terça-feira, 11 de julho de 2017

Ainda a Bioética


   No dia 09 deste mês, Hélio Schwartsman escreveu o texto "Desolação", em que tratava do tema Bioética, através do caso do bebê Charlie Gard.
   Para quem não lembra, Charlie tem onze meses e está internado num hospital inglês, com uma doença rara. Os médicos acharam que prolongar a vida do bebê artificialmente não valia mais à pena, mas os pais não concordaram. O caso foi parar na Justiça, que determinou o desligamento dos aparelhos. Contudo, os pais insistem em levar a criança para o exterior e tentar um tratamento experimental. Impasse...
    Schwartsman começa por dizer algo interessante: "A bioética [...] é a mais depressiva das especialidades filosóficas. Seus manuais são uma coleção de situações médicas trágicas que geram dilemas sem solução".
   Prossegue, avaliando que "Os médicos e as cortes estão certos ao definir que esforços terapêuticos precisam parar em algum ponto. Não dá para insistir em tratamentos fúteis. Por cruel que seja dizê-lo, é preciso pensar também em custos".
   Parece que o caso nem envolve custos para o governo inglês, visto que os pais arcariam com os custos do transporte do menino. Mas, segundo matéria do jornal O Globo: "Nesse caso, a Justiça baseia sua decisão, diz o NHS [Sistema de Saúde Público Inglês], no que é melhor para Charlie. Por isso, mesmo que os pais queiram custear a viagem aos Estados Unidos com o dinheiro arrecado, eles não têm autonomia para isso, uma vez que a Justiça determinou que o tratamento não trará benefícios ao bebê".
   Se não existe custo para o Estado e os pais desejam realizar o tratamento em outro local, onde ele é possível, concordo com a avaliação de Schwarstan, quando este comenta: "Se existe um princípio heurístico na sempre triste bioética, é o de que o respeito à autonomia do paciente e seus familiares é quase sempre a resposta menos ruim".
      

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