quarta-feira, 26 de julho de 2017

Cartas de um antagonista


   O título do post é o mesmo do livro de Mario Sabino, um dos produtores do site O Antagonista, juntamente com Diogo Mainard.
   O livro, publicado pela Editora Record em 2016, é uma coletânea de artigos, tanto escritos quando Sabino era correspondente da revista Veja, em Paris, quanto para o site, no período entre o mês imediatamente anterior ao afastamento de Dilma até o seu impeachment. 
   São textos breves e fáceis de ler. A maioria deles com bastante conteúdo político... uns mais interessantes, outros menos.
   Antes de citar algumas passagens de que gostei, queria fazer uma correção à informação do autor, logo no começo do livro. Ele escreve que Fernando Henrique Cardoso, numa entrevista concedida a Sabino, discorreu sobre a "ética da convicção" e a "ética da responsabilidade". E emenda "FHC lançou mão desses conceitos do filósofo alemão Immanuel Kant"... Opaaa... Kant? Até onde eu sei, esses conceitos são elaborados por Max Weber. 
    Vamos lá, agora.
   "o PT tentou ulcerar a democracia para conquistar votos através da distribuição de migalhas a pobres desassistidos eternizados como pobres assistidos". Nem me refiro especificamente ao que ele diz ser a ação do PT, mas achei bem inteligente a ideia falar nesta transformação de "pobres desassistidos eternizados como pobres assistidos". 
    "a imagem do Brasil será indelevelmente a de uma república das bananas. É o que somos. [...] O Brasil é bananeiro na vulgaridade do Congresso Nacional. O Brasil é bananeiro na rapacidade de seus partidos. [...] O Brasil é bananeiro na caipirice de seus cidadãos. O Brasil é bananeiro na emotividade despudorada de lulistas e antilulistas. O Brasil é bananeiro na precariedade das suas cidades. O Brasil é bananeiro na mediocridade das suas universidades. O Brasil é bananeiro na indigência de sua cultura. Os modernistas tentaram transformar os nossos defeitos de república das bananas em qualidades maravilhosas que nos diferenciavam de todos os outros povos". Que porraaaada no nosso Brasil, hein! Pegou pesado demais! Se bem que... não há como negar que ele acerta em alguns diagnósticos. Gostei muuuuuito da questão da "emotividade despudorada de lulistas e antilulistas", que vivem se "matando" enquanto os políticos profissionais fazem teatro e só se preocupam em salvar as próprias peles.
   "a política deve entrar no rol das suas preocupações cotidianas, porque quase todas elas são... política!
      A calçada esburacada é política; a falta de iluminação é política; o rio sujo é política; a mensalidade exorbitante da escola do seu filho é política; os reajustes abusivos dos planos de saúde são política; a falta de emprego é política; a ciclovia que foi tragada por uma onda é política.
    O impeachment de Dilma Rousseff não pode ser apenas uma catarse. Tem de ser um ponto de inflexão no nosso atávico desinteresse pela política.
    Política não é o fim, mas o começo". Bela reflexão para todos nós.
   Depois escrevo mais...
    

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