segunda-feira, 27 de julho de 2009

A "alameda dos castanheiros"

Conforme eu já havia contado, a tal "Alameda dos castanheiros" do livro "O passeio do cético", de Denis Diderot, correspondia à via dos filósofos.
A esta altura, estou na parte do livro que descreve essa via. Diderot, no momento em que lista os "bandos" que povoam esta alameda, escreve: "Um quarto bando dir-te-á que a alameda foi construída sobre as costas do monarca [que corresponde a Deus]... Tira-se proveito de algumas expressões equívocas para insinuar que o príncipe faz parte do mundo visível; que ele e o universo são apenas uma e mesma coisa e que nós mesmos somos parte de seu vasto corpo. O chefe desses visionários foi uma espécie de guerreiro que fez incursões frequentes e sempre causou alvoroço na alameda dos espinhos".
Na verdade, esse "bando" é o dos panteístas. E o líder dos panteístas, segundo a nota da edição francesa - Editora Hermann, é justamente o "nosso" Spinoza.
Como eu já havia destacado antes, que a força das metáforas de Diderot é muito grande. Entre essas metáforas, está a da "alameda construída sobre as costas do monarca" e a de Spinoza como um "guerreiro que fez incursões frequentes e sempre causou alvoroço na alameda dos espinhos" (dos devotos). E, além disso, a feliz aproximação entre a ideia spinozana de "Deus sive Natura" e a de que "ele [Deus] e o universo são apenas uma e mesma coisa". Ou seja, em um único parágrafo Diderot nos deu um "ultraminiresumo" do pensamento spinozano.
Lembremos, realmente, que Spinoza "causou alvoroço" entre os devotos, sendo motivo de perseguição pelos judeus. Talvez, posteriormente, a perseguição maior tenha sido pelas opiniões políticas, mas restava sempre o "incômodo" da posição antissupersticiosa de Spinoza.

6 comentários:

Paulo Zaccur disse...

"Permita que a justiça seja feita mesmo que os céus caiam."

Faço uso, dessa máxima Romana, como reflexão para algo que merece e muito ser ressaltado.
Ontem, domingo, 26 de Julho, a seleção masculina de Vôlei conquistou pela 8º vez a Liga mundial.
Mais do que um novo triunfo desse fantástico e renovado time liderado por Bernardinho, além de 2olimpíadas, 2 mundiais, várias copas do mundo (Tókio) e tantos outros torneios, essa conquista denota uma invocação ao mérito e a tudo onde se busca excelência.
O Vôlei é o Brasil que dá certo, é exemplo raro, especialíssimo, de um caminho diametralmente oposto a tantos deslizes, vergonhas, futilidades e decepções de uma gama de setores deste país.
Instituições enferrujadas, empresas em desordens, politicagens e todos os segmentos sustentados por uma meritocracia discutível, deveriam olhar e repercutir sobre isso.
Na nação do futebol, é o Vôlei que dá aula, há muito tempo. Um esporte que é impossível não se orgulhar, impraticável não se emocionar. Há tempos que é a melhor estrutura desportiva, a mais organizada, eficiente e consequentemente, vitoriosa.
O Brasil lidera o ranking mundial adulto no masculino e no feminino, está entre os melhores no mundial juvenil e infantil, tendo conquistado, com exceção do mundial feminino deste ano (que ficou em 3º) todos os mais recentes campeonatos das categorias de base. Saquarema é hoje referência de centro de treinamento para o mundo e as ligas nacionais estão tão fortes, que os jogadores e jogadoras estão retornando. A seleção feminina depois amargar tantos vices, é a atual campeã olímpica e detém sete títulos do Grand Prix! sem contar com a praia, onde estamos sempre pontuando e vencendo diversos circuitos.
Não há, hoje, qualquer esporte no país que tente chegar próximo do Vôlei, a CBV realiza um trabalho minucioso, sério, planejado, de construção, desenvolvimento e consolidação, que não é por acaso que coleciona êxito em quase todas as competições.
Parabéns é pouco. Na verdade é questão de justiça. Vivemos dando importância demais ao falido futebol, de cartolagens e cenários arcaicos, jogos enfadonhos e calendário sucateado.
Enquanto isso, um jogaço, maravilhoso, espetacular, ontem em Belgrado, frente a fortíssima seleção da Sérvia, num ginásio lotado, com arbitragem confusa, fiscais de linhas mal intencionados, contra tudo, num 3x2memorável, o Brasil ergue mais um troféu, ah! Vôlei sensacional!
E ficamos “enchendo a bola” do futebol...brincadeira!
Vôlei do Brasil, meus cumprimentos, minha admiração, meu reconhecimento como o verdadeiro esporte nº1 e um retrato de algo que funciona, de altíssimo nível, copiado e enaltecido por todo o mundo. Justiça seja feita.

Deia Mundy disse...

Pegando carona neste post do Paulo, é importante destacar sim o trabalho de Bernadinho e comissao técnica e o excelente nível dos jogadores do Brasil, tanto no masculino como no feminino em todas as categorias existentes, mas Ary Graça que é o dirigente atual é contestado e atacado pelo Carlos Nuzmam que foi um dos pilares do crescimento do Volei no Brasil, o problema é que não posso afirmar sobre Ary pois deconheço algo de podre em sua gestão, Mas Nuzmam depois que chegou ao poder no COB , vive cercado por denuncias de sumiço de verbas e enriquecimento ilicito, o Volei dá certo de fato, é excelencia,mas me parece que os Dirigentes sao em muito parecidos com os do futebol, chegados a uma corrupção, ou seja o esporte alcança resultados excelentes , mas fora das quadras o Quadro diretivo é semelhante ao do Futebol, onde dirigentes se perpetuam no poder e sao chegados a uma mamata, ou seja tinha que ter algo do Brasil que a gente defenestra que é a corrupção, de resto somente hei de concordar o Volei hoje tem resultados mais expressivos a nível mundial, e merece lugar de destaque.

Ricardo disse...

Querido Paulão:
Poucas vezes o senti tão emocionado com algo. Há muito, já não vejo seu coração pulsar pelo nosso Fluminense... mas o time não dá motivos para isso. Mas, mesmo assim, ainda que fora do âmbito esportivo, há muito que não vejo tanta empolgação.
Mas a verdade é que você está coberto de razão. Hoje mesmo, eu conversava com sua comadre que o Bernardinho foi, em determinada época, sondado para assumir o departamento de futebol do Botafogo e... obviamente rejeitou a proposta.
O futebol vive de "falsários"... em ambos os lados - no dos diretores e no dos jogadores. Nem preciso lembrar-lhe o Vampeta, que disse certa ocasião "Eles fingem que nos pagam e nós fingimos que jogamos".
Salários absurdos com rendas pífias. Jogadores muito aquém do que vimos no passado, com uma fama muito maior. Só rindo...
Enquanto isso... no vôlei, uma estrutura séria, com treinos e jogos seguidos; com disposição e entrega dos jogadores; com análise profissional dos dirigentes; etc. e tal.
Pudéssemos nós ter "políticos" à moda do vôlei, e o Brasil estaria salvo. Afinal, se o exemplo e a vontade viesse de cima, seria difícil segurar a mudança - para melhor - do país.
Valeu pelo comentário, irmão!

Ricardo disse...

Deia:
Inicialmente, quero fugir ao assunto "vôlei brasileiro", para falar do comentário da minha filha no seu blog.
Ela fez tudo espontaneamente. Queria elogiar as suas criações e, depois, registrar suas qualidades como mãe e profissional. E eu nem sabia que ela estava tão atenta a isso. Pensei que se limitaria a escrever algo como "Que roupas legais". Mas, não! Ela fez um registro bem legal.
Sobre o seu comentário... acho que a "corrupção" é mais uma das "instituições culturais" do nosso Brasilzão... tão bom que, mesmo assim, consegue ir em frente.
Eu só acho que quanto menos corruptos tivermos num determinado "processo", menos problemas teremos. No caso do vôlei, há o Nuzmann e quase mais ninguém. Diminuindo o número de "poderosos", fica-se com um número menor de donos de "valorosas ideias" e "horrorosas execuções práticas".
Apesar de tudo... e sabendo tão pouco sobre o dirigente Ary Graça, prefiro só vibrar com o time e com Bernardinho.
Valeu, Brasil!

Deia Mundy disse...

Queridos Paulo e Ricardo,
antes de tudo quero esclarecer que a "Deia Mundy" acima não sou sou exatamente, como explicar que sou sem ser hehehehe

Pelo que identifico e acredito que seja realmente isso, meu nick ficou gravado no arquivo de senhas do computador e meu querido marido Luiz Fernando foi escrever um comentário e nem percebeu que estava com esse erro.

Uma grande confussão.

Eu a verdadeira Deia Mundy. :-)

Ricardo disse...

Deia:
Bem que eu achei que você estava muito conhecedora dos meandros da política esportiva no Brasil.
Mas, sei lá, você poderia ser uma aficcionada pelo vôlei sem que eu soubesse disso.
De qualquer forma, obrigado pelo comentário (de ambas as "Deias"). Rssss