domingo, 17 de maio de 2015

Boca vs. River


   Assisti ao triste espetáculo oferecido pela torcida do Boca Juniors, no último jogo contra o River Plate, pela Copa Libertadores. Com o lançamento de um spray similar ao de pimenta sobre os jogadores do River Plate, dentro do túnel de acesso ao campo, a partida teve seu recomeço adiada por quase uma hora, até que finalmente se decidiu sobre sua paralisação definitiva.
   Depois do triste espetáculo, já no dia seguinte, fiquei pensando o quanto o aspecto afetivo da nossa relação com o futebol acaba por "barbarizar" nossa participação como torcedores. Não vamos ao estádio, ou nos postamos diante da televisão, tentando simplesmente apreciar o que se passa diante de nossos olhos. Não! Nós nos colocamos apaixonadamente nesses espaços. Mas a "paixão", aqui, nos empurra de um lado para o outro, sem que pensemos exatamente no que está acontecendo. E essa agitação  de nossa alma, dos nossos estados internos se dá, infelizmente, mais usualmente para o lado "desagradável", digamos assim.
   Vejamos o que disseram especialistas no futebol - embora eu sinceramente ache que esse caso exemplar mereça a discussão por pensadores de outras áreas.
   Renato Maurício Prado, em O Globo, do dia 17/05/15, diz: "Impressiona e desanima a capacidade que o futebol tem de aglutinar imbecis e marginais [...]. [Palavras duras, mas absolutamente verdadeiras!] O problema é que os cartolas e seus tribunais, na América do Sul (Brasil aí incluído), costumam ser tão ou mais nocivos que os 'barras bravas'. E assim, a Libertadores segue ano após ano como um competição de várzea metida a besta". [Muito feliz a expressão "competição de várzea metida a besta", visto que, naquele tipo de competição, há um "vale tudo" danado].
    Fernando Calazans, no mesmo dia e mídia, diz: "[N]ão tem o menor cabimento, num MUNDO MAIS OU MENOS CIVILIZADO, a repetição dos acontecimentos de quinta-feira [...]. Se uma partida da Libertadores não pode acabar por causa de agressões a adversários como essa, melhor acabar com a própria Libertadores" (Grifo nosso). [Não chego ao que considero um exagero, acabar com a Libertadores, mas que a repetição de violências, incluindo o que vemos quando brasileiros vão jogar em outros países daqui da América Latina, é uma tristeza sem tamanho para quem gosta de futebol, e acha o mundo "mais ou menos civilizado", isso é!]
   Dois detalhes a mais: (1) os dois times eram argentinos - ou seja, não havia rivalidades internacionais envolvidas e (2) só havia uma única torcida no estádio, a do próprio Boca, para diminuir a possibilidade de confusões - Doce ilusão!

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