segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um nome para este tempo

O título do post se refere a um "desafio" lançado pelo caderno Prosa&Verso, do jornal "O Globo", a seis pensadores brasileiros. A ideia era que cada um imaginasse como seria pensado o nosso tempo no futuro.
O resultado foi muito interessante... apesar das diferentes abordagens, tipos de textos apresentados e divergências de caracterização.
O texto do qual gostei mais foi "A herança das mutações", de Adauto Novaes - jornalista e filósofo.
Adauto concebe um mundo futuro veloz, volátil e virtual; habitado por transumanos, ciborgs e híbridos biônicos. Nosso tempo, para eles, é identificado como um momento que se define pela revolução tecnocientífica e de uma desqualificação do homem. Ecos de Heidegger? Certamente. Tanto é que Adauto cita o filósofo alemão, além de Paul Valéry.
Continuando...
O autor diz que "vivemos hoje um mundo cercado pelo vazio do pensamento. Devido à velocidade imposta pelos fatos técnicos, o pensamento não consegue acompanhar as transformações e tende a vir a reboque".
Adauto fecha seu texto da seguinte forma: "Nosso tempo será, pois, lembrado pelo vazio do pensamento e por sua condição humana que legou, entre tantos feitos positivos, invenções técnicas memoráveis e teorias bem acabadas, a morte de 191 milhões de vítimas diretas e indiretas da violência política apenas no século XX".
"O alvorecer do século XXI: um tempo perdido", do professor de História Contemporânea Francisco Carlos Teixeira da Silva, é apocalíptico. Mostra-nos um mundo sob as águas; com aumento de temperatura; pandemias; falta de água potável... Caracas! Um muro de contenção se estende do Leme ao Leblon e um dique foi construído na boca da Baía de Guanabara, a fim de evitar que sucumbamos diante da elevação das águas.
"Idade do Verbo", do artista plástico e escritor Nuno Ramos, conta uma breve estória. O autor e alguns amigos foram a um lugar paradisíaco. Enquanto andavam, apareceu um guia, que se ofereceu para mostrar o local. Diante da negativa do grupo, o guia reforçou a ideia de que somente ele poderia explicar-lhes "a proposta do lugar".
Nuno, então, conclui assim seu texto: "Talvez um bom nome para nossa época seja a época da cacofonia, da discursividade desenfreada (em que até cachoeiras têm proposta), agônica e cara de pau, onde tudo se diz e tudo se vende - como caixeiros viajantes habilidosos e aflitos, misturando matéria e espírito em sua mala infindável de ofertas".
Depois falo dos outros três textos.

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