não tem ligação direta com a própria Rússia, a quem pertence atualmente.
Mas por que falar tanto de Königsberg? Especialmente para colocar em questão algo que a maioria dos textos sobre Kant não diz: a "pequena Königsberg" não era um local onde se levasse uma vida provinciana. Esse post já disse por quê. Königsberg era, simplesmente, a capital da Prússia Oriental... e a Prússia era o maior estado do que viria a ser o Império Alemão. Aliás, a Prússia saiu das guerras napoleônicas como potência hegemônica do que seria a Alemanha.
Ou seja, indicar que é um fato curioso alguém, mesmo nunca tendo saído de sua "pequena" cidade natal, ser um homem de tamanha envergadura quanto foi Kant, pode ser facilmente explicado pelo fato de que essa "pequena cidade" era um grande centro de cultura. Mal comparando, seria como, hoje, surpreender-se com um grande pensador francês que nunca tivesse saído de sua "pequena" cidade natal Paris. Ora, Paris repercute os grandes pensamentos do mundo todo. Então, seria possível - embora não fosse ideal - um grande pensador "enclausurado" em sua "pequena" Paris produzir façanhas intelectuais para o resto do mundo. E o mesmo se deu com nosso querido Kant.
Fiz justiça com a pequena/grande Königsberg!

3 comentários:

Prof. Guilherme Fauque disse...

Qual o teu e-mail? As vezes quero te escrever algo para trocarmos ideias mas não sei por onde fazer...

Coloquei um link para o teu blog lá no meu e assim tenho visto sempre que tem atualizações aqui, desta forma posso acompanhar melhor. Tenho gostado muito de acompanhar.

Abraços

Ricardo disse...

Guilherme:
Também tenho acompanhado o seu blog. Aliás, mais do que acompanhado, arrisco alguns comentários... como você já deve ter percebido.
Conforme você mesmo escreveu, é gostoso ver comentários sobre o que pensamos... mesmo que sejam discordâncias ou correções. Só se faz filosofia através de encontros... eu diria até que só se vive através de encontros. Quão pobre seria uma vida vivida a sós!?
Interessante, aliás, é perceber que Kant e Spinoza, dois conhecidos "solitários" da Filosofia, na verdade estavam sempre cercados de amigos, trocando ideias, senão sobre Filosofia, sobre o mundo de um modo geral.
Anote meu e-mail, e escreva à vontade. Lá vai: riclavello@globo.com

Prof. Guilherme Fauque disse...

Está anotado.

Aliás, tua fala me lembrou saudosamente o Raul Seixas quando ele disse, em uma de suas músicas, que "sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto é realidade!"

Até mais