sexta-feira, 24 de julho de 2009

"O passeio do cético"

Esse é o nome do livro que estou lendo, com mais dedicação, no momento. O autor, para quem não lembra, é justamente uma das figuras que têm aparecido no blog: Denis Diderot.
Como outros filósofos franceses - Voltaire e Sartre, por exemplo -, Diderot escreve fantasticamente. As metáforas são de um brilhantismo poucas vezes vistas por mim.
Maria das Graças de Souza, que faz a apresentação do livro, indica que este "é constituído por três discursos, que correspondem à descrição de três caminhos distintos pelos quais os homens costumam caminhar em suas vidas, que remetem à concepção de Deus e da natureza e a questões morais... A 'alameda dos espinhos' é a dos devotos, que se caracterizam sobretudo pela fé cega e com a preocupação com o pecado... São intolerantes... atacando os que não pensam como eles... dando a Diderot oportunidade de exercitar todo o arsenal deísta contra o fanatismo cristão. Algumas passagens certamente seriam assinadas por Voltaire. Na 'alameda das flores', a vida é organizada tendo em vista o prazer... A 'alameda dos castanheiros' é a dos filósofos".
Por enquanto, estou concluindo a leitura sobre o primeiro caminho, a "alameda dos espinhos". Diderot metaforicamente explica que os que viajam através dessa alameda têm vendas nos olhos (alusão à "fé cega", que dispensa totalmente o contato com o mundo) e uma roupa branca (que corresponde à "limpeza da alma"). Existe um "exército" que cuida para que os viajantes não tirem suas vendas e criam regras para que eles não sujem suas roupas. O "exército" em questão é o de monges (papa, bispos e padres). Alguns deles, apesar de preocupados em manter as vendas dos viajantes, visitam, às escondidas, a "alameda das flores" (o lugar dos prazeres). Outra metáfora inteligentíssima é que os membros do "exército" vendem "sabão" para limpar as vestes brancas dos viajantes.
Apesar de tudo o que contei, o mais interessante é que Diderot "re-narra" algumas passagens do Antigo e do Novo Testamento, à sua maneira, utilizando metáforas sempre inteligentes.
Sinceramente, é um dos livros mais interessantes e mais gostosos que já li. Isso prova que uma obra prima não tem idade.
Depois colocarei mais posts sobre o livro.

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