Vladimir Safatle, colunista da Folha de S. Paulo, escreveu o artigo "Existem realmente paixões tristes?", em 23/06/17. O título logo chamou minha atenção, por lembrar a teoria dos afetos de Spinoza. Mas não achei que se tratasse desse assunto. Só que era!?!? Legal!
Vamos, então, ao que o filósofo Safatle escreveu.
Diz ele que algumas dicotomias atravessam o tempo, sendo uma destas a que diz respeito às paixões tristes e paixões alegres, do filósofo holandês.
Tecnicamente, há um pequeno problema no texto, quando Safatle fala de a liberdade estar ligada "à força afirmativa das paixões alegres" - já que sabemos que são os afetos ativos, e não os passivos (paixões), que garantiriam a liberdade. Mas isto é plenamente desculpável, pois, como indica o próprio Safatle, ele não quer "fazer o exercício infame e sem sentido de discutir a teoria spinozista dos afetos e sua bela complexidade em uma coluna de jornal". Basta, para uma aproximação geral, dizer que por "paixões tristes e alegres", Safatle entende "tristeza e alegria".
Safatle indica que "gostaria de sublinhar inicialmente a importância desse entendimento de que a capacidade crítica está ligada diretamente a uma compreensão dos afetos e de seus circuitos".
Considerando apenas aquela ideia geral de "tristeza e alegria", que coloquei, Safatle explica que "paixões tristes diminuem nossa potência de agir, [e] paixões alegres aumentam nossa potência de agir e nossa força para existir".
Em sua análise, Safatle explica que, com a tentativa de negar a existência dicotômica das paixões, o homem acaba por esperar emudecer as paixões tristes, numa "luta desesperada em apegar-se compulsivamente a uma afirmação cristalina e sem sombras".
O caminho que Safatle percorre, dizendo que esta luta "corre o risco de acabar por alimentar a visão capitalista da felicidade como conformação estoica ao que acontece", não me parece o melhor. A filosofia estoica propõe algo mais profundo do que a simples "conformação ao que acontece", embora haja uma dimensão de reconhecimento do sábio quanto à imutabilidade de certas situações. Mas há um exercício ativo constante para a conquista da sabedoria e da felicidade.
Eu diria que valeu à pena ver Spinoza frequentar a Folha de S. Paulo, mas que o desdobramento de seu pensamento ficou um pouco "truncado".
Vamos, então, ao que o filósofo Safatle escreveu.
Diz ele que algumas dicotomias atravessam o tempo, sendo uma destas a que diz respeito às paixões tristes e paixões alegres, do filósofo holandês.
Tecnicamente, há um pequeno problema no texto, quando Safatle fala de a liberdade estar ligada "à força afirmativa das paixões alegres" - já que sabemos que são os afetos ativos, e não os passivos (paixões), que garantiriam a liberdade. Mas isto é plenamente desculpável, pois, como indica o próprio Safatle, ele não quer "fazer o exercício infame e sem sentido de discutir a teoria spinozista dos afetos e sua bela complexidade em uma coluna de jornal". Basta, para uma aproximação geral, dizer que por "paixões tristes e alegres", Safatle entende "tristeza e alegria".
Safatle indica que "gostaria de sublinhar inicialmente a importância desse entendimento de que a capacidade crítica está ligada diretamente a uma compreensão dos afetos e de seus circuitos".
Considerando apenas aquela ideia geral de "tristeza e alegria", que coloquei, Safatle explica que "paixões tristes diminuem nossa potência de agir, [e] paixões alegres aumentam nossa potência de agir e nossa força para existir".
Em sua análise, Safatle explica que, com a tentativa de negar a existência dicotômica das paixões, o homem acaba por esperar emudecer as paixões tristes, numa "luta desesperada em apegar-se compulsivamente a uma afirmação cristalina e sem sombras".
O caminho que Safatle percorre, dizendo que esta luta "corre o risco de acabar por alimentar a visão capitalista da felicidade como conformação estoica ao que acontece", não me parece o melhor. A filosofia estoica propõe algo mais profundo do que a simples "conformação ao que acontece", embora haja uma dimensão de reconhecimento do sábio quanto à imutabilidade de certas situações. Mas há um exercício ativo constante para a conquista da sabedoria e da felicidade.
Eu diria que valeu à pena ver Spinoza frequentar a Folha de S. Paulo, mas que o desdobramento de seu pensamento ficou um pouco "truncado".
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