Ao final do livro, há parte da correspondência de Olga. Realmente o que transparece é um profundo amor entre Olga e Prestes.
Numa das cartas, por exemplo, ela escreve ao marido:
"Querido, tua mãe me enviou tua fotografia. Agora passo muito tempo com a pequena no colo te contemplando e meus pensamentos ficam então contigo. Agora faz um ano que nos separamos. Mas, sabes, todo este tempo difícil trouxe como resultado apenas o fortalecimento de meus sentimentos em relação a ti. Vou encontrar forças para aguardar o feliz dia em que novamente estaremos juntos".
Infelizmente, para o casal, como bem sabemos, o dia do reencontro nunca chegou.
Uma outra coisa que me chamou atenção foi a intenção de Olga de participar da educação da filha, mesmo a distância. Numa carta de 1939, escrita a Prestes, ela diz:
"Mas, sabes, Carlos, tens de me ajudar com minha mãe [Olga se referia à mãe de Prestes como sua própria mãe] para que eu também tenha voz ativa sobre Anita".
E em outra, de 1940, também dirigida ao marido, escreve:
"No que se refere à sua [de Anita] educação, peço-te que tenhas voz de poder com mamãe. Nossos muitos e queridos tios e tias parecem querer compensar a falta dos pais de Anita com mimos exagerados. [...] Mas nada é mais prejudicial do que passar à criança a sensação de ser algo especial. Isso lhe tornará a vida mais difícil no futuro. [...] [N]ossa filha não deve se tornar uma bonequinha mimada!".
A opinião sobre não "passar à criança a sensação de ser algo especial" pode ser controversa para os pais mais contemporâneos... mas não me parece incorreta de todo.
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