terça-feira, 11 de agosto de 2009

Extraterrestres e Filosofia

Na última vez que encontrei meu compadre Paulo, ele revelou que sempre teve curiosidade em saber qual a minha opinião sobre a vida fora do nosso planeta.
Eu expliquei que não tenho nenhuma posição mais firme a respeito do assunto. Não acho impossível que haja seres vivos em outros lugares, visto que existem inúmeras galáxias, com diversos planetas que poderiam conter organismos vivos, mesmo que diferentes das espécies que conhecemos. Aliás, além de não achar impossível, acho até que é o mais provável. Entretanto, imagino que, sobre esse assunto, contam-se várias estórias meio inverossímeis. Da existência de vida extraterrestre até a presença de comandantes de naves intergalácticas que observam a Terra, com missões espiritualistas, por exemplo, eu acho que há uma distância muito grande... quase infinita.
O assunto saiu da minha cabeça. Entretanto, por esses dias, vi a revista “Filosofia – Ciência&Vida” desse mês, que traz como matéria de capa “Nietzsche e o jeitinho brasileiro”, tem também a matéria “A afirmação cósmica da vida”, de autoria de Alexey Dodsworth.
O texto começa por apresentar a posição de Kant que, no período pré-crítico, “numa acertada intuição, nos revelou... [que] o sistema solar é apenas um entre incontáveis outros”, e confrontá-la com a de Aristóteles. Este afirmava que não poderia haver vida além da esfera supralunar, visto que aí só haveria uma substância imutável e eterna. Desta forma, a vida, que está sempre sujeita à geração e à corrpução, não poderia existir nesse lugar.
Apesar de estar errada, a posição de Aristóteles era plenamente coerente com seu sistema. Kant, por outro lado, reconhecia que não tinha evidência alguma para suas elucubrações mentais. Todavia, na “Crítica da Razão Pura” declarou: “Não devo hesitar em arriscar toda a minha reputação na verdade da proposição – que pelo menos alguns dos planetas que vemos são habitados. Portanto, digo que tenho não meramente opinião, mas forte crença na correção daquilo em que arriscaria mesmo muitas das vantagens da vida: existem habitantes em outros mundos”.
Eu nem sabia que Kant tinha se metido num assunto desses. E, apesar de acreditar na mesma coisa que ele, não tenho o mesmo tipo de certeza, nem arriscaria as “muitas vantagens da vida” nessa mera crença.
Bom texto.

Um comentário:

Júlio disse...

Ricardo, agora eu fiquei chocado. O Kant, aquele cara todo racional, que praticamente decretou o fim da metafísica, falou com essas palavras? Vc tem certeza que ele dizer que tem 'forte crença' em habitantes de outro mundo está na Crítica da Razão Pura? Se ele estabeleceu lá justamente que só aquilo que passa pelos nossos sentidos pode ser considerado como possível de ser conhecido, agora fala sobre uma coisa que ele nunca viu e diz que tem mais que 'meramente opinião'? Esse não é o Kant que eu conheço!
Ricardo, cuidado com algumas revistinhas dessas. Elas pregam peças.
Fico esperando as respostas.
SDS.